30 maio, 2007

para madrid

Andres Serrano, El dedo en la llaga, A History of Sex (Antonio and Ulrike), 1995
(Colecção particular, Bruxelas)

E agora? O PHOTOESPAÑA (PHE), um dos acontecimentos maiores da fotografia mundial, aproveita um número redondo - abre amanhã ao público a décima edição - para repensar as coordenadas com que, desde 1998, se tem dado a ver.
Pela primeira vez sem um conceito estruturante ou um comissário principal, o certame procura agora a postura certa em relação aos novos desafios da imagem fotográfica e das denominadas artes visuais. Para cumprir o vício aristotélico da catalogação, pode dizer-se que, há falta de um denominador comum, o PHE deste ano se joga sobretudo no campo da diversidade - de temas, de artistas, de suportes, de conceitos e até de espaços (pela primeira vez em Arles e Paris). Apesar das escolhas feitas para esta edição continuarem fiéis ao equilíbrio entre o documental e o conceptual, percebe-se que as linguagens que se centram na forte relação entre fotografia e realidade voltam a ganhar protagonismo.
O crítico espanhol Alberto Martín (Babelia, El País, 26.05.2007) nota que esta inclinação pelos grandes nomes e pelo documentalismo mais tradicional não foi, desta vez, devidamente acompanhada por apostas de vulto em artistas menos conhecidos ou propostas temáticas mais conceptuais. Falta risco, sublinha Martín que lança ainda uma dúvida: com a desculpa do décimo aniversário estamos perante uma transição, para que o festival se possa definir, ou estamos perante uma redefinição necessária, tendo em conta o programa que nos é proposto? A resposta está nas salas que acolhem este ano o PHE.
Nas exposições individuais deste ano constam nomes bem conhecidos do grande público, como Man Ray, Sebastião Salgado, Bruce Davidson ou Raymond Depardon. De Man Ray há a promessa da maior exposição jamais feita sobre o artista, com mais de 300 obras, que para além de fotografia, inclui ainda pintura e escultura. Sebastião Salgado organizou um conjunto de imagens de grande formato de África propositadamente para o PHE em torno de três grandes temas-chave: Trabalho, Migrações e Natureza. De Bruce Davidson, histórico da agência Magnum, mostra-se a vida do nova-iorquino Central Park. Raymond Depardon, o fotógrafo-cineasta, outro dos grandes nomes da mesma agência, traz uma exposição de retratos de figuras da política internacional. Para além destra mostra, a Filmoteca de Española exibe um ciclo sobre a sua obra de cinema documental. Há ainda grandes exposições individuais de Andres Serrano, Sylvia Plachy, Zhang Huan, Lynn Davis e Lourdes Grobet.
Entre os projectos colectivos, destaque para Neorrealismo. La nueva imagen de Italia, 1932-1960, a propósito de um movimento artístico que encontrou grande expressão no cinema e na literatura. As fotografias de mais de 75 artistas são acompanhadas por livros, catálogos, jornais e filmes de época. LOCAL. El fin de la globalización, questiona a ideia de aldeia global e propõe um regresso à ideia de comunidade e de território. Em Márgenes, descobrem-se realidades sociais pouco conhecidas, desde a Albânia até à Índia. Há ainda Cinco Miradas europeas. Fotografia española e hispanoamericana e Fotógrafos insospechados. Celebridades detrás del objecivo, com fotografias captadas por algumas celebridades bem conhecidas como Lou Reed, Pedro Almodóvar ou Patti Smith.
Para além de Madrid, o PHE alarga-se este ano a Cuenca e, pela primeira vez além-fronteiras, a Paris e a Arles. A cidade Património da Humanidade espanhola passa a ser “a nova sede” do festival. Em França, o centro Jeu de Paume de Paris recebe uma exposição da dupla Pierre & Gilles, e o Festival de Arles mostra a obra do espanhol Alberto García-Alix.
Estas são apenas algumas propostas do PHE para este ano.
O programa completo está no site do festival aqui.

PHOTOESPAÑA 2007
X Festival Internacional de Fotografia e Artes Visuais
Madrid, 30 de Maio a 22 de Julho

mulheres

A Foto Colectania andou a basculhar os seus arquivos à procura de retratos femininos ligados à fotografia de moda com o intuito de mostrar não apenas um género ao serviço de estilismos e imaginários, mas um género que neste universo também pode ser real e mundano. O que se encontrou foram imagens de mulheres dentro de imagens de mulher-ícone. Mas encontrou-se o contrário também. E nesse "jogo de espelhos" quem fica a ganhar é quem o vê.
A organização garante que Mujer, Etcétera não é uma exposição de fotografia de moda, nem uma exposição de fotografia de mulheres. Ou, pelo menos, não pretende que seja só isso. Na cabeça da comissária Lola Garrido está a intenção de perceber como é que o fenómeno da moda, a partir dos anos 20, influenciou a mulher e a sua maneira de estar no mundo, como influenciou a sua feminilidade e o seu estatuto na sociedade. Tenta, por outro lado, mostrar, para além do género, como é que a fotografia perseguiu esta beleza e como foi transformando os nossos modos de ver e olhar para ela.


Mujer, etcétera
Moda y Mujer en las Colecciones

Fundació Foto Colectania
Julián Romea, 6 D2, Barcelona
Tel.: 93 217 16 26
De seg. a sáb., das 11h00 às 14h00 e das 17h00 às 20h30
Até 29 de Setembro de 2007
Entrada: 3 euros

28 maio, 2007

ver mais

Da série Vesúvio, (© Marta Sicurella)

Nesse dia, no Vesúvio, Marta Sicurella encontrou uma atmosfera estranha. Fascinou-a, entre ordas de turistas, o desejo de ver o quase invisível, a procura do que está para além - sabe-se que Pompeia e Herculano estão lá, embora demasiado à frente para os nossos olhos.
Nestas imagens de lonjura não vê só quem nelas tenta ver. Vê também - por cima do ombro, ao lado de quem vê - quem as contempla. Não é um contemplar passivo. Aqui somos convidados a entrar nas imagens, porque elas espevitam uma das mais básicas necessidades de quem vê - ver o que os outros vêem, ver o que os outros viram.
Nas fotografias de Vesúvio, que já se viram no Centro Português de Fotografia, há também um jogo de expectativa e de espera. Somos colocados numa posição de proximidade de quem vê e de distância para o que é visto ou para o que se espera poder ver. Parece sempre que somos o próximo a chegar ao topo, à frente, ao lugar privilegiado para ver, não se sabe bem o quê. "Deixa ver!", somos impelidos a dizer.
É essa sugestão latente de que pode estar para breve a nossa vez de ver que torna estas fotografias inquietantes. De uma certa maneira elas desiludem-nos. Porque há um olhar castrado pela finitude do papel que as suporta. E porque por elas alimentamos a doce sensação de ver ao longe, sem nada que nos tolha a vista. E afinal, só vemos o que está nelas. O que Marta Sicurella quer que vejamos.

(© Marta Sicurella)

Vesúvio, de Marta Sicurella
Arquivo Municipal de Lisboa/Arquivo Fotográfico
Rua da Palma, 246
De ter. a sáb., das 10h00 às 19h00
Tel. 21 884 4060
Metro: Martim Moniz
Até 16 de Junho

27 maio, 2007

»vejamos»» [as sugestões dos leitores]

Pormenor da lente da máquina de casa Susse Frères (© WestLicht)

»»Tiago Cação, de Coimbra, alertou para o leilão de fotografia onde foi vendida aquela que é considerada a máquina fotográfica mais antiga do mundo.

O aparelho em causa, uma máquina de daguerreótipos fabricada em 1839 (ano do anúncio da fotografia), em Paris, pela casa Susse Frères, foi vendida ontem por 576,6 mil euros (começou nos 100 mil). É a maior soma alguma vez paga em leilão por uma máquina fotográfica.
Segundo a leiloeira austríaca WestLicht, especializada em vender máquinas fotográficas antigas, compradores de todo mundo (Coreia do Sul, EUA, Japão e vários países da Europa) fizeram lances para tentar ficar com o aparelho que pesa mais de 5 quilos. Mas foi um comprador anónimo que, através da internet, ofereceu o valor mais alto. O valor máximo pago por uma máquina fotográfica era de 200 mil euros.
Até agora, este modelo era desconhecido. No lado esquerdo, ostenta uma litografia colada com a inscrição: LE DAGUERRÉOTYPE, D´aprés les Plans officiels déposés par Mr. DAGUERRE au Ministére de l´Interérieur. SUSSE Frères, 31, Place de la Bourse.
A máquina foi comprada pelo professor Max Seddig (1877-1963), director do Instituto de Física Aplicada de Frankfurt. Sedding ofereceu depois o aparelho a um dos seus assistentes, Günter Haase, que se tornou professor do Departamento de Fotografia Científica da Universidade de Frankfurt. Mais tarde, Günter leccionou Fotografia Científica na Universidade Técnica de Munique. Günter Haase morreu em 2006, com 88 anos, e deixou os seus bens ao filho, o professor Wolfgang Haase, que agora decidiu leiloar a preciosidade.
Vários especialistas garantem que se trata da máquina fotográfica comercial mais antiga do mundo. Um deles Michael Auer, autor de vários livros sobre história da fotografia antiga, citado pela leiloeira WestLicht, garante a autenticidade do aparelho e diz que foi construído de acordo com todos os pormenores depositados por Daguerre no Ministério do Interior francês. Auer afirma que não conhece outro modelo igual ao que foi leiloado. A Susse Frères publicou um artigo no jornal La Quotidienne, dia 5 de Setembro de 1839, a anunciar o fabrico da máquina. Para a WestLicht trata-se da primeira referência a uma máquina de fotografia comercial.
Mas não é tudo. Junto com a máquina vinha um manual em alemão de 24 páginas intitulado Praktische Beschreibung des Daguerreotyp’s, publicado por Georg Gropius, em 1839, em Berlim. O texto e as 18 ilustrações ensinam a arte de captar fotografia pelo daguerreótipo.

Os resultados completos do leilão da WestLicht estão aqui.


Nunca uma máquina fotográfica tinha atingido um preço tão elevado
(© WestLicht)

26 maio, 2007

não esquecer

Pátio, Forte de Peniche, Novembro 2006 (© João Pina)

São os dois da geração pós-25 de Abril.
João Pina tem 26 anos.
Rui Daniel Galiza tem 29.
Pensavam que os da sua geração já sabiam quase tudo sobre os tempos de repressão salazarista. Pensavam. Mas não. Aperceberam-se que falta saber muito, dizer muito, mostrar muito. Um encontro entre os dois autores num bar de Lisboa onde - souberam mais tarde - foi assassinado pela PIDE o comunista Dias Coelho, resultou no primeiro passo para um trabalho que pretendia resgatar os rostos e as histórias de quem sofreu na pele com a máquina silenciadora da ditadura.
O álbum Por Teu Livre Pensamento, que hoje é lançado na Feira do Livro (auditório, às 20h00), traz à luz os locais da tortura e do isolamento, as caras e as frases de 25 ex-presos políticos portugueses. Juntam-se os retratos do medo, tirados pela polícia política, com os retratos da liberdade, tirados por quem nasceu nela.
Por Teu Livre Pensamento mostra, fala, relembra o terror a quem já cresceu com ela.
A liberdade.

Por Teu Livre Pensamento
João Pina, fotografias
Rui Daniel Galiza, textos
Assírio & Alvim, Lisboa, 2007
30 euros

Por Teu Livre Pensamento
Centro Português de Fotografia
Campo Mártires da Pátria, Porto
Tel.: 222 076 310
E-mail: email@cpf.pt
De ter. a sex., das 15h00 às 18h00, sáb., dom e fer., das 15h00 às 19h00.
Entrada livre
Até 24 de Junho

25 maio, 2007

hedi

Da série Costa da Caparica, 1989 (© Hedi Slimane)


Hedi Slimane começou pela fotografia - bem cedo, aos 11 anos - passou para moda e ficou por lá, sempre de máquina na mão. Hoje, aos 39 anos, é visto como um dos criadores da masculinidade que arrancou com o século XXI - irreverente, retro-glamorosa, andrógina. Em 1989, entediado durante umas férias de praia na Costa da Caparica decidiu percorrer o areal e infiltrar-se nas tribos locais à procura de rostos e situações que lhe transmitissem a energia, a irreverência e, ao mesmo tempo, a vulnerabilidade típicas de quem é adolescente. Passou um mês a fotografar.
Vanessa Rato explica no ípsilon de hoje como este trabalho, até agora inédito, funcionou como gesto fundador de outras séries mais recentes (Berlin, 2003; Stage, 2004; London: Birth of a Cult, 2005), todas ligadas a esse sangue na guelra de quem é adolescente. Para além das imagens captadas na Costa da Caparica, a exposição que amanhã abre ao público, no Art Centre da Ellipse Foundation, mostra algumas fotografias das séries mais recentes.


Costa da Caparica, 1989
Art Centre, Ellipse Foundation, Alcoitão/Cascais
Rua das Fisgas, Pedra Furada
Tel.: 21 469 18 06
E-mail: info@ellipsefoundation.com
Sex., sáb. e dom. das 11h00 às 18h00
Até 9 de Setembro

»vejamos»» [as sugestões dos leitores]

Recife, Pernanbuco, Brasil, 1947, da série Rostos do Mundo
(© Fundação Pierre Verger)

»vejamos»»
[as sugestões dos leitores]
é uma secção do Arte Photographica que nasce com o objectivo de partilhar com todos os leitores as propostas de quem passa por este blog. Se quiser aconselhar uma exposição, um livro, um site, um artista, uma fotografia ou se quiser comentar qualquer outro assunto relacionado com a imagem fotográfica, em Portugal ou no mundo, mande um e-mail através da caixa de correio da homepage. As mensagens enviadas para esta secção devem ter a identificação e a origem do autor. Todos os textos serão passíveis de selecção e edição.

A primeira sugestão é de Paulo Mendes e vem de Porto Alegre, Brasil.
Paulo propõe uma visita ao site da Fundação Pierre Verger para ficarmos a conhecer a obra fotográfica e antropológica deste francês que dedicou metade da sua vida a estudar as culturas negras do Brasil e de África, sobretudo da Nigéria e do Benim, e todo o universo transatlântico que rodeia os orixás. Esta paixão haveria de levar Pierre Verger (1906-1996) para dentro do culto do candomblé, em Salvador da Baía, onde se iniciou na divinação de ifá, da cultura ioruba.
O site da fundação tem disponíveis para consulta 5500 imagens do rico espólio de Verger. É possível navegar pela colecção com três tipos diferentes de pesquisa. No mesmo sítio pode encomendar-se o livro Pierre Fatumbi Verger, du regard détaché à la connaissance initiatique, onde se traça o seu percurso científico e artístico, e o DVD Olhares Nómadas, realizado para a exposição O Brasil de Pierre Verger, onde se reuniram mais de 800 fotografias do autor.
O site da Fundação Pierre Verger está aqui.


Kétou, Benim, 1948-1979, da série Deuses Africanos
(© Fundação Pierre Verger)


Salvador da Baía, Brasil, 1946-1953, da série Deuses Africanos
(© Fundação Pierre Verger)

24 maio, 2007

para onde?

Nuez, Rui Baião/Paulo Nozolino, Frenesi, Lisboa, 2003


Estive há dias a ouvir um editor (Manuel Rosa) e três fotógrafos (José Luís Neto, Duarte Belo e José Manuel Rodrigues) falarem sobre o que os move e o que os preocupa no campo da publicação de livros de fotografia. Pelo que ficou dito, percebeu-se que a publicação de obras com imagens impressas em Portugal enfrenta dilemas difíceis de resolver (distribuição nacional e internacional, espaço de destaque nas livrarias, margens de lucro, qualidade de impressão) e constrangimentos vários, sobretudo relacionados com a pequenez do nosso mercado, que é como quem diz com o número de pessoas que, no nosso país, sai de uma livraria com um álbum de fotografia debaixo do braço.
Manuel Rosa, da Assírio & Alvim, a editora que por estas bandas melhor trata a fotografia que se mostra em livro, foi dos intervenientes mais pessimistas da mesa, não só com esta área editorial, mas com o livro impresso em geral. Apesar do quadro traçado ser pouco animador, a Assírio pretende manter a sua aposta nos livros de fotografia.
Duarte Belo, um dos fotógrafos com mais obras publicadas em Portugal, aponta o nível cultural da nossa sociedade como um dos principais entraves à venda de livros.
José Luís Neto reclamou mais apoio das instituições com responsabilidades na área da fotografia e edição, bem como das galerias onde se mostram os trabalhos dos artistas.
Como nem só das editoras depende a edição, José Manuel Rodrigues, cansado do insucesso das vendas e da qualidade de impressão, passou a fazer um número muito limitado de livros com fotografias coladas em papel totalmente concebidos e executados por si.
É um caminho.
Há que pensar noutros.


entre aspas

(© Pedro Paixão, 47 w 17)

Nós jamais poderíamos viver juntos, não duraria algumas semanas, uns dias talvez. Mas o fato é que eu gostava dela, não só de trepar com ela, mas de seu humor, de ouvir suas histórias de traições mirabolantes, de suas fantasias exibicionistas, de ver suas auto-polaróides bagaceiras, que ela fazia para me divertir e me excitar.

Nelson Motta, O Canto da Sereia - um noir baiano
(em português do Brasil)

22 maio, 2007

Edit!

(© Collier Scharr)


A Ellipse Foundation parece apostada em partilhar com o comum dos mortais a arte que o dinheiro de uma pequena minoria pode comprar. Essa atitude desempoeirada para com o conceito de colecção privada já tinha ficado presente no arranque do Art Centre de Alcoitão. A recente inauguração da Edit! no centro de artes visuais (Coimbra), com fotografia e vídeo do acervo da colecção liderada por João Rendeiro, vem sublinhar ainda mais essa postura de porta aberta que se preocupa em tornar público o que de melhor se faz na criação contemporânea.
No início, a ideia do curador de Edit!, Delfim Sardo, era apresentar um conjunto de obras em suporte fotográfico, fílmico e videográfico, mas os limites do espaço do cav e o trânsito das peças da colecção por outras exposições fizeram com que a escolha recaísse nos suportes fotográfico e fílmico. Ainda assim, para que o grupo de peças a exibir fosse o mais alargado possível, houve necessidade de dividir a mostra em dois momentos distintos.

No texto de apresentação de Edit!, Sardo explica as direcções dessa divisão:

(...) o primeiro [momento] mais centrado em obras históricas ou que se reportam a situações de vivências, frequentemente paradoxais, do espaço público ou de mapeamento do ponto de vista (que se encontram nas peças de John Baldessari, Dan Graham, Ed Ruscha ou Alan Sekula), e um segundo momento mais centrado sobre a representação do corpo, quer como campo de combate ou fricção social, quer no interior das poéticas próprias dos diversos artistas. (...)


Edit!
Fotografia e filme da Colecção Ellipse

primeira parte # de 5 de Maio a 24 de Junho
John Baldessari/Lothar Baumgarten/Bernd & Hilla Becher/Dan Graham/João Maria Gusmão & Pedro Paiva/Jürgen Klauke/Steve McQueen/Catherine Opie/Ed Ruscha/Allan Sekula/Thomas Struth/Jeff Wall

segunda parte # de 30 de Junho a 9 de Setembro
Matthew Barney/Rineke Dijkstra/Olafur Eliasson/Robert Gober/Felix Gonzalez-Torres/Douglas Gordon/Candida Höfer/Cameron Jamie/Louise Lawler/Sherrie Levine/Sharon Lockhart/Jarbas Lopes/Steve McQueen/Gabriel Orozco/Jack Pierson/Gonzalo Puch/Rosângela Rennó/Collier Schorr/Lorna Simpson/João Tabarra/Wolfgang Tillmans/James Welling

centro de artes visuais
Pátio da Inquisição, 10, Coimbra
Tel.: 239826178
De ter. a dom., das 10h00 às 19h00

conservar


O Clube Português de Artes e Ideias agendou um workshop de conservação de fotografia para os dias 16, 17 e 24 de Junho. A iniciativa é destinada a pessoas que lidam frequentemente com fotografias e pretende fornecer conhecimentos básicos sobre prevenção, deterioração e, claro, conservação.
Estão previstas abordagens aos materiais e equipamentos apropriados para acondicionar cada espécie fotográfica e indicações sobre a forma mais correcta de organizar uma colecção. A digitalização como forma de arquivo será tema de discussão final.
As formadoras têm licenciaturas em Conservação e Restauro do Instituto Politécnico de Tomar.
O programa do workshop está aqui.


Datas
16, 17 e 24 de Junho

Carga horária
15
horas

Preço
150
euros
(desconto de 5 por cento para sócios do CPAI)

Limite de inscrições
12 pessoas

Local
Fábrica da Pólvora, Oeiras

Mínimo de inscrições
7
pessoas

Formadoras
Vanessa R. Duarte
Margarida A. Poeira

21 maio, 2007

macua«»sines

(© José Henriques da Silva/Arquivo Fotográfico Municipal)

Os anos passam, mas a dureza do ofício de quem procura alimento no mar permanece. O Centro de Artes de Sines inaugurou na semana passada uma dupla exposição de fotografia que cruza a faina de dois grupos de pescadores, diferentes apenas pela geografia que ocupam. Uma das mostras, exibe imagens de José Henriques da Silva, que acompanhou os pescadores moçambicanos de Macua de Naharenque durante 23 anos, entre 1957 e 1973. A outra, da autoria de Carlos Seixas, centra-se no registo, ao longo dos últimos anos, da “memória dos que resistem na pesca e fazem resistir a pesca, actividade fundadora do modo de vida e da própria existência de Sines”.

(© Carlos Seixas)

Pescadores de Macua
(José Henriques da Silva)
Pescadores de Sines - III Capítulo
(Carlos Seixas)
Centro de Artes de Sines
Rua Cândido dos Reis, Sines
Tel.: 269 860 080
Email: cas.geral@netvisao.pt
Todos os dias, das 14h00 às 20h00
Até 24 de Junho
Visitas guiadas sob marcação

19 maio, 2007

à venda 3 - o que foi


Já lá vão alguns dias sobre o segundo leilão de fotografia em Portugal, mas, ainda assim, julgo que vale a pena fazer um apanhado do que se passou no CCB.
Depois do efeito novidade e do entusiasmo gerados à volta do primeiro leilão de fotografia (1 de Junho), a segunda venda, apenas cinco meses depois, serviria, sobretudo, para perceber se existem de facto compradores para imagens antigas em Portugal. O leilão de 9 de Novembro mostrou que sim, mas deixou alguns sinais que devem ser considerados pela organização, a cargo da Potássio 4 e da Livraria Campos Trindade: os compradores sabem o que estão a comprar; alguns lotes apresentados como estrelas do leilão foram retirados de praça porque tinham preços demasiado elevados; a exigência com o estado de conservação dos lotes - havia algumas imagens em mau estado ou em muito mau estado - deverá ser cada vez maior; a quantidade de lotes envolvidos neste leilão fez com que a venda se transformasse numa maratona demasiado longa e por vezes demasiado frenética, prejudicando raciocínios mais lentos, sobretudo por parte daqueles que não tiveram oportunidade de ver os lotes antes do leilão; o fraco interesse manifestado pelos poucos lotes de fotografia contemporânea na praça mostra que um eventual leilão centrado em imagens mais recentes deve ter um elevado grau de exigência em relação à qualidade estética ou à importância histórica dessas imagens.A percentagem de lotes vendidos, 62 por cento, é um sinal, ainda que tímido, de que afinal existe um grupo de interessados disposto a comprar fotografia de forma sistemática. Em 400 lotes foram retirados 149, o que não deixa de ser um bom indicador para vendas futuras.Quanto à organização, este segundo leilão revelou nítidos progressos, como a projecção em tela gigante das imagens em praça, que só por uma ou duas vezes falhou, ou a entrega mais eficaz e organizada dos lotes vendidos.


Uma surpresa: Portugal 1934

Surpresas

ESTEREOSCOPIA
Lote 11
(vista da Rua Augusta, Lisboa, cerca de 1900)
Preço: 15 euros (preço de venda 55 euros)
Lote 12
(desfile militar em Lisboa, cerca de 1890)
Preço:
15 euros (preço de venda 45 euros)Os preços iniciais destas duas vistas estereoscópicas foram largamente ultrapassados por um motivo óbvio: todas as imagens de ruas que sofreram mudanças significativas no decorrer dos anos ganham um duplo valor histórico.

ÁLBUNS DE VIAGENS E OUTROS
Lote 49
(álbum de África com o monograma do rei D. Carlos (RCA, ?), cerca de 1890)
Preço: 750 euros (preço de venda 1100 euros)As fotografias de África do século XIX são sempre imagens a ter conta. O facto de existir a possibilidade deste álbum ter pertencido ao rei D. Carlos dava-lhe um valor acrescido que se veio a confirmar na altura de levantar as placas na sala.

MONARQUIA
Lote 57
(desembarque da rainha D. Maria Pia no terreiro do Paço a 6 de Outubro de 1862)
Preço: 90 euros (preço de venda 260 euros)É o caso de uma imagem valorizada essencialmente pelo seu carácter histórico, em contraponto com o mau estado de conservação em que se encontra. Foi a protagonista da primeira grande série de licitações da noite.

ARTES E ARTISTAS
Lote 265
(Fernando Pessoa aos 10 anos, 1898)
Preço:
800 euros (preço de venda 8500 euros)Foi a fotografia que animou o leilão que até este lote não tinha tido ainda uma disputa tão surpreendente. O preço final desta carte-de-visite, arrematada por um alfarrabista de Lisboa, constitui um recorde para venda de fotografias em Portugal.

LIVROS E EDIÇÕES
Lote 376 (Portugal 1934)
Preço:
300 euros (preço de venda: 1375 euros)É uma obra essencial para se perceber o uso da fotografia e da fotomontagem pela máquina do Estado Novo que, à data de publicação desta folhetim de propaganda nacionalista e imperialista, tinha acabado de contratar o antigo jornalista do Diário de Notícias António Ferro para liderar o Secretariado de Propaganda Nacional.
Lote 380 (Images Portugaises)
Preço:
30 euros (preço de venda: 140 euros)Outra edição do período do Estado Novo alvo de grande interesse. A maior parte das imagens reproduzidas no livro são da autoria de Horácio Novais, um dos colaboradores mais assíduos do SPN e mais tarde do SNI.


Uma desilusão: álbum dos Jogos Olímpicos de Berlim, 1936

Desilusões

DAGUERREÓTIPOS, AMBRÓTIPOS E FERRÓTIPOS

Lotes de 1 a 10
(retratos, várias datas)
Preço:
(vários preços)O leilão começou com a venda de daguerreótipos e começou mal. Seguiram-se outros processos da infância da fotografia, mas os lotes foram sendo devolvidos à procedência. As peças que foram levadas à praça tinham de facto pouco interesse para os coleccionadores portugueses. Apenas o lote 1, que foi vendido à posteriori, retratava portugueses.

ÁLBUNS DE VIAGEM E OUTROS
Lote 45
(álbum dos Jogos Olímpicos de Berlim, 1936)
Preço:
400 euros (preço de venda 220 euros)Foi apresentado como uma das estrelas do leilão, mas o interesse na sala acabou por não se verificar. O pregoeiro viu-se obrigado a baixar o preço-base para metade para que alguém levantasse a placa.
Lote 50 (álbum com várias vistas de cidades europeias, cerca de 1880)
Preço:
1000 euros (retirado)É um lote que reunia várias condições para que os compradores fizessem as suas propostas, não fosse um pormenor a eclipsar essas mais-valias: o preço. Foi o primeiro lote de vulto a ser retirado de praça.

MONARQUIA
Lote 64
(rainha D. Amélia com os príncipes D. Luís Filipe, D. Manuel e respectiva comitiva no Egipto)
Preço:
1500 euros (retirada)O pregoeiro até baixou 500 euros ao preço inicial, mas o registo da viagem da rainha e do seu séquito ao Egipto não suscitou a mínima reacção por parte dos compradores. Para além de bem documentada, a fotografia apresentava um estado de conservação excepcional. Argumentos que não convenceram.

CARLOS RELVAS E MARIANA RELVAS
Lote 70
(retrato de Mariana Relvas e Carlos Relvas)
Preço:
600 euros (retirada)O que se passou no primeiro leilão com uma fotografia de Carlos Relvas (escolhida para capa do catálogo do leilão) fazia antever o pior para o conjunto de imagens do fotógrafo da Golegã apresentadas nesta venda. No dia 1 de Junho, a paisagem ribatejana levada à praça foi vendida a custo. Neste leilão, nem os saldos oferecidos pelo pregoeiro salvaram o "amador" da lezíria que dos seis lotes em disputa (da sua autoria e de Mariana Relvas) só três foram vendidos por metade do preço-base.

PERSONALIDADES
Lote 123
(Oliveira Salazar, 1931)
Preço:
200 euros (retirada)Era uma daquelas fotografias que à partida estaria vendida, quer pela excepcionalidade do momento captado pelo fotojornalista Ferreira da Cunha, quer pela importância histórica da imagem. Só que quando se apresentou o lote 123, ninguém disse nada. A imagem haveria de ser vendida à posteriori por 230 euros.

DESPORTO
Lotes 213 a 224

Preço:
vários preçosFoi uma das apostas perdidas neste leilão. As fotografias relacionadas com temas de desporto suscitaram pouco interesse na sala. O pregoeiro tentou, outra vez, preços mais baixos do que estava estipulado no catálogo, mas nem assim os compradores decidiram levar para casa figuras como Eusébio, Coluna ou Torres.

FOTOGRAFIA DE AUTOR
Lote 295
(Saudades do Mar, de Constantino Varela Cid, 1940)
Preço:
600 euros (retirada)Era uma das melhores fotografias do leilão. Ficou sem comprador, tal como os restantes lotes de Varela Cid.

LIVROS E EDIÇÕES
Lote 377 (álbum com várias vistas da região de Sintra)
Preço: 2000 euros (retirada)O lote mais caro do leilão não despertou a mínima curiosidade na sala.
A Potássio 4 colocou os resultados globais deste leilão aqui.

mais livro+fotografia

Fotografia de À Superfície do Tempo – Viagem à Amazónia, Duarte Belo, 2002
(© Duarte Belo)

O Arquivo Fotográfico anda às voltas com o livro de fotografia. Para a próxima conversa sobre esta relação entre o papel impresso e o papel sensibilizado vão estar na sala de leitura do Arquivo Duarte Belo (fotógrafo), José Luís Neto (fotógrafo), José Manuel Rodrigues (fotógrafo) e Manuel Rosa (editor da Assírio & Alvim).


À Superfície do Tempo – Viagem à Amazónia, Duarte Belo, Assírio & Alvim, 2002


A Fotografia e o livro
Arquivo Municipal de Lisboa/Arquivo Fotográfico
21 de Maio, às 18h00
Rua da Palma, 246
Tel. 21 884 4060
Metro: Martim Moniz

18 maio, 2007

BigTIFF

Infinitésima parte vista a 100 por cento de um dos 225 slides
de células de tecido de um cancro da mama (© Aperio)

Por extraordinário que pareça, a medicina é uma das áreas da inteligência humana onde a fotografia mais se reproduz, mais se reinventa, mais inova. Agora, na senda recordista, é a empresa canadiana Aperio a anunciar aquela que garante ser a maior fotografia do mundo, a primeira fotografia de terapíxeis (1 terapíxel = 1 milhão de biliões. Eu sei, é muito milhão para uma imagem só. É muito milhão para o nosso entendimento sequer imaginar).
A fotografia em causa foi comprimida em 143 gigabites, tem mais de um milhão de píxeis de largo e resulta da combinação de 225 slides de células de tecido de um cancro da mama.
Para gravá-la (e dá-la a conhecer) a empresa inventou um novo formato: o BigTIFF (Tagged Image File Format), que pretende ser usado, a partir de agora, em imagens com mais de 4 gigabites. A Aperio promete libertar toda informação acerca do novo formato para que outras empresas possam usá-lo.
A empresa canadiana afirma que o seu sistema de scanning consegue criar imagens digitais de um slide microscópico em minutos. Tudo com grandes dimensões que ultrapassam os 100 000 X 100 000 píxeis. O formato TIFF é um dos mais usados para gravar imagens de alta resolução. Mas, até agora, estava limitado aos 4 gigabites (aproximadamente 30 000 gigapíxeis).
O BigTIFF veio alargar ainda mais o olhar sobre aquilo de que somos feitos ou, como no caso desta fotografia, sobre aquilo que nos destrói.
Há mais informação sobre o formato BigTIFF aqui.

Imagem original, 73,042 x 62,633 píxeis, 575 MB (© Aperio)

17 maio, 2007

juntos


Havia o Concurso de Fotografia CAIS, da Associação CAIS, e o concurso Um Certo Olhar, do Banco Espírito Santo. Agora há o Prémio de Fotografia REFLEX, que junta os esforços de ambas as instituições naquilo que pretende ser uma “valorização da fotografia em Portugal”.
A temática de partida centra-se nos Artistas.

Leia-se o desafio: Propõe-se o abandono do que é erradamente óbvio e a revelação do que, apesar de ser manifestamente visível, é ignorado e subestimado. Com este tema, desafia-se a descoberta do artista e da sua obra, no mais simples, amplo e desapegado gesto humano, procurando mostrar, no fundo, para o mundo, a Arte que faz nascer, preservar e transformar a verdadeira alma de um povo.

A cada edição haverá um júri diferente. O grupo que julgará os trabalhos será composto por cinco pessoas: um representante da Associação CAIS, um representante do Banco Espírito Santo e “personalidades da sociedade portuguesa, do campo artístico e da comunicação social”. Serão seleccionados 30 imagens finalistas, sobretudo, pelo seu enquadramento temático e expressão artística. Estas fotografias serão depois publicadas numa edição especial da revista CAIS em Setembro, mês em que serão divulgados os finalistas e os premiados.
As fotografias podem ser enviadas até 1 de Junho. Qualquer pessoa residente em Portugal pode concorrer.
Todas as informações sobre o REFLEX estão aqui.

15 maio, 2007

saldos

José Luís Neto, Irgendwo

De passagem pelo Arquivo Fotográfico Municipal, descobri uma mini feira do livro com catálogos de exposições que já passaram pelas salas da antiga fábrica da Rua da Palma.

As minhas compras:

*terra bendita, fotografias da FSA e Afins. Jorge Calado, Fundação Eugénio de Almeida, Évora, 2000. 9,00 euros;

*México, fotografias 1920-1992. Arquivo Municipal, Lisboa, 1994. 0,50 euros;

*Irgendwo. José Luís Neto, Arquivo Fotográfico Municipal de Lisboa, Lisboa, 1998. 3,00 euros;

*Grave, 18 fotografias de Mariano Piçarra para outros tantos aforismos de José Marinho seleccionados por Jorge Croce Rivera. Arquivo Fotográfico Municipal de Lisboa, Lisboa, 1999. 6,00 euros.

Sugestões:
* 22474, José Luís Neto»10 euros;
* António Passaporte: Postais de Lisboa»8 euros;
* Cem anos a ranger nas calhas, Eduardo Cintra Torres»18 euros;
* Joshua Benoliel»10 euros;
* Lisboa em vésperas do terceiro milénio, Luís Pavão»14 euros;
* Santo António em Alfama, Georges Pacheco»4 euros;
* Verbos, Pedro Letria»12 euros.


Mariano Piçarra, Grave…

12 maio, 2007

à venda 3 - retratos

Vieram para ficar os leilões de fotografia em Portugal. Depois de um primeiro ensaio apenas com fotografia antiga, e de uma segunda venda que se aventurou timidamente até aos anos 90, temos hoje um leilão no CCB que junta muitas épocas, estilos, técnicas e géneros da fotografia. Escolhi alguns retratos.


Mário Cesariny (© Adriano Miranda)

~Cesariny cru~
O rosto de Mário Cesariny é um rosto difícil de esquecer. Este retrato de Adriano Miranda mostra-nos Cesariny tal com ele é. Tal como ele foi. Com todas as rugas, com todas as concavidades, com algumas manchas na testa e a barba por fazer. É Cesariny.


Turista coreana, Antárctida (© Jordi Burch)

~Rir para não chorar~
Jordi Burch, do colectivo [kameraphoto], deixou de ser um fotojornalista promissor para se transformar num dos nomes que, nos últimos anos, têm construído um dos trabalhos mais coesos na área da reportagem. O conjunto de imagens que vão a leilão fazem parte da exposição Estamos Juntos!, que ainda pode ser vista na Casa Fernando Pessoa.


Rolha Esfusiante (retrato de José Viana), Fernando Lemos

~Lemos contra o marasmo~
Fernando Lemos
deixou-se seduzir pela fotografia entre 1949 e 1952. Só quatro anos. O tempo suficiente para produzir uma obra que marca a fotografia portuguesa, não só pela corrente artística que escolheu, o surrealismo, mas, sobretudo, pela ousadia que, ao tempo, esse gesto significou. O retrato foi um dos seus temas de eleição.


Fernando Pessoa, Foto Aurea

~O Pessoa de Orpheu~
Quando se olha para esta fotografia não temos só a imagem de Fernando Pessoa. Temos a imagem de Portugal. Aquela linha que vai do chapéu aos lábios finos transformou-se num dos nossos ícones culturais. Este instantâneo foi captado no estúdio Foto Aurea, e marcou a fase em que o poeta esteve ligado à revista Orpheu.


Amadeo de Souza-Cardoso, J. Carvalho

~Amadeo só basta~
Foram os quadros que ficaram na retina na exposição Amadeo Souza-Cardoso, Diálogo de Vanguardas (Gulbenkian, 2006). Mas era impossível, até pela dimensão da imagem, ficar indiferente à expressividade do rosto do pintor na fotografia que abria a mostra. Esta fotografia, tirada em Espinho, não tem aquele outro olhar. Mas tem Amadeo.


(© Carlos Ramos)

~Fotografia de moda fora de moda~
A fotografia de moda deixou de ser um género menor há muito tempo... lá fora. Em Portugal, diga-se, não são assim tantos os que a ela se dedicam a tempo inteiro. Carlos Ramos é um dos raros e bons exemplos de quem tenta transformar, pela fotografia, beleza física em estética.


Marianna Relvas (calótipo)

~Marianna, a outra Relvas~
Na história da fotografia portuguesa do século XIX estamos habituados a relacionar o apelido Relvas a uma pessoa: Carlos Relvas, o empenhado fotógrafo amador da Golegã. Marianna também é Relvas, é a segunda mulher de Carlos, e repartiu com o marido a paixão pela fotografia. Não é comum encontrar imagens com esta assinatura no mercado.


Leilão Amadeo
Centro Cultural de Belém
, Sala Maria Helena Vieira da Silva, Lisboa
12 de Maio, 16h00

11 maio, 2007

celebrar Cannes



60 anos. O Festival de Cannes chegou à idade adulta (se é que isso existe). Para comemorar a efeméride, a associação Repórteres Sem Fronteiras decidiu organizar um livro com 100 fotografias dos melhores momentos da principal festa de cinema da Europa. O projecto foi coordenado por Jean-Pierre Lavoignat, durante largos anos director da Studio Magazine. Lavoignat mergulhou nos arquivos das grandes agências e dos fotógrafos mais reputados que cobriram o festival. E daí saíram as estrelas, as passadeiras vermelhas, os longos vestidos (e os curtos também), a irreverência e o glamour de um acontecimento que tem sabido envelhecer.
Os lucros da venda do livro, que custa apenas 8,90 euros, revertem a favor da Repórteres Sem Fronteiras, com o objectivo de financiar acções a favor da liberdade de imprensa.


10 maio, 2007

livros+fotografia


Livros e fotografia. A ligação é antiga. Hoje, às 18h00, José Afonso Furtado (fotógrafo, professor de fotografia e autor, entre outros, de Mundos da Fotografia. Orientações para a Constituição de uma Biblioteca Básica, CPF, Porto, 2006) vai falar em pormenor sobre alguns livros que foram um marco para a fotografia e sobre algumas fotografias que foram um marco para os livros. A ideia é do Arquivo Fotográfico de Lisboa, no âmbito da exposição bibliográfica A Imagem Contextualizada, que, por sua vez, vem a reboque da iniciativa Lisboa – Cidade do Livro.
Os livros escolhidos para a conversa de hoje são um surpresa. A imagem lá de cima é pura especulação.

Arquivo Municipal de Lisboa/Arquivo Fotográfico
Rua da Palma, 246
Tel. 21 884 4060
Metro: Martim Moniz

 fotografiafalada


As epifanias são momentos únicos - e as flores não se repetem. Estas surpreendem-me sempre. Resultam de uma empatia - e de uma espera. Tudo o que é visto com muita atenção se torna extraordinário. As flores são grandes espectáculos que estão à nossa espera.

(Susana Neves)
(Público, 07.05.2007)


Viagem ao Pólen Sul. Susana Neves
Nouvelle Librairie Française (Instituto Franco-Português)
Av. Luís Bívar, 91 , Lisboa
De seg. a sex., das 10h30 às 19h30. Sáb., das 10h00 às 12h30
Tel/Fax: 351 213.143.755
E-mail: nlfdel@mail.telepac.pt
Até 31 de Maio

07 maio, 2007

tereza

Tereza Siza (Paulo Pimenta/Público)


Aprecie-se mais ou menos o estilo de liderança. Goste-se mais ou menos da personalidade, Tereza Siza conseguiu fazer um trabalho no Centro Português de Fotografia que será lembrado. Por bons motivos. O CPF nasceu torto e para muitos, onde não me incluo, no sítio errado – no Porto. Aliado a esse ressabiamento de muitas instituições e pessoas ligadas à fotografia em Portugal, em particular em Lisboa, a directora do CPF partiu com outra dificuldade, não menos relevante: a inexistência de uma política nacional para a imagem fotográfica. Não se pode dizer que o CPF tenha conseguido mudar plenamente esse estado de coisas, mas é, de longe, o local onde, no nosso país, a fotografia tem sido tratada com mais inteligência, dignidade e esmero. A independência e o poder conquistados pelo CPF (equivalia a uma direcção-geral do Ministério da Cultura, a única a funcionar no Porto) atormentava ainda muita gente. Com a capa dos constrangimentos orçamentais - que pode servir de desculpa para tudo - a tutela decidiu extinguir os moldes em que até aqui funcionava o CPF, ao abrigo do famigerado PRACE.
Tereza sai por um golpe de secretaria depois de três mandatos e dez anos à frente do CPF. Regressa às aulas de filosofia no ensino secundário em Matosinhos.
É provável que sintamos a falta dela.
Agradeço-lhe os bons momentos que passei nas enxovias da Cadeia da Relação.

Eu sempre julguei que gerir o CPF ia ser difícil, e é difícil.
Tereza Siza, Expresso, 03.10.1998


Centro Português de Fotografia, Cadeia da Relação (Paulo Pimenta/Público)

05 maio, 2007

contemporâneas

Killer, 2005 (© Ana Laura Alaez, Galería Moisés Pérez de Albéniz)

Decorre durante este fim-de-semana em San Sebastián a DFoto, a única feira especializada em fotografia e vídeo de criação contemporânea da Península Ibérica. A aposta deste ano é sobretudo em artistas emergentes. Mas há também trabalhos de fotógrafos consagrados como Thomas Ruff, Candida Höfer e John Hilliard. Na DFoto o suporte digital ganha terreno como forma de expressão.
Entre as galerias representadas, há três que viajaram de Portugal: de Lisboa a Galeria Filomena Soares e a Carlos Carvalho, do Porto a Pedro Oliveira. Ao todo há propostas de 41 galerias de 22 nacionalidades que representam 340 artistas.



Marconi Plein, Roterdão, Holanda, 2001 (© Paulo Catrica, Galeria Carlos Carvalho)

04 maio, 2007

retrato oficial

Annie Leibovitz, Rainha Isabel II

A rainha pediu, Annie Leibovitz aceitou. O retrato oficial de Isabel II foi divulgado há poucos dias, na véspera da monarca se deslocar aos Estados Unidos. A rainha aparece na White Drawing Room do palácio de Buckingham com um ar pensativo, sonhador, a olhar para a paisagem que se estende pela janela. A pose clássica (poderá alguma vez ser de outra forma?) foi inspirada (era preciso?) no retrato da rainha-mãe, captado por Cecil Beaton, em 1939. Leibovitz não nega: “Gosto da tradição. As imagens de Cecil Beaton são muito importantes para mim.”, disse durante a cerimónia de apresentação em Buckingham. Isabel II pediu “um retrato muito simples”. Leibovitz cumpriu, mas confessa que sentiu o peso da história quando chegou a hora de disparar.

03 maio, 2007

conversar


conversas objectivas são conversas em torno de alguns usos e domínios onde se move a fotografia. A iniciativa do ciclo de conferências que arranca no dia 5 de Maio, sábado, é da Câmara Municipal de Matosinhos.

O programa é este:

5 de Maio. 21h30
"In the net"
Trabalho de investigação fotográfica de comunidades piscatórias em Matosinhos e em Grismby
Olívia da Silva

26 de Maio.21h30
Digitalização como forma de conservação
Luís Pavão

2 de Junho. 21h30
O Arquivo fotográfico "António da Silva Magalhães de Thomar" - estória de projecto e recuperação
António Ventura

9 de Junho. 21h30
Matosinhos na mira de olhares nacionais e estrangeiros
Tereza Siza

30 de Junho. 21h30
Gerações do fotojornalismo em Portugal
Luiz Carvalho, Fernando Veludo, Gaspar de Jesus

14 de Julho. 21h30
Fotografia documental e critérios de análise de espécies fotográficas
Vitória Mesquita e José Pessoa

21 de Julho. 21h30
Evolução do olhar fotográfico
Maria do Carmo Serén

conversas objectivas:
Auditório da Biblioteca Municipal Florbela Espanca, Matosinhos

 
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