(Colecção particular, Bruxelas)
E agora? O PHOTOESPAÑA (PHE), um dos acontecimentos maiores da fotografia mundial, aproveita um número redondo - abre amanhã ao público a décima edição - para repensar as coordenadas com que, desde 1998, se tem dado a ver.
Pela primeira vez sem um conceito estruturante ou um comissário principal, o certame procura agora a postura certa em relação aos novos desafios da imagem fotográfica e das denominadas artes visuais. Para cumprir o vício aristotélico da catalogação, pode dizer-se que, há falta de um denominador comum, o PHE deste ano se joga sobretudo no campo da diversidade - de temas, de artistas, de suportes, de conceitos e até de espaços (pela primeira vez em Arles e Paris). Apesar das escolhas feitas para esta edição continuarem fiéis ao equilíbrio entre o documental e o conceptual, percebe-se que as linguagens que se centram na forte relação entre fotografia e realidade voltam a ganhar protagonismo.
O crítico espanhol Alberto Martín (Babelia, El País, 26.05.2007) nota que esta inclinação pelos grandes nomes e pelo documentalismo mais tradicional não foi, desta vez, devidamente acompanhada por apostas de vulto em artistas menos conhecidos ou propostas temáticas mais conceptuais. Falta risco, sublinha Martín que lança ainda uma dúvida: com a desculpa do décimo aniversário estamos perante uma transição, para que o festival se possa definir, ou estamos perante uma redefinição necessária, tendo em conta o programa que nos é proposto? A resposta está nas salas que acolhem este ano o PHE.
Nas exposições individuais deste ano constam nomes bem conhecidos do grande público, como Man Ray, Sebastião Salgado, Bruce Davidson ou Raymond Depardon. De Man Ray há a promessa da maior exposição jamais feita sobre o artista, com mais de 300 obras, que para além de fotografia, inclui ainda pintura e escultura. Sebastião Salgado organizou um conjunto de imagens de grande formato de África propositadamente para o PHE em torno de três grandes temas-chave: Trabalho, Migrações e Natureza. De Bruce Davidson, histórico da agência Magnum, mostra-se a vida do nova-iorquino Central Park. Raymond Depardon, o fotógrafo-cineasta, outro dos grandes nomes da mesma agência, traz uma exposição de retratos de figuras da política internacional. Para além destra mostra, a Filmoteca de Española exibe um ciclo sobre a sua obra de cinema documental. Há ainda grandes exposições individuais de Andres Serrano, Sylvia Plachy, Zhang Huan, Lynn Davis e Lourdes Grobet.
Entre os projectos colectivos, destaque para Neorrealismo. La nueva imagen de Italia, 1932-1960, a propósito de um movimento artístico que encontrou grande expressão no cinema e na literatura. As fotografias de mais de 75 artistas são acompanhadas por livros, catálogos, jornais e filmes de época. LOCAL. El fin de la globalización, questiona a ideia de aldeia global e propõe um regresso à ideia de comunidade e de território. Em Márgenes, descobrem-se realidades sociais pouco conhecidas, desde a Albânia até à Índia. Há ainda Cinco Miradas europeas. Fotografia española e hispanoamericana e Fotógrafos insospechados. Celebridades detrás del objecivo, com fotografias captadas por algumas celebridades bem conhecidas como Lou Reed, Pedro Almodóvar ou Patti Smith.
Para além de Madrid, o PHE alarga-se este ano a Cuenca e, pela primeira vez além-fronteiras, a Paris e a Arles. A cidade Património da Humanidade espanhola passa a ser “a nova sede” do festival. Em França, o centro Jeu de Paume de Paris recebe uma exposição da dupla Pierre & Gilles, e o Festival de Arles mostra a obra do espanhol Alberto García-Alix.
Estas são apenas algumas propostas do PHE para este ano.
O programa completo está no site do festival aqui.
PHOTOESPAÑA 2007
X Festival Internacional de Fotografia e Artes Visuais
Madrid, 30 de Maio a 22 de Julho
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