Da série Vesúvio, (© Marta Sicurella)
Nesse dia, no Vesúvio, Marta Sicurella encontrou uma atmosfera estranha. Fascinou-a, entre ordas de turistas, o desejo de ver o quase invisível, a procura do que está para além - sabe-se que Pompeia e Herculano estão lá, embora demasiado à frente para os nossos olhos.
Nestas imagens de lonjura não vê só quem nelas tenta ver. Vê também - por cima do ombro, ao lado de quem vê - quem as contempla. Não é um contemplar passivo. Aqui somos convidados a entrar nas imagens, porque elas espevitam uma das mais básicas necessidades de quem vê - ver o que os outros vêem, ver o que os outros viram.
Nas fotografias de Vesúvio, que já se viram no Centro Português de Fotografia, há também um jogo de expectativa e de espera. Somos colocados numa posição de proximidade de quem vê e de distância para o que é visto ou para o que se espera poder ver. Parece sempre que somos o próximo a chegar ao topo, à frente, ao lugar privilegiado para ver, não se sabe bem o quê. "Deixa ver!", somos impelidos a dizer.
É essa sugestão latente de que pode estar para breve a nossa vez de ver que torna estas fotografias inquietantes. De uma certa maneira elas desiludem-nos. Porque há um olhar castrado pela finitude do papel que as suporta. E porque por elas alimentamos a doce sensação de ver ao longe, sem nada que nos tolha a vista. E afinal, só vemos o que está nelas. O que Marta Sicurella quer que vejamos.
(© Marta Sicurella)
Vesúvio, de Marta Sicurella
Arquivo Municipal de Lisboa/Arquivo Fotográfico
Rua da Palma, 246
De ter. a sáb., das 10h00 às 19h00
Tel. 21 884 4060
Metro: Martim Moniz
Até 16 de Junho
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