24 setembro, 2006

*Três perguntas a...


Nelson d`Aires (com Pedro Guimarães, Luís Olival e Ruca), Transmutação, 2005


Nelson d`Aires. Fotógrafo de Vila do Conde, vencedor do concurso Novos Talentos da FNAC. Mostra o projecto Contra-Fogo na loja do Chiado, em Lisboa.

¿Por que é que fotografas?
Não decidi começar a fotografar. A fotografia chegou a mim desconhecida e aos poucos começou a conquistar a minha solidão. Virou amor um dia. Todo o amor acolhe uma relação. Mudei a minha vida, recomecei do zero como se não houvesse ninguém que me impedisse de morrer mais cedo, nem mesmo este amor. Aí escolhi e não decidi. Faço escolhas porque não vivo de certezas.

¿O que é que tentas transmitir com as imagens de Contra-Fogo?
Uma história, uma consciência para além do facto. Tentei criar imagens destituídas da linguagem limpa e formal que é visível no dia-a-dia dos jornais para que as pessoas já habituadas, e por isso quase desinteressadas, pudessem mais uma vez parar e reflectir sobre este assunto que tanto afecta em geral o nosso país e muito em concreto as pessoas que vivem no meio das áreas devastadas pelos fogos.

¿O que é que fotografarias hoje?
Tenho 31 anos, estou a recomeçar do zero uma nova vida com a fotografia. Quero aproveitar esta força para fazer trabalhos que me possam pedir total disponibilidade. Sinto que não tenho o tempo que muitos dos fotógrafos têm ao começar a trabalhar aos 20 anos. Tenho ainda bastante para aprender, preciso de trabalhar muito para, no mínimo, daqui a dez anos poder sentir estabilidade e um maior acesso a trabalhos. Neste momento gostava de receber convites/propostas para fazer trabalhos com jornalistas freelancers, revistas, instituições ou associações. Acredito na fotografia como mais uma ferramenta com poder para melhorar o nosso entendimento para com o mundo em que vivemos. Durante os próximos tempos apetece-me fazer trabalhos em Portugal. Primeiro Portugal, depois o resto do mundo se assim se proporcionar. Interessam-me sobretudo histórias de vidas de pessoas. Histórias que possam servir de ajuda, conhecimento, exemplo e esperança para outras pessoas. Se neste momento tivesse os apoios mínimos, gostaria de iniciar um trabalho sobre crianças que vivem e lutam todos os dias contra doenças raras e sem cura. Documentar e mostrar como é a vida dessas famílias de acordo com as perguntas delas e as minhas também. De alguma forma, contribuir assim para uma maior divulgação de informação e de exemplos de luta e de vida. Gostaria também de poder fotografar e fazer um trabalho sobre as crianças órfãs existentes em Portugal: saber quantas são e quem são. Procurar quem quer adoptar e não consegue e porquê. Conversar e partilhar experiências de famílias que já adoptaram. Um trabalho que pudesse dar a conhecer as histórias de quem é órfão e quem sabe no fim haver pelo menos uma criança que fosse descoberta e adoptada devido a esse trabalho. Eu sei que estes temas já foram abordados por jornalistas. Acho porém que devem ser novamente abordados de uma forma mais extensa no tempo e ter a perfeita noção de que é com mais tempo que os resultados poderão surgir.


Nelson d`Aires (com Pedro Guimarães, Luís Olival e Ruca), Transmutação, 2005

19 setembro, 2006

Do tempo

Craigie Horsfield

Gosto da cor.
E da ausência dela.
Da luz, do brilho.
E da ausência dele.
Gosto da quase penumbra.
Do quase ofuscamento.
Gosto da representação da natureza. Morta.
Da natureza morta, quase viva.
Gosto da composição.
Do arranjo meticuloso.
A imagem sempre a pedir texto sem precisar dele.
Um poema. Que fica escrito só na nossa cabeça.
Gosto das expressões. Despidas. Entregando-se.
Gosto da cumplicidade com a tinta.
E com a ponta do pincel.
Gosto do suporte onde habitam.
Do papel em que ficaram impressas.
Da impressão com que fico.
Gosto da moldura de abraço único.
Pedaço de madeira que se abre para revelar.
Gosto dessa sugestão de um tempo impossível de determinar.
É disso que falam as fotografias de Craigie Horsfield.

Craigie Horsfield - Relation
Fundação Calouste Gulbenkian - Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão.
Até 24 de Setembro.

13 setembro, 2006

Férias

Georges Hoyningen-Huene, Divers, 1930

O Arte Photographica está de férias até final de Setembro. Os posts aparecerão agora ao sabor da preguiça.

Para lá da vista

Evgen Bavcar

Nas Fronteiras Perdidas da última edição da revista Pública, José Eduardo Agualusa escreve sobre o deslumbramento que lhe transmitem as fotografias do escocês Albert Watson, do esloveno Evgen Bavcar e do angolano Fernando Davaidade. A cegueira parcial (Watson) ou total (Bavcar, Davaidade) de que sofrem não é obstáculo para concretizarem imagens carregadas de sentido. Muito pelo contrário:

Ao aceitar a possibilidade de que é possível aprender a ver com um cego (ao colocar uma câmara fotográfica nas mãos de um cego) estamos a reconhecer que vemos mal, ou melhor, que há outras formas de ver. Que é como quem diz: há mais para ver. Estamos, pois, a abrir janelas para um universo que nos surge agora infinitamente mais rico e complexo do que supúnhamos antes.

Albert Watson

11 setembro, 2006

*Três perguntas a...


Cristophe Nivaggioli, retrato de Marta Sicurella


Marta Sicurella. Fotógrafa italiana que tem desenvolvido o seu trabalho em Portugal. Venceu o Prémio Pedro Miguel Frade do Centro Português de Fotografia (CPF) em 2004. Actualmente expõe na Cadeia da Relação, no Porto, o trabalho Vesúvio.


Por que é que fotografas?
Fotografo para me exprimir. Não tento captar instantes ou guardar lembranças, mas sim pôr as coisas cá fora, criar beleza e desenhar percursos com os quais me identifico.

Porquê captar o acto de ver turístico?
O trabalho apresentado no CPF está intimamente ligado a um sítio (o Vesúvio) e ao dia em que lá estive. No fim de um percurso pedestre, existe um miradouro do qual é possível ver, muito ao longe, Pompeia, Herculano e o mar. Uma atmosfera estranha pairava nesse sítio, e o que despertou a minha curiosidade foi o facto de todos os turistas andarem a procura de Pompeia (de facto, mais imaginável do que visível), fotografarem a vista, mas, sobretudo, tentarem perceber o percurso destruidor da lava. Todos estavam a refazer mentalmente séculos de história, livros, textos, imagens, lembranças e toda a "bagagem cultural" relativa ao sítio e ao acontecimento que mais o marcou, numa confrontação, penso que inconsciente, entre o poder da natureza e a pequenez humana, pressentindo a presença simultânea da vida e da morte.

Que projectos te ocupam agora?
Preocupa-me muito definir uma estrutura de trabalho - passar da simples expressão à construção de conceitos. Quero dar ao meu trabalho um sentido mais envolvido, engagé como dizem os franceses, e acredito que o cerne deste envolvimento possa ser a ironia. Neste momento estou a desenvolver um novo trabalho de retrato e tenho uma exposição marcada para Junho 2007.

Marta Sicurella, da série "Vesúvio"

06 setembro, 2006

Lee

Lee Miller, The Bürgermeister`s daughter, Town Hall, Leipzig, 1945 (Copyright: © Lee Miller Archives, England, All rights reserved)

Lee Miller (Poughkeepsie, 1907 – Sussex, 1977) começou por posar para fotógrafos (Steichen, Hoyningen-Huene, Genthe) em Nova Iorque. Fartou-se da vida de modelo e passou-se para o outro lado do Atlântico (Paris, 1929) e da objectiva, pela mão de Man Ray, de quem foi assistente, amante e musa. O Surrealismo estava lá, claro. E Miller começou por aí, construindo imagens à procura do subconsciente, do sonho e do delírio. Montou um estúdio de fotografia na capital francesa, dedicou-se ao retrato e à fotografia de moda. De volta a Nova Iorque (1932), tentou a mesma sorte. O negócio corria bem até que surgiu Aziz Eloui Bey, um abastado egípcio com quem veio a casar. Fecha a porta do estúdio e muda-se para o Cairo. No Egipto apaixona-se pelo deserto, fotografa-o. Em 1937, o Surrealismo veio ter consigo outra vez. Tinha um rosto, chamava-se Roland Penrose, artista interessado nas profundezas do espírito humano, aquele que viria a ser o segundo marido de Lee. Pouco antes das armas se começarem a fazer ouvir na II Guerra Mundial, o casal muda-se para Londres. Aí Lee Miller aceita um convite da Vogue para trabalhar como staff photographer. A um ano do fim do conflito, a revista manda-a para a frente de combate. Lee forma equipa com o fotógrafo da Life David E. Scherman. Torna-se numa das poucas mulheres a registar a Guerra na Europa. 20 dias depois do Dia D, desembarca na Normandia. Fotografa o cerco a St. Malo, a Libertação de Paris, os combates no Luxemburgo e na Alsácia, o encontro entre russos e americanos em Torgau e a libertação dos campos de concentração de Buchenwald e Dachau. Em Munique, regista as casas de Hitler e Eva Braun. Numa atitude que mostra bem o seu espírito desenvolto e provocatório, pede a Scherman que a fotografe a refrescar-se na banheira do ditador alemão. Com a Alemanha capitulada, parte mais para leste no rasto dos farrapos do nazismo, do horror que ficou. De regresso a Londres, trabalha mais dois anos para a Vogue fazendo retratos de celebridades e moda. Depois do casamento com Penrose (1947) dedica-se sobretudo a retratar artistas. A Farley Farm House, casa do casal em Sussex, torna-se um local de visita obrigatória para a vanguarda artística que passava por Inglaterra. Morre aos 70 anos vítima de um cancro. Tanto ela como o marido pouco fizeram para promover o seu trabalho como fotógrafa. No início dos anos 80, o filho de ambos, Antony, começa a estudar, conservar e promover as imagens da mãe.
As fotografias de Lee Miller podem ser vistas actualmente em duas exposições, em Espanha (Bilbao, no Bilbao Bizkaia Kutxa) e na Alemanha (Wolfsburgo, no Kunstmuseum Wolfsburg).


David E. Scherman, Lee Miller in Hitler`s bath, Munique, 1945 (Copyright: © Lee Miller Archives, England, All rights reserved)


Lee Miller y el surrealismo
Até 5 de Outubro
Bilbao Bizkaia Kutxa
Gran Vía, 30 48009 Bilbao (Bizkaia)
Tel.: 944017000
Fax: 944 017 800

Lee Miller: Photographs 1930 - 1970
Até 21 de Janeiro de 2007
Kunstmuseum Wolfsburg
Hollerplatz 1, D 38440 Wolfsburg
Tel.: 490536126690
Fax: 4905361 266966
E-mail: info@kunstmuseum-wolfsburg.de

05 setembro, 2006

70 anos, 09h30

Robert Capa, A Morte de um Miliciano, 1936


Há muitas dúvidas, mas também há algumas certezas. Uma delas é a de que a Morte de um Miliciano foi tirada por Robert Capa por volta das nove e meia da manhã, faz hoje 70 anos. A sombra projectada na terra foi o ponto de partida para a investigação de Patrício Hidalgo, um militar apaixonado pela história da Guerra Civil espanhola. Para além da hora, os investigadores chegaram a acordo sobre o local onde a fotografia terá sido captada: Cerro de la Coja, localidade andaluza de Cerro Muriano. Sobre a identidade do miliciano e a genuidade da sua morte continua a polémica. O certo é que com esta imagem, captada no dia 5 de Setembro de 1936, Capa deu início a uma carreira que ficará como uma das mais brilhantes do fotojornalismo de guerra.

Robert Capa

04 setembro, 2006

Mostrar as feridas

Joel Meyerowitz, de Aftermath: The World Trade Center Archive

No dia 5 de Setembro de 2001, Joel Meyerowitz fotografou as torres gémeas pela última vez. Passou muitos dias a fotografá-las para um projecto pessoal antes dos atentados, mas quando o pior aconteceu não estava sequer em Nova Iorque. Três dias depois do 11 de Setembro, meteu uma máquina de grande formato na alcofa e foi para a Zona Zero. Quando chegou ao perímetro de segurança recebeu a primeira nega: “Não pode passar!”. Era um paradoxo. Um dos acontecimentos mais visto de sempre já não podia ser mostrado. Muito menos sem um filtro oficial. Meyerowitz não desistiu. Queria fazer um arquivo de imagens do local para que gerações futuras ficassem a saber “como Nova Iorque lidou com a sua maior tragédia”. Inspirou-se no mega projecto dos anos 30 Farm Security Administration, no qual participaram dezenas de fotógrafos, entre os quais Walker Evans. Nessa altura, o objectivo era documentar as agruras da América da Depressão. Meyerowitz bateu a várias portas à procura de apoios e autorizações e nenhuma se abriu. Até que, por intermédio de um amigo, em finais de Setembro, conseguiu a milagrosa licença para entrar com a sua pouco discreta máquina na Zona Zero. Mais uma vez não conseguiu fazer o que queria. Havia sempre um polícia ou um bombeiro a exigir que se fosse embora. Dois meses depois, arranjou uma licença especial que o tornava “fotógrafo do presidente da câmara” de Nova Iorque, à altura Rudolph Giuliani. O certo é que, o mayor da cidade ferida nem sabia que tinha um fotógrafo oficial na Zona Zero. Não fosse a boa vontade de um grupo de polícias, Meyerowitz nunca teria conseguido acompanhar os trabalhos de transformação do local durante oito meses, até Maio de 2002. Durante esse período, registou 8000 imagens, das quais só conseguiu classificar 5000. Parte desse trabalho está impresso em Aftermath:World Trade Center Archive.

Joel Meyerowitz assina também os textos, feitos a partir de centenas de testemunhos de trabalhadores anónimos que deram o primeiro passo na transformação da Zona Zero. O fotógrafo, de 68 anos, é autor da obra Bystander: A History of Street Photographyby, em parceria com Colin Westerbeck.
Para ler uma entrevista a Joel Meyerowitz a propósito do lançamento de Aftermath: World Trade Center Archive clique aqui.

I don’t think it was just important, I thought it was essential. I wanted people to experience the site viscerally, to see for themselves what they couldn’t experience in actuality .You can’t go back in time but you can explore the past through photography

Joel Meyerowitz, de Aftermath: The World Trade Center Archive

Aftermath: The World Trade Center Archive
Fotografias e textos de Joel Meyerowitz
Phaidon Press, 304 páginas

02 setembro, 2006

Para Perpignan


Rena Effendi, Bacu, Azerbaijão

Começa este fim-de-semana o Visa Pour l´Image de Perpignan, o festival que celebra o fotojornalismo. Inspirados no Grand Prix du Reportage que o jornal Paris-Match atribuía em Paris de dois em dois anos, alguns dirigentes locais quiseram fundar um galardão fora da capital que servisse para pensar, repensar e discutir o papel da imagem na imprensa. Da sintonia entre várias entidades locais, o grupo Filipacchi, o jornal Paris-Match e a revista Photo nasceu, em 1989, o Festival International do Grand Reportage Photo à Perpignan, hoje Visa Pour l´Image de Perpignan. Este ano cumpre-se a 18ª edição que apresenta mais de 30 exposições de alguns dos melhores fotojornalistas da actualidade e do passado. Nas Soirees (entre os dias 4 e 9, às 21h45, no Campo Santo), haverá projecções vídeo de várias reportagens fotográficas nos mais variados pontos do globo. O principal colóquio (agendado para os dias 7 e 8, entre as 15h00 e as 17h30, no Palais des Congrès), moderado pelo fotojornalista e escritor Patrick Bard, abordará o tema Photojournalisme: quand le sujet devient objet.
O abalo provocado com o suporte digital e as mudanças operadas na maneira de fazer e distribuir imagens são um dos eixos do festival. No texto de abertura, Guy Peron, presidente da Associação Visa Pour l´Image, lança a discussão: “a profissão de fotojornalista está ameaçada? Pode vir a desaparecer?”. Jean François Leroy, director-geral da edição deste ano, questiona a hierarquia das notícias que se pratica nos principais meios de comunicação mundiais.

Algumas exposições em destaque:
Samuel Aranda (Agence France Presse): Les Traversées de l'enfer. Sobre a deslocação humana oriunda da África subsariana em direcção às Canárias.
Contact Press Images: Trente ans de Contact(s). Celebração dos 30 anos da agência fundada em 1976 pelos fotógrafos Robert Pledge e David Burnett. Passaram pela Contact nomes como Alexandra Avakian, David Burnett, Gilles Caron, Frank Fournier, Lori Grinker, Kenneth Jarecke, Yunghi Kim, Annie Leibovitz, Li Zhensheng, Don McCullin, Dilip Mehta, Alon Reininger.
Rena Effendi (Photographer.ru): L'Azerbaïdjan en quête d'identité. Retrato de um país em transição, 15 anos depois da independência.
Henri Huet (Associated Press): Rétrospective. Sobre o trabalho de um fotógrafo pouco conhecido que captou, segundo a organização, as melhores imagens da guerra do Vietname.
Reuters: Covering the quake. Sobre o violento sismo que abalou parte da Índia e do Paquistão em 2005 provocando cerca de 75 mil mortos e milhares de deslocados. 16 fotógrafos de 13 nacionalidades deram a conhecer ao mundo, durante seis meses, os contornos desta tragédia.
Alvaro Ybarra Zavala (Agência Vu): Les enfants de la douleur. Sobre as primeiras vítimas dos conflitos no mundo: as crianças. Seguiu o sofrimento dos mais novos nas guerras do Sudão, Colômbia, Tchetchénia, Geórgia e Uganda, entre outros locais. Para lá da violência provocada pelos tiros das armas, Zavala quis retratar também a violência do trabalho escravo (Bolívia) e a violência da doença (República Centro-Africana). Este trabalho deu origem ao livro The Childrem of Sorrow.
Imprensa: 40 jornais franceses e internacionais mostram as suas melhores reportagens do ano na corrida para o Visa d`or 2006.
World Press Photo: referência mundial das exposições de fotojornalismo. Perpignan é o seu lugar natural.

"(...) nous continuons à penser que les personnes compétentes, capable de nous donner une information visuelle juste, sont indispensable, qu'elles s'imposent.
Nous serons donc toujours à leur côté."

Guy Peron, presidente da Association Visa pour l’Image - Perpignan

"On s'en fout ! Nous voulons savoir ce que mange Zidane, ce que pense Figo, si Beckham va bien, si Ronaldo dort bien... Elle est où, la hiérarchie de l'info? Nous avons du souci à nous faire ! Le photojournalisme ne va pas aussi mal que certains aiment le dire.
L'information - elle - a un peu mal au foot. Carton rouge!"
Jean-François Leroy, director-geral do 18º Festival International du Photojournalisme, Visa pour l`Image


Alvaro Ybarra Zavala, Bolívia

Association Visa pour l'Image - Perpignan
Entre os dias 2 e 17 de Setembro
Hôtel Pams, 18 rue Emile Zola, 66000 Perpignan
Tel: 33 4 68 62 38 00
fax : 33 4 68 62 38 01
e-mail: contact@visapourlimage.com

 
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