No dia 5 de Setembro de 2001, Joel Meyerowitz fotografou as torres gémeas pela última vez. Passou muitos dias a fotografá-las para um projecto pessoal antes dos atentados, mas quando o pior aconteceu não estava sequer em Nova Iorque. Três dias depois do 11 de Setembro, meteu uma máquina de grande formato na alcofa e foi para a Zona Zero. Quando chegou ao perímetro de segurança recebeu a primeira nega: “Não pode passar!”. Era um paradoxo. Um dos acontecimentos mais visto de sempre já não podia ser mostrado. Muito menos sem um filtro oficial. Meyerowitz não desistiu. Queria fazer um arquivo de imagens do local para que gerações futuras ficassem a saber “como Nova Iorque lidou com a sua maior tragédia”. Inspirou-se no mega projecto dos anos 30 Farm Security Administration, no qual participaram dezenas de fotógrafos, entre os quais Walker Evans. Nessa altura, o objectivo era documentar as agruras da América da Depressão. Meyerowitz bateu a várias portas à procura de apoios e autorizações e nenhuma se abriu. Até que, por intermédio de um amigo, em finais de Setembro, conseguiu a milagrosa licença para entrar com a sua pouco discreta máquina na Zona Zero. Mais uma vez não conseguiu fazer o que queria. Havia sempre um polícia ou um bombeiro a exigir que se fosse embora. Dois meses depois, arranjou uma licença especial que o tornava “fotógrafo do presidente da câmara” de Nova Iorque, à altura Rudolph Giuliani. O certo é que, o mayor da cidade ferida nem sabia que tinha um fotógrafo oficial na Zona Zero. Não fosse a boa vontade de um grupo de polícias, Meyerowitz nunca teria conseguido acompanhar os trabalhos de transformação do local durante oito meses, até Maio de 2002. Durante esse período, registou 8000 imagens, das quais só conseguiu classificar 5000. Parte desse trabalho está impresso em Aftermath:World Trade Center Archive.
Joel Meyerowitz assina também os textos, feitos a partir de centenas de testemunhos de trabalhadores anónimos que deram o primeiro passo na transformação da Zona Zero. O fotógrafo, de 68 anos, é autor da obra Bystander: A History of Street Photographyby, em parceria com Colin Westerbeck.
Para ler uma entrevista a Joel Meyerowitz a propósito do lançamento de Aftermath: World Trade Center Archive clique aqui.
“I don’t think it was just important, I thought it was essential. I wanted people to experience the site viscerally, to see for themselves what they couldn’t experience in actuality .You can’t go back in time but you can explore the past through photography”
Aftermath: The World Trade Center Archive
Fotografias e textos de Joel Meyerowitz
Phaidon Press, 304 páginas
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