Há um rapaz equipado com o fato e o equipamento do Batman; outro empunha a pose e a convicção de caçador, enquanto outro ainda despe a máscara de um morto-vivo, mas mantém um olhar ao mesmo tempo malandro e atemorizador... Há a pequena cowgirl a olhar o horizonte, a menina que se disfarça de gata escondida dentro de um casaco da irmã mais velha ou da mãe, ou ainda a rapariga que à janela de um automóvel assume a maquilhagem e o olhar de uma Marilyn "inadaptada"...
São todos rostos com nome próprio, mas são secret names, o que significa dizer crianças anónimas captadas num intervalo da correria do Carnaval de Badajoz, no ano 2000.
Secret Names é o título da exposição que a fotógrafa Inês Gonçalves inaugurou este mês na galeria P4Photography, na Rua dos Navegantes, em Lisboa.
É a primeira apresentação pública deste trabalho resultante da participação da fotógrafa num projecto lançado pelo Museo Extremeño e Iberoamericano de Arte Contemporánea (MEIAC), em Badajoz, com o objectivo de fotografar sucessivas edições do Carnaval da cidade, e que envolveu fotógrafos de várias nacionalidades.
Olhando, agora, com o recuo de oito anos, para este trabalho, Inês Gonçalves diz que ele se inscreve na sua atenção ao rosto humano e ao retrato. A artista recorda, contudo, que partiu para este projecto sem programa prévio. "O que mais me chamou a atenção foi a universalidade do imaginário que estas máscaras e estes fatos transparecem", diz, notando que nada neles inscreve o lugar onde estão. "Isto aconteceu em Badajoz, mas podia ser em Portugal ou na América. Todos vêem os mesmos filmes, a mesma televisão, todos participam do mesmo imaginário", acrescenta Inês Gonçalves, que ultimamente se tem interessado mais pela África, continente que diz ter ainda uma identidade que a distingue - está actualmente a trabalhar em S. Tomé e Príncipe, num projecto associado à companhia de teatro Formiguinha, e que inclui a realização de um documentário e de uma exposição.
De regresso a Secret Names, a exposição é apresentada por um texto - Nomes secretos à procura de uma máscara - do poeta João Miguel Fernandes Jorge que, a certa altura, escreve: "De certo modo, nenhum dos fotografados andará longe deste modo de "anjo caído" no espaço do tempo que Inês Gonçalves (con)firmou em fotografia. Eles são registo de silêncio. Um silêncio sem sombra." E foi, de certo modo, um trabalho de silêncio que a fotógrafa procurou na abordagem aos seus "modelos". "Não me interessei pela história particular de cada uma das crianças que fotografei. Limitei-me a pedir-lhes autorização para as fotografar. Quis, sobretudo, registar rostos sem identidade nem pátria. São máscaras universais."
São todos rostos com nome próprio, mas são secret names, o que significa dizer crianças anónimas captadas num intervalo da correria do Carnaval de Badajoz, no ano 2000.
Secret Names é o título da exposição que a fotógrafa Inês Gonçalves inaugurou este mês na galeria P4Photography, na Rua dos Navegantes, em Lisboa.
É a primeira apresentação pública deste trabalho resultante da participação da fotógrafa num projecto lançado pelo Museo Extremeño e Iberoamericano de Arte Contemporánea (MEIAC), em Badajoz, com o objectivo de fotografar sucessivas edições do Carnaval da cidade, e que envolveu fotógrafos de várias nacionalidades.
Olhando, agora, com o recuo de oito anos, para este trabalho, Inês Gonçalves diz que ele se inscreve na sua atenção ao rosto humano e ao retrato. A artista recorda, contudo, que partiu para este projecto sem programa prévio. "O que mais me chamou a atenção foi a universalidade do imaginário que estas máscaras e estes fatos transparecem", diz, notando que nada neles inscreve o lugar onde estão. "Isto aconteceu em Badajoz, mas podia ser em Portugal ou na América. Todos vêem os mesmos filmes, a mesma televisão, todos participam do mesmo imaginário", acrescenta Inês Gonçalves, que ultimamente se tem interessado mais pela África, continente que diz ter ainda uma identidade que a distingue - está actualmente a trabalhar em S. Tomé e Príncipe, num projecto associado à companhia de teatro Formiguinha, e que inclui a realização de um documentário e de uma exposição.
De regresso a Secret Names, a exposição é apresentada por um texto - Nomes secretos à procura de uma máscara - do poeta João Miguel Fernandes Jorge que, a certa altura, escreve: "De certo modo, nenhum dos fotografados andará longe deste modo de "anjo caído" no espaço do tempo que Inês Gonçalves (con)firmou em fotografia. Eles são registo de silêncio. Um silêncio sem sombra." E foi, de certo modo, um trabalho de silêncio que a fotógrafa procurou na abordagem aos seus "modelos". "Não me interessei pela história particular de cada uma das crianças que fotografei. Limitei-me a pedir-lhes autorização para as fotografar. Quis, sobretudo, registar rostos sem identidade nem pátria. São máscaras universais."
Sérgio C. Andrade (P2, 19.05.2008)
Secret Names, de Inês Gonçalves
P4Photography, Rua dos Navegantes, nº 16, Lisboa
Até 28 de Junho
5 comentários:
Em que zona é a Rua dos Navegantes?
É na Lapa.
Sim, aqui.
Vale a pena a visita.
Tem algum link onde brasileiros possam apreciar as imagens? :)
O site oficial será este, mas não sei se haverão mais fotografias disponíveis do que as representadas neste blog.
Enviar um comentário