29 janeiro, 2007

Ce jour-là

Willy Ronis

As fotografias não são só imagem. Quer dizer, são sobretudo imagem, mas não só. São também as condicionantes, as situações, os contextos que lhes deram origem. Cansados que estamos de ver imagens, raramente pensamos quem está por trás delas, quem as fez nascer. É demasiado penoso, obriga a algum raciocínio suplementar. No limite, esquecemo-nos que para determinada fotografia existir foi preciso um fotógrafo. É por isso que sabe sempre bem ler/ouvir relatos de quem decide carregar no botão. E não é só para que nos lembremos do fotógrafo. É sobretudo para que nos lembremos que o fotográfico ainda é consequência de uma opção – disparar. Para que nos lembremos que essa opção tem o poder de provocar outros acontecimentos e emoções. Willy Ronis, “o mais parisiense dos fotógrafos vivos”, como os franceses carinhosamente o apelidam, decidiu, aos 96 anos, contar-nos num pequeno livro as histórias à volta de 54 fotografias suas, captadas entre 1950 e 1960. Os textos, na primeira pessoa, começam sempre por um Ce jour-là. Estão lá os passos, as datas, os acontecimentos que por vezes desvendam, por vezes escondem. Ronis fugiu às imagens estereótipo da sua obra. Preferiu as menos vistas, as menos conhecidas. Não é um livro nostálgico, é um livro crepuscular. (...) Um manual de vida, diz o crítico do Le Monde Michel Guerrin. O mosaico dos 54 textos e imagens formam um retrato de Ronis e fazem uma homenagem à mulher que o acompanhou, Marie-Anne.
No ano passado, mais de meio milhão de pessoas viu a exposição Paris dans l'oeil de Willy Ronis, no Hôtel de Ville, na capital francesa.
Para ler uma entrevista do L`Express a Ronis clique aqui.
Para ouvir e ver uma conversa com o mestre francês clique aqui.




J`ai lá mémoire de toutes mes photos. Elles forment le tissu de ma vie, et parfois, bien sûr, elles se font de signes pardessus les années. Elles se répondent, elles conversent, elles tissent de secrets.

Willy Ronis, Le Monde, Le Monde des Livres, 19.01.2007


Ce jour-là, Traits et Portraits, Willy Ronis
Mercure de France, 184 p., 22 €

1 comentário:

wind disse...

Nunca comento, mas gosto muito de ver este blog:)

 
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