11 abril, 2013

pequena (grande) galeria




A fotografia já tem lugar cativo na Pequena Galeria em Lisboa 

A Pequena Galeria é mesmo pequena - ocupa o equivalente a um corredor. A carta de intenções com que se apresenta aquele espaço é modesta, mas a ambição é grande e passa por fazer mexer o coleccionismo de arte, em particular o da fotografia, voltado para um espectro de compradores muito alargado, com preços para todas as bolsas.

A primeira exposição, Salão #1 (Inauguração), reúne 30 imagens de nomes como Ágata Xavier, António Júlio Duarte, Augusto Cabrita, Carlos M. Fernandes, Carlos Oliveira Cruz, Céu Guarda, Filipe Casaca, Guilherme Godinho, Jordi Burch, José Cabral, José M. Rodrigues, Mário Cravo Neto, entre outros. Uma das estrelas da mostra inaugural é um retrato de Almada Negreiros (sem autor identificado), assinado pelo artista e datado de 1922.

"A nossa intenção é chegar a todos. A galeria é pequena, mas acredito que o mosaico de experiências das pessoas que fazem parte do projecto é muito enriquecedor e abre múltiplas possibilidades", disse ao PÚBLICO Alexandre Pomar, um dos sete fundadores da Pequena Galeria, cujo nome se inspira na galeria que os fotógrafos Alfred Stieglitz e Edward Steichen abriram a 24 de Novembro de 1905, em Nova Iorque, The Little Galleries of the Photo-Secession. Galeria que tinha como um dos objectivos colocar a fotografia ao nível de outras práticas artísticas. Com Pomar na Pequena Galeria estão Carlos M. Fernandes, Guilherme Godinho, Carlos Oliveira Cruz, Bernardo Trindade, Luís Trindade e Ágata Xavier que juntam experiências profissionais relacionadas com a arte e fotografia - que vão desde a criação, da crítica e investigação, à edição, ao comércio livreiro e à realização de leilões. As imagens da primeira exposição resultam das escolhas de cada um dos fundadores (há obras das suas colecções pessoais ou por si captadas...).

 Com este projecto, Alexandre Pomar acredita que é possível dinamizar o coleccionismo, desde que as fórmulas de produção e distribuição estejam adaptadas à actual situação do mercado. "Vamos ter fotografias de mil euros, mas também vamos ter imagens a 50 e 80 euros. Queremos alargar o mais possível o leque de potenciais coleccionadores. Tenta-se vender fotografia como "quadros-fotografia", só para instituições e grandes coleccionadores. Isto fez com que o mercado da fotografia ficasse dependente do da arte contemporânea. E o que se passa é que, ultimamente, o mercado da arte contemporânea está com as calças na mão".

O antigo crítico de arte do semanário Expresso explica ainda que a Pequena Galeria não terá um objectivo exclusivamente comercial. A ideia é organizar exposições com um intuito meramente formativo ou de divulgação em que as obras não estarão à venda. "Queremos mostrar fotografias que estão na posse de particulares, que estão fechadas em casa, em pastas", revela. Ao longo do ano, o espaço da galeria, instalada no número 4C da Avenida 24 de Julho, ficará a cargo de cada um dos fundadores.

As exposições não ficarão mais do que um mês abertas ao público e haverá lugar para apreciação de portfólios de fotógrafos que queiram ver o seu trabalho nas paredes daquele espaço. Apesar de ter a fotografia como suporte privilegiado, a Pequena Galeria apresentará obras de outros universos criativos, como a gravura ou os fotolivros. Numa das próximas exposições, Alexandre Pomar planeia mostrar aquele que, na sua opinião, é um dos melhores fotolivros portugueses, o Álbum Comemorativo da Exposição-Feira de Angola, editado em Luanda, em 1938.

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