30 janeiro, 2011

museu #1




Aborrecido com a falta de visibilidade das centenas de fotografias vernaculares que por fortuna me vieram parar às mãos, decidi inaugurar um museu cá em casa. Era uma decisão que já andava a fermentar há algum tempo, mas só agora, com o apoio mecenático certo (gentilmente fornecido pela Selectal, milhos híbridos) foi possível concretizar.
Chama-se museu do encontrado (nome provisório) e mora por cima do contador do gás, em frente do contador da água e por baixo do contador da luz.
Será um museu independente, mal-iluminado e empírico. Ou seja, será um museu muito voltado para a experiência dos sentidos ainda que privilegie também o "factor decoração" (um museu fica sempre bem em qualquer lado).
Será um museu sensível ao acaso e à sugestão.
Não terá sensores para medir a actividade sísmica, nem securitas.
Mas tem bengaleiro. E biblioteca.
Estará aberto à hora de almoço.
A entrada é à borla, mas está sujeita a certas condições de admissão (limpar os sapatos antes de entrar, por exemplo).
A loja do museu, por seu lado, tem horários indefinidos. Não aceita dinheiro, cheques ou cartões. Só faz troca por troca.
A galeria principal, devidamente equipada com uma moldura transparente de acrílico, recebeu a exposição inaugural com pompa (ao som de sória, stória, de Mayra Andrade) e circunstância (um brinde de abafado).
A imagem desta moça voluptuosa que acompanhava os maços de tabaco em tempos idos foi escolhida por um comissário com pouquíssima reputação.
As exposições têm data de início, mas não têm data de fim.
Este espaço digital procurará reproduzir com o máximo de fidelidade que uma cópia permite as revelações à vista no museu do encontrado.
É ir passando por cá.

1 comentário:

PORQUE disse...

excelente ideia e ainda bem que tem uma expressão digital.
parabéns
manuela matos monteiro

 
free web page hit counter