08 março, 2010

Público - 20 anos de fotojornalismo (II)

Alfredo Cunha, Roménia
© Alfredo Cunha/Público

“A ânsia de tocar as mãos”, a fotografia no momento da denúncia
Alfredo Cunha, 1991

Chora? E se chora, porque não lhe correm as lágrimas? Talvez porque lhe falta tudo – a percepção, o espaço, a luz, a liberdade. Na cave escura e nauseabunda de um asilo para filhos de opositores ao regime romeno, os rapazes deambulam simplesmente e pedem para tocar as mãos de quem se aproxima. Uma estranha “ânsia de tocar as mãos, de contacto”, lembra Alfredo Cunha que assinala esta reportagem que fez com Luís Pedro Nunes como a mais marcante de toda a sua vida profissional, apesar do que viu nas guerras, apesar de ter tido muitas vezes a morte à frente da objectiva. Estes homenzinhos mirrados pela força da intolerância e da barbárie social não tinham nunca tocado o solo livre de uma rua. Não tinham nada. Chorará este homenzinho que nos abraça com uma expressão infinitamente perdida? E se chora, quem lhe roubou as lágrimas?

1 comentário:

Anónimo disse...

"As mãos não são verdadeiras nem reais... São mistérios que habitam na nossa vida... às vezes, quando fito as minhas mãos, tenho medo de Deus...Não há vento que mova as chamas das velas, e olhai, elas movem-se... Para onde se inclinam elas?..."

 
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