A fotografia de Rita Barros está diferente. Muito diferente do que se conhece das séries de retratos embalados pelo jazz, dos quartos e personagens do Chelsea Hotel (Fifteen Years: Hotel Chelsea) e dos registos de incredulidade do período pós-11 de Setembro, em Nova Iorque (Um Ano Depois). Está diferente na cor e na abordagem. No tema e na técnica. Fez um interlúdio na paisagem e no rosto alheio para se ver ao espelho, através de objectos, coisas, lugares e ambientes. As fotografias de Presença da Ausência, que estão em exposição na galeria Pente 10, em Lisboa, fazem uma viagem introspectiva, a um microcosmo vivencial que tendemos a tomar como próximo e aberto, mas que nunca se dá totalmente a ver. É nessa tensão entre o que se mostra e o que fica por se mostrar que reside uma das principais virtudes do conjunto.
Jorge Calado escreveu o texto de apresentação do catálogo. Uma passagem:
“(...) Rita Barros limita-se a olhar à sua volta. Muitas vezes, nem precisa de sair de casa. A história do fotógrafo-viajante é um mito; a viagem mais extraordinária está na imaginação de cada um. Rita Barros pensa nas cores e elas aparecem onde menos se espera. Antes de decifrarmos o objecto, regozijamos com o vermelho da lâmpada (uma homenagem ao Red Room de Eggleston?), o verde do selim, o dourado do sapatinho, a sinfonia cromática da toalha. Faz-me lembrar o júbilo da pintura de Matisse.
(...)”
in Presenças Concretas, Ausências Abstractas
Presença da Ausência, de Rita Barros
Galeria Pente 10
Trav. da Fábrica dos Pentes (ao jardim das Amoreiras), 10, Lisboa
Até 10 de Janeiro
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