13 novembro, 2008

ausências

© Rita Barros


A fotografia de Rita Barros está diferente. Muito diferente do que se conhece das séries de retratos embalados pelo jazz, dos quartos e personagens do Chelsea Hotel (Fifteen Years: Hotel Chelsea) e dos registos de incredulidade do período pós-11 de Setembro, em Nova Iorque (Um Ano Depois). Está diferente na cor e na abordagem. No tema e na técnica. Fez um interlúdio na paisagem e no rosto alheio para se ver ao espelho, através de objectos, coisas, lugares e ambientes. As fotografias de Presença da Ausência, que estão em exposição na galeria Pente 10, em Lisboa, fazem uma viagem introspectiva, a um microcosmo vivencial que tendemos a tomar como próximo e aberto, mas que nunca se dá totalmente a ver. É nessa tensão entre o que se mostra e o que fica por se mostrar que reside uma das principais virtudes do conjunto.

Jorge Calado escreveu o texto de apresentação do catálogo. Uma passagem:

(...) Rita Barros limita-se a olhar à sua volta. Muitas vezes, nem precisa de sair de casa. A história do fotógrafo-viajante é um mito; a viagem mais extraordinária está na imaginação de cada um. Rita Barros pensa nas cores e elas aparecem onde menos se espera. Antes de decifrarmos o objecto, regozijamos com o vermelho da lâmpada (uma homenagem ao Red Room de Eggleston?), o verde do selim, o dourado do sapatinho, a sinfonia cromática da toalha. Faz-me lembrar o júbilo da pintura de Matisse.
(...)
in Presenças Concretas, Ausências Abstractas


© Rita Barros

Presença da Ausência, de Rita Barros
Galeria Pente 10
Trav. da Fábrica dos Pentes (ao jardim das Amoreiras), 10, Lisboa
Até 10 de Janeiro

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