No final dos anos 70, à medida que cumpria a agenda de serviço com uma máquina carregada com película a cores, Manel Armengol (Badalona, 1949) sacava de vez em quando uma segunda câmara equipada com filme a preto e branco para um trabalho mais ousado e pessoal, capaz de o libertar dos requisitos cénicos do acontecimento que podia ou não tornar-se notícia. A necessidade de um outro olhar sobre a realidade que se deparava à sua frente foi tornando obrigatória esta "segunda" máquina, muito mais atenta às geometrias, aos silêncios, às sombras e aos reflexos. E foi sobretudo a partir deste registo que se revelaram ensaios sobre modos de estar, de sobreviver e de combater.
Transições, 70s em Espanha, China e Estados Unidos mostra três países em mudança social e política através de um olhar por vezes harmonioso e próximo, outras vezes mais contundente e distante. As 75 fotografias de Armengol escolhidas pela comissária Irene de Mendoza são um bom prenúncio para inauguração da actividade expositiva da Fundação Foto Colectania em Portugal. Convém sempre recordar - ou descobrir, como é o nosso caso - aqueles que ousaram fazer diferente aquilo que lhes estava destinado. Os que abriram caminho e se esforçaram para nos dar uma visão alternativa das coisas.
Transições, 70s em Espanha, China e Estados Unidos, de Manel Armengol
Arquivo Municipal de Lisboa/Arquivo Fotográfico
Rua da Palma, 246
Até 30 de Janeiro
Sem comentários:
Enviar um comentário