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Passaram quase 40 anos sobre o momento em que Diane Arbus tomou uma dose demasiado generosa de comprimidos e cortou os pulsos numa banheira. Há quem veja neste suicídio o culminar de um percurso errático, a atitude derradeira e desesperada que confunde autor e obra. Porque Arbus (inadaptada?) se coloca (inadvertidamente?) dentro dela, junto de uma galeria de retratados que vivem ou decidiram viver à margem, como ela.
Fur - An Imaginary Portrait of Diane Arbus, de Steven Shainberg, estreou-se ontem em Portugal. Nicole Kidman foi a actriz escolhida para interpretar Arbus. Apesar de ter na mão a única biografia da fotógrafa escrita até hoje, da autoria de Patricia Bosworth, Shainberg não arriscou um retrato histórico. Preferiu o "retrato imaginário", epíteto que cauciona todas as derivações que quis introduzir no filme. Ainda assim, Bosworth, que chegou a ser modelo de Arbus, aparece como co-produtora da longa-metragem, como uma espécie de eminência parda da obra.
Em Fur..., Arbus é retratada como uma dedicada e "tímida" dona-de-casa que se transforma numa artista cheia da originalidade e talento. A rotina burguesa que vive na Nova Iorque de 1958 rompe-se a partir do momento em que começa a privar com Lionel, um enigmático vizinho (Robert Downey Jr.) que a conduz para o caminho que sempre quis seguir - o da criação artística.
Kathleen Gomes já viu o filme e explica hoje no Ípsilon por que é que Diane Arbus ainda assusta.
O site oficial do filme está aqui.
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