Rodney Graham, Schoolyard Tree, Vancouver, 2002
Demorou, mas a fotografia já fez o seu percurso iniciático na arte contemporânea, quer como suporte quer como conceito. O período da afirmação começou nos anos 70. O da consolidação veio com os 80 e os 90. Com este crescendo de influência do suporte fotográfico nas artes, reavivou-se uma discussão que ciclicamente vem à tona: a pintura morreu?
Parece que não. A pintura não morreu. Pelo contrário, reinventou-se. E, nos últimos tempos, têm sido muitas as vozes que apontam o fotográfico como um dos motores desse fulgor. É por aí que se tem potenciado na tela outros significados, outros pontos de partida e de chegada. Chamam-lhe até o “regresso à pintura”.
Num dos percursos possíveis na exposição Helga de Alvear, Conceitos para uma Colecção, ainda patente no CCB, pode acompanhar-se essa integração do suporte fotográfico no mainstream artístico e a forma como serviu para questionar abordagens artísticas em outras áreas, muito particularmente a pintura. Primeiro apenas galerista, Helga de Alvear serviu-se dessa proximidade privilegiada com o meio para dar início a uma colecção que reúne cerca de 2000 mil peças vindas de todo o tipo de experimentalismos artísticos dos últimos 30 anos. Desde os anos 80 que defende os vários usos da fotografia na arte contemporânea. Para esta mostra em Lisboa, Delfim Sardo seleccionou uma pequena parte do seu espólio, considerado um dos mais importantes da contemporaneidade nas mãos de privados. Nos vários núcleos, preferiu usar-se o critério da afinidade entre as obras em detrimento da habitual cronologia. No suporte fotográfico podem encontrar-se, entre outros, o registo documental da efemeridade da performance (Marina Abramovic, Joseph Beuys, Jürgen Klauke, Helena Almeida), as paisagens românticas e as aproximações políticas (Axel Hütte e Allan Sekula), o objectivismo alemão (Bernd e Hilla Becher), a reflexão sobre o espaço público (Thomas Ruff, Andreas Gursky, Candida Höfer) ou a manipulação e assimilação da imagem cinematográfica (Pierre Hyghe, Stan Douglas, Philip-Lorca diCorcia).
Alfredo Jaar, Gold In The Morning, 1985
James Casebere, Yellow Hallway # 2, 2001
Helga Alvear, Conceitos para uma Colecção
Centro Cultural de Belém, Lisboa
Até 22 de Outubro
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