03 fevereiro, 2014

retratos

Bárbara Guimarães
© Carlos Ramos

Muito mais do que tirar retratos
(revista 2, 2.02.2014)


A fotografia de moda está cheia de armadilhas e sofre com alguns equívocos. Um dos mais irritantes (e redutores) é aquele que a olha apenas como montra de vestuário, um suporte que está ligado à promoção e comércio de adereços. É um olhar que, por regra, passa ao lado da sua força criativa enquanto género de alma própria e da sua capacidade de mostrar o corpo e rosto ligados à procura da efabulação, do belo, da sofisticação e do inesperado. O certo é que desde sempre a fotografia ligada ao universo da moda tem sabido contrariar esta subalternização. Porque sempre encontrou formas de marcar o seu raio de acção e de sublinhar o seu papel revelador de tendências tornando-se um dos principais contribuintes para a formação da cultura visual de uma época. Entre a sensualidade do ombro a descoberto de Virginia Oldoini, condessa de Castiglione, captado algures entre 1863 e 1866 pelo francês Pierre-Louis Pierson (1822–1913), até ao mundo estridente e surreal da holandesa Viviane Sassen (1972-), são incontáveis os mestres que ao longo da história da imagem fotográfica contribuíram para esse activo.

Cumprindo uma das promessas de lançamento da colecção de livros de fotografia Amieira, segundo a qual nenhum género ficaria para trás, o editor Manuel Falcão apostou nas fotografias de Carlos Ramos, um dos mais experientes fotógrafos de moda portugueses, para o segundo volume da série que se chama 2013: personal works. Aqui, Carlos Ramos usa todo o seu talento para descobrir a melhor pose e para encontrar o ponto certo em que alguém revela a máxima predisposição para ser olhada. E isto é muito mais do que tirar retratos.



Joana Freitas
© Carlos Ramos

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