11 janeiro, 2012

quinhentos




Era cada tiro, cada melro. As crónicas de Álvaro Domingues no Público de há uns anitos eram os mais certeiros diagnósticos sobre esse desporto nacional a que temos vindo a dedicar-nos febrilmente mais ou menos desde a primeira tarde - o da autodestruição (ou o da construção autodestrutiva, dependendo das épocas e de quem manda).
As crónicas acabaram, para desalento de milhão e meio de seguidores quando o facebook ainda mamava no dedo. Mas a verve é coisa que não se deixa intimidar por classificados nem se perde assim como quem perde berlindes a jogar ao abafa. Olhar de falcão como tem, Domingues não se podia ficar pela palavrinha escrita, lançando-se também na empreitada fotográfica que já nos deu, por exemplo, "A Rua da Estrada" (Dafne, 2010), um roadlivro pelas valetas viçosas deste nosso Portugal, uma charada do mais sério que há ao modo inventivo com que vamos ocupando espaços e construindo paisagem pitoresca, pincaresca, à picareta e à cacetada. Com esse livro, o geógrafo (e professor na faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto) deu início a uma trilogia que agora se vê numa encruzilhada onde todas as tabuletas mostram em alto relevo a palavra crise. Como Álvaro Domingues não é J. R. R. Tolkien, é muito melhor, de certeza que não vamos ter o problema de ficar a meio do caminho como ficou o bacoco do Frodo Baggins assim que se impunha atirar o anel malvado para o caldeirão. Vai daí que para que as coisas tomem o seu caminho natural (sem precisarmos de ajuda das Estradas de Portugal) é preciso fazer uma subscrição do segundo tomo desta corrida, "Vida de Campo", que se atira ao "mau viver" do mundo rural, opúsculo que só sentirá o peso do prelo quando 500 alminhas disserem "sim, eu quero!" na página www.alvarodomingues.net, onde o mapa do tesouro está todo explicado, incluindo a preciosa indicação do NIB para onde se devem mandar os 18 euricos que é quanto custa o bilhete de ida ("Vida de Campo" será enviado para casa, numerado e assinado pelo autor. Impressão até fim de Março, diz a Dafne).
Como para a ida parece que vamos ficar aviados, para a volta, se não houver pneus furados nem avarias na carruagem, temos prometido em jeito de grand finale "Volta a Portugal" (lá quando chegar 2013), um livro que a Sicasal não se deve dar ao luxo de não apoiar.



1 comentário:

Ricardo Silva Cordeiro disse...

Obrigado por partilhar.

Já folheei várias vezes com interesse o livro "A Rua da Estrada" mas nunca me consegui convencer a mim mesmo a comprá-lo. Já este bastou-me ver a amostra online para ficar convencido, dentro em breve haverá mais um subscritor na lista.

É bom ver Portugal a mexer.

 
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