15 novembro, 2011

NTFF 2011 - Vencedoras

Lara Jacinto, da série Arrefeceu a cor dos teus cabelos
© Lara Jacinto


Lara Jacinto é a grande vencedora do Prémio Novo Talento FNAC Fotografia 2011. O portefólio Arrefeceu a cor dos teus cabelos (verso de um poema de Miguel Torga) aborda a vulnerabilidade a que estamos sujeitos à medida que o tempo vai atravessando as relações, os lugares, a pele, e tenta captar o sentimento de perda provocado pela impossibilidade de repetir o que se passou, pela dificuldade de encontrar em si e no outro sinais do que já foram. Lara Jacinto nasceu em Leiria, em 1982. É licenciada em Design Multimédia pela Universidade da Beira Interior e terminou em 2011 o curso profissional do Instituto Português de Fotografia. Desde 2009 que trabalha com fotografia.

Ana Maria Russo foi reconhecida com uma menção honrosa pela série 4/365, um trabalho que mostra as transformações da natureza em recantos inóspitos ao longo das estações do ano.

Fizeram parte do júri António Júlio Duarte (fotógrafo), António Pedro Ferreira (fotógrafo), Mário Teixeira da Silva (director do Módulo – Centro Difusor de Arte, em Lisboa) e o autor deste blogue.




Ana Maria Russo, Outono 1, da série 4/365
© Ana Maria Russo

6 comentários:

F3lixP disse...

Acho que nunca gostei tanto de um vencedor NFTT. Adorei as fotos de Lara Jacinto.
Já a menção honrosa ...

José Andrade disse...

Apesar de não acahar de forma alguma original (vai até bastante de encontro a uma certa "moda" ou tendência estética e conceptual da fotografia actual) gosto bastante e acho o prémio merecido.

A menção honrosa realmente não dá para perceber como foi possível a atribuição de um prémio a um trabalho tão medíocre. Pergunto-me qual a percentagem do valor de uma (floreada) memória descritiva. Este é um fenómeno que observo bastante em portugal e não só na fotografia: parecem dar demasiada importância ao velho chavão "o que conta é a intenção", mesmo que o resultado seja completamente nulo.

Também me surpreendeu ter havido apenas uma menção honrosa, fiquei com curiosidade em ver os trabalhos que não foram selecionados.

Anónimo disse...

Concordo com o comentário anterior quanto à não originalidade e acrescentaria que urge valorizar uma linguagem contemporânea de estética enraizada no nosso modo de ver, de países do sul, em vez de continuadamente valorizarmos réplicas de sensibilidades conceptuais e estéticas dos países nórdicos. É uma tendência um pouco irritante, tanto na nossa fotografia, como na nossa arquitectura - seguir os ditames de holandeses, alemães, finlandeses, etc. Esta mudança de atitude é a meu ver fundamental para conseguirmos singrar fora de portas. Valorizando réplicas do que se faz lá fora, dificilmente conseguiremos uma identidade estética como país com algum peso no panorama internacional.

n

Anónimo disse...

Não consigo perceber a atribuição da menção honrosa. É mesmo inacreditável pensar que não havia melhor do que isto. Gostava de perceber o porquê desta escolha. É vergonhoso e inaceitável que se premeie este trabalho tão medíocre.

Rita

Anónimo disse...

O comentário do primeiro anónimo sobre a existência ou não existência de um modo de ver dos países do sul é muito pertinente. À falta de referentes nacionais, as nossas escolas e os nossos docentes agarram-se às consagradas escolas estrangeiras. O verdadeiro desafio para eles, como docentes, seria a meu ver ajudarem os alunos a encontrarem uma linguagem própria e livre. A luz e o modo de ver que a vencedora do prémio procurou, independentemente do mérito que seguramente teve comparativamente aos restantes concorrentes, definir nas suas imagens é claramente holandesa.
Seria um desafio muito interessante para o autor deste blogue tentar aprofundar a questão da possibilidade de uma estética visual reconhecível como portuguesa que fosse mais além da referência às notáveis excepções nacionais que são o Molder, a Helena Almeida, o José Luis Neto e um bocadinho do Nozolino. Fica a sugestão.

José

José Andrade disse...

Não sei se concordo com a falta de uma linguagem dos países do sul - Espanha tem uma vigorosa identidade cultural fortemente espelhada no seu meio artístico. Dando um claro exemplo na fotografia basta-nos observar o trabalho do Alberto Garcia Alix.

Falando do caso de Portugal em concreto, penso não haverem realmente referências forte a nível da fotografia, nem no presente nem no passado, que possam despoletar um sentido de "missão" a uma nova geração de fotógrafos. Muito provavelmente até já será tarde para criar essa identidade dada a crescente tendência globalizacional.

Não ajuda ainda o facto de em portugal o meio artístico ser fechado sobre si mesmo, obtuso ou, dito de outra forma, com uma herança demasiado "francesa" (no mau sentido: snob e geralmente carregada de um cada vez mais insopurtável pretensiosismo).

 
free web page hit counter