A fundação Novacaixagalicia na Corunha inaugurou a primeira retrospectiva de Lee Miller em Espanha. Legendary Lee Miller inclui cerca de 100 fotografias captadas entre 1929 e 1964. Através deste conjunto, o talento da fotógrafa americana revela-se em várias abordagens: moda, guerra, crónica social e crónica do quotidiano de alguns dos mais importantes artistas do século XX. Depois da Corunha, em Setembro o trabalho de Lee Miller desce até Vigo.
Conhecer Lee (06.09.2006)
Lee Miller (Poughkeepsie, 1907 – Sussex, 1977) começou por posar para fotógrafos (Steichen, Hoyningen-Huene, Genthe) em Nova Iorque. Fartou-se da vida de modelo e passou-se para o outro lado do Atlântico (Paris, 1929) e da objectiva, pela mão de Man Ray, de quem foi assistente, amante e musa. O Surrealismo estava lá, claro. E Miller começou por aí, construindo imagens à procura do subconsciente, do sonho e do delírio. Montou um estúdio de fotografia na capital francesa, dedicou-se ao retrato e à fotografia de moda.
De volta a Nova Iorque (1932), tentou a mesma sorte. O negócio corria bem até que surgiu Aziz Eloui Bey, um abastado egípcio com quem veio a casar. Fecha a porta do estúdio e muda-se para o Cairo. No Egipto apaixona-se pelo deserto, fotografa-o.
Em 1937, o Surrealismo veio ter consigo outra vez. Tinha um rosto, chamava-se Roland Penrose, artista interessado nas profundezas do espírito humano, aquele que viria a ser o segundo marido de Lee.
Pouco antes das armas se começarem a fazer ouvir na II Guerra Mundial, o casal muda-se para Londres. Aí Lee Miller aceita um convite da Vogue para trabalhar como staff photographer. A um ano do fim do conflito, a revista manda-a para a frente de combate. Lee forma equipa com o fotógrafo da Life David E. Scherman. Torna-se numa das poucas mulheres a registar a Guerra na Europa. 20 dias depois do Dia D, desembarca na Normandia. Fotografa o cerco a St. Malo, a Libertação de Paris, os combates no Luxemburgo e na Alsácia, o encontro entre russos e americanos em Torgau e a libertação dos campos de concentração de Buchenwald e Dachau. Em Munique, regista as casas de Hitler e Eva Braun. Numa atitude que mostra bem o seu espírito desenvolto e provocatório, pede a Scherman que a fotografe a refrescar-se na banheira do ditador alemão. Com a Alemanha capitulada, parte mais para leste no rasto dos farrapos do nazismo, do horror que ficou.
De regresso a Londres, trabalha mais dois anos para a Vogue fazendo retratos de celebridades e moda. Depois do casamento com Penrose (1947) dedica-se sobretudo a retratar artistas. A Farley Farm House, casa do casal em Sussex, torna-se um local de visita obrigatória para a vanguarda artística que passava por Inglaterra.
Morre aos 70 anos vítima de um cancro. Tanto ela como o marido pouco fizeram para promover o seu trabalho como fotógrafa. No início dos anos 80, o filho de ambos, Antony, começa a estudar, conservar e promover as imagens da mãe.
1 comentário:
Um bom blog, sem duvida!
Enviar um comentário