07 junho, 2011

de dentro

© Filipe Casaca


A generalidade das imagens que captam o universo de intimidade dos seus autores e o âmago da sua vivência - a casa - estão associadas a um certo modo de ver intrusivo, aquele que nos oferece a oportunidade de espreitar pelo buraco da fechadura, que nos faz assistência de parcelas de existência marcadas pela rotina para as quais não se fazem convites. É uma proposta visual cada vez mais seca de significados e dentro da qual se procuram afirmar e enquadrar novas liguagens documentais e conceptuais relacionadas, por exemplo, com o registo de câmaras de segurança ou com a fotografia vernacular.

É um exercício sempre arriscado, mas a julgar pelo título da exposição que Filipe Casaca inaugura hoje na galeria Pente 10 - a minha casa é onde estás -, parece que a intenção é de nos colocar dentro de uma narrativa de cumplicidades que apesar de enclausurada no espaço físico de uma casa se revela totalmente livre para nos mostrar a poética dos pequenos nadas de todos os dias, a sensualidade dos corpos ou o maravilhamento pela invasão da luz a bater nos objectos, na pele. É uma estratégia que pode fazer esquecer o mais puro voyeurismo a favor da mais simples contemplação.

Filipe Casacaa minha casa é onde estás
Pente 10 – Travessa da Fábrica dos Pentes, 10 (ao jardim das Amoreiras), Lisboa
Até 31 de Julho

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