02 julho, 2010

PHE10 - 5 paragens. #5



© Steven Pippin



Entre Tempos… Quantos tempos tem o tempo na fotografia?

Nos primeiros dois anos como comissário-geral, Sérgio Mah optou por centrar a defesa do tema escolhido numa exposição assumindo aí grande parte das despesas da justificação teórica dos eixos centrais do festival – foi assim com Lugar (2008), através da mostra de W. Eugene Smith, e com Quotidiano (2009), através da exposição colectiva Anos 70. Fotografia e Vida Quotidiana. Para a recta final como director artístico do PHotoEspaña 2010, dirigido segundo o tema genérico Tempo, o comissário português fez questão de sublinhar o carácter dialogante da exposição Entre Tempos. Instantes, intervalos, durações com outras propostas programáticas do festival, quer tenham sido orientadas por si ou por comissários convidados.

A ideia é estabelecer relações formais e estéticas entre as várias exposições da secção oficial de maneira alargar ainda mais a reflexão sobre o vasto espectro de práticas visuais que giram em torno das múltiplas (multíplices, paradoxais…) noções do conceito de tempo. O jogo de descoberta de semelhanças, contaminações, familiaridades ou acasos não tem regras de partida, mas o guia oficial do festival pode dar uma ajuda preciosa. Por exemplo, através dele podemos comparar as figuras heróicas da NBA de Paul Pfeiffer, em plena acção e isoladas de todo o ruído visual circundante, com o mergulho para a piscina sobre fundo negro de Pete Desjardin registado pelo engenheiro Harold Edgerton durante as experiências com flash estroboscópico, uma novidade técnica capaz de registar movimentos até então impossíveis de detectar a olho nu.

Entre registos fotográficos, videográficos e fílmicos, ao longo das salas subterrâneas do sempre fresco Teatro Fernán Gómez, há 17 autores para descobrir (ou redescobrir) e que representam uma cartografia possível da ideia de tempo na linguagem fotográfica. Em conversa com o PÚBLICO no dia da inauguração, Mah afirmou que Entre Tempos… é uma exposição para pensar e para se ver devagar. Não só para que se possam estabelecer as relações e os conflitos dialogantes entre as várias propostas criativas, mas também para que se consiga descobrir a beleza nas pequenas diferenças que se estabelecem entre duas imagens separadas apenas por um abrir e fechar de olhos (Jochen Lempert, Cro-Mañon, 2006).


© Tacita Dean



Entre Tempos. Instantes, intervalos, durações
Ignasí Aballí, Daniel Blaufuks, Iñaki Bonillas, David Claerbout, Tacita Dean, Ceal Floyer, Joachim Koester, Jochen Lempert, Mabel Palacín, Paul Pfeiffer, Steven Pippin, Michael Snow, Clare Strand, Hiroshi Sugimoto, Jeff Wall, Michael Wesely e Erwin Wurm
Teatro Fernán Gómez, Plaza de Colón, 4, Madrid
Até 25 de Julho

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