A fotografia portuguesa vende bem
Sérgio B. Gomes (P2, Público, 21.05.2010)
Voltar. A fotografia portuguesa saiu-se bem na MadridFoto e por isso as quatro galerias lisboetas que se instalaram na capital espanhola entre 12 e 16 de Maio querem regressar à única feira internacional de fotografia da Península Ibérica, que teve este ano a sua segunda edição. A grande maioria dos autores nacionais representados conseguiu vender trabalhos.
Apesar de uma semana cheia de vicissitudes e acontecimentos extraordinários que afastaram visitantes e compradores (desde o anúncio de medidas de austeridade em Portugal e Espanha à Gran Via engalanada - e alcatifada de azul - para comemorar 100 anos e celebrar Santo Isidro), o balanço global dos galeristas portugueses é positivo. Para a Galeria Filomena Soares, em particular, o arranque da feira não podia ter sido melhor: logo no primeiro dia uma obra da dupla Dias & Riedweg (Cada coisa seu lugar. Outro lugar, outra coisa, 2009) foi reconhecida com o prémio Comunidad de Madrid, o que significa que foi comprada para a colecção desta instituição. Para Manuel Santos, um dos directores da galeria, é em tempo de crise que "vale a pena apostar" em arte. Até ao último dia da feira tinha vendido obras dos portugueses Vasco Araújo, Helena Almeida e João Penalva. Entre os artistas estrangeiros, foram negociados trabalhos de Günther Förg, Shirin Neshat e Allan Sekula.
A Galeria Pedro Cera, que se estreia numa feira exclusivamente dedicada à fotografia, vendeu imagens dos três autores que levou até à capital espanhola. Pedro Cera dá conta de um momento de algum constrangimento, mas desdramatiza: "Foi muito produtivo ter vindo. Há muitos coleccionadores cautelosos e que sabem que o cenário é difícil, mas não é dramático." As fotografias vendidas tinham valores entre os 7500 euros (Pedro Barateiro) e os 3750 (André Cepeda).
Na Carlos Carvalho, a única galeria portuguesa repetente da feira, as fotografias de Isabel Brison (Lisboa, 1980) foram das que mais interesse suscitaram. As duas fotografias que ainda estavam na parede (da série Maravilhas de Portugal, trabalhos entre a desordem paisagística e a poluição visual) venderam quatro cópias a 1200 euros, mas o galerista afirma ter vendido outros trabalhos da artista ("Quantas tivéssemos, quantas vendíamos"). Apesar do sucesso das imagens de Brison, o retorno dos custos da deslocação até Madrid não ficou garantido. "Acho que não vamos conseguir pagar a feira, mas como temos um bom grupo de artistas que utiliza a fotografia era muito importante estarmos cá." Uma das vendas mais simbólicas foi a de uma imagem de Daniel Blaufuks para a Fundació Foto Colectania de Barcelona, a primeira do artista português numa das mais importantes colecções de fotografia de Espanha.
A Módulo, de Mário Teixeira da Silva, um dos primeiros galeristas a expor fotografia em Portugal, decidiu apostar num espaço totalmente preenchido com fotógrafos portugueses: Rodrigo Amado, Brígida Mendes, António Júlio Duarte, Virgílio Ferreira e Ana Telhado. No último dia da feira confirmaram-se as vendas de imagens de António Júlio Duarte, Rodrigo Amado e Brígida Mendes. O galerista mostrou-se satisfeito por ter regressado "ao circuito das feiras pequenas" e sem "poluição visual". "O formato desta feira agrada-me. Há muita qualidade na maioria das galerias e julgo que tem pernas para andar", disse ao P2.
Fora das galerias portuguesas, a londrina White Space Gallery (uma das mais concorridas da MadridFoto) vendeu a única imagem exposta de José Pedro Cortes (1300 euros). Já a Galería La Caja Negra (Madrid) que representa Edgar Martins não conseguiu negociar nenhuma das fotografias da nova série do artista, The Reluctant Monoliths, que isola paisagens e objectos urbanos sobre fundo negro.
As imensas bancadas vazias que rodearam o espaço da feira no Palácio dos Desportos (no centro de Madrid) acabaram por resultar numa metáfora perfeita em relação ao número de visitantes que ao longo dos dias pareceu sempre demasiado escasso. Em conversa com o P2, Giulietta Speranza, a directora artística da feira, mostrou-se "muito satisfeita" com a qualidade dos trabalhos e com o facto de, este ano e a seu pedido, boa parte das 58 galerias participantes terem apostado também em autores clássicos e provas vintage (de época).
A feira do ano que vem já começou a ser pensada. É provável que a próxima MadridFoto volte a andar com a casa às costas.
Voltar. A fotografia portuguesa saiu-se bem na MadridFoto e por isso as quatro galerias lisboetas que se instalaram na capital espanhola entre 12 e 16 de Maio querem regressar à única feira internacional de fotografia da Península Ibérica, que teve este ano a sua segunda edição. A grande maioria dos autores nacionais representados conseguiu vender trabalhos.
Apesar de uma semana cheia de vicissitudes e acontecimentos extraordinários que afastaram visitantes e compradores (desde o anúncio de medidas de austeridade em Portugal e Espanha à Gran Via engalanada - e alcatifada de azul - para comemorar 100 anos e celebrar Santo Isidro), o balanço global dos galeristas portugueses é positivo. Para a Galeria Filomena Soares, em particular, o arranque da feira não podia ter sido melhor: logo no primeiro dia uma obra da dupla Dias & Riedweg (Cada coisa seu lugar. Outro lugar, outra coisa, 2009) foi reconhecida com o prémio Comunidad de Madrid, o que significa que foi comprada para a colecção desta instituição. Para Manuel Santos, um dos directores da galeria, é em tempo de crise que "vale a pena apostar" em arte. Até ao último dia da feira tinha vendido obras dos portugueses Vasco Araújo, Helena Almeida e João Penalva. Entre os artistas estrangeiros, foram negociados trabalhos de Günther Förg, Shirin Neshat e Allan Sekula.
A Galeria Pedro Cera, que se estreia numa feira exclusivamente dedicada à fotografia, vendeu imagens dos três autores que levou até à capital espanhola. Pedro Cera dá conta de um momento de algum constrangimento, mas desdramatiza: "Foi muito produtivo ter vindo. Há muitos coleccionadores cautelosos e que sabem que o cenário é difícil, mas não é dramático." As fotografias vendidas tinham valores entre os 7500 euros (Pedro Barateiro) e os 3750 (André Cepeda).
Na Carlos Carvalho, a única galeria portuguesa repetente da feira, as fotografias de Isabel Brison (Lisboa, 1980) foram das que mais interesse suscitaram. As duas fotografias que ainda estavam na parede (da série Maravilhas de Portugal, trabalhos entre a desordem paisagística e a poluição visual) venderam quatro cópias a 1200 euros, mas o galerista afirma ter vendido outros trabalhos da artista ("Quantas tivéssemos, quantas vendíamos"). Apesar do sucesso das imagens de Brison, o retorno dos custos da deslocação até Madrid não ficou garantido. "Acho que não vamos conseguir pagar a feira, mas como temos um bom grupo de artistas que utiliza a fotografia era muito importante estarmos cá." Uma das vendas mais simbólicas foi a de uma imagem de Daniel Blaufuks para a Fundació Foto Colectania de Barcelona, a primeira do artista português numa das mais importantes colecções de fotografia de Espanha.
A Módulo, de Mário Teixeira da Silva, um dos primeiros galeristas a expor fotografia em Portugal, decidiu apostar num espaço totalmente preenchido com fotógrafos portugueses: Rodrigo Amado, Brígida Mendes, António Júlio Duarte, Virgílio Ferreira e Ana Telhado. No último dia da feira confirmaram-se as vendas de imagens de António Júlio Duarte, Rodrigo Amado e Brígida Mendes. O galerista mostrou-se satisfeito por ter regressado "ao circuito das feiras pequenas" e sem "poluição visual". "O formato desta feira agrada-me. Há muita qualidade na maioria das galerias e julgo que tem pernas para andar", disse ao P2.
Fora das galerias portuguesas, a londrina White Space Gallery (uma das mais concorridas da MadridFoto) vendeu a única imagem exposta de José Pedro Cortes (1300 euros). Já a Galería La Caja Negra (Madrid) que representa Edgar Martins não conseguiu negociar nenhuma das fotografias da nova série do artista, The Reluctant Monoliths, que isola paisagens e objectos urbanos sobre fundo negro.
As imensas bancadas vazias que rodearam o espaço da feira no Palácio dos Desportos (no centro de Madrid) acabaram por resultar numa metáfora perfeita em relação ao número de visitantes que ao longo dos dias pareceu sempre demasiado escasso. Em conversa com o P2, Giulietta Speranza, a directora artística da feira, mostrou-se "muito satisfeita" com a qualidade dos trabalhos e com o facto de, este ano e a seu pedido, boa parte das 58 galerias participantes terem apostado também em autores clássicos e provas vintage (de época).
A feira do ano que vem já começou a ser pensada. É provável que a próxima MadridFoto volte a andar com a casa às costas.
1 comentário:
sérgio! há dez minutos vim parar em seu blog e estou feliz com a existência dele! muito bom! parabéns!
vou me concentrar nele com calma depois!
abraços!
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