23 abril, 2009

deserto

© David Zimmerman


O americano David Zimmerman venceu o L’Iris D’Or para o Fotógrafo do Ano no Sony World Photography Awards 2009, um prémio já anunciado em Cannes no fim da semana passada. A imagem com que Zimmerman arrecadou o galardão principal do concurso estava incluída na categoria Paisagem e revela a limpidez árida do deserto do sudoeste americano, um ecossistema considerado frágil.

“A minha documentação destes notáveis desertos espalhados pelo Arizona, Novo México, Califórnia e Nevada é um esforço continuado para influenciar a preservação destes locais através da consciência, opinião e intervenção pública”, afirmou Zimmerman na cerimónia de entrega do prémio.

O Honorary Judging Committee é composto por 12 membros do World Photography Awards Academy. Bruce Davidson, representante do Honorary Judging Committee, afirmou: “Vivemos numa era de consciência ambiental. É também a era da imagem. Ambas podem co-existir para nos dar uma perspectiva mais clara do uso e abuso dos nossos amados oceanos profundos e terra firme, que se encontram bem mais em risco do que nos atrevemos a admitir. As fotografias de David Zimmerman conseguiram fazer coincidir imagem e significado. Na sua perspectiva sensual e determinada, tomamos consciência de onde como seres humanos nos encontramos no percurso das areias ao longo do tempo”. Para Mary Ellen Mark, esta imagem transmite “uma visão única de beleza, poesia, e de poder, possível numa soberba fotografia de paisagem”.

Na mesma ocasião, o fotógrafo francês e anterior presidente da Magnum Photos Marc Riboud foi reconhecido com o Prémio 2009 Lifetime Achievement Award entregue por Elliott Erwitt.

4 comentários:

A miúda que mistura as coisas disse...

O deserto é fascinante, mas esta fotografia é estranha! Parece coisa artificial, aridez plástica. Creio que por vezes há formas de dizer fotograficamente o deserto sem estar nenhum explicitamente tangível por entre as margens que compreendem uma imagem... Não sei explicar. Mas para a vastidão do deserto, qualquer tentativa explicativa é irrelevante! Bem, tenho que ver melhor as fotografias de Zimmerman com o fim de encontrar o deserto.

José Júpiter disse...

As declarações de Zimmerman são nobres, pertinentes e apontam de novo para um tema recorrente que teve frutos na história da fotografia e do Oeste Americano.

Estou-me a referir à repercussão que o trabalho do fotógrafo Ansel Adams teve na preservação, recuperação e promoção dos Parques Nacionais Americanos. O trabalho de Zimmerman não terá decerto o mesmo impacto técnico que o desenvolvido por Ansel Adams, mas vem sempre em boa altura e a sua mediatização é bem vinda desde que aliada aos propósitos por ele referidos. Não me lembro infelizmente de nenhum caso semelhante em Portugal.

O discurso técnico e estético à volta de trabalhos como o de Ansel Adams, o de Zimmerman ou de inúmeros trabalhos de fotógrafos e artistas que abordam esse tema pode ser redutor. Mas, por outro lado, a excessiva estetização e depuração das imagens Zimmerman pode trair as suas intenções originais. Pode distrair o "espectador".

Anónimo disse...

É sempre bom ver e ouvir-te, José Júpiter!

Saudades

M.

Anónimo disse...

Pois... fui ao site do Sr. Ziemermann e nao ha' duvida que a sua ideia e' muito nobre, mas nao sei ate' que ponto e' que as suas imagens me marcam.
Fico perdido no horizonte nao simetrico e nao sei se me levo a reflectir sobre questoes ecologicas.

O deserto, que aqui nao e' mais que uma paisagem com areia transmite-me a imagem fetiche do deserto - uma vastidao de areia, que se estende no horizonte.
Nao ha' duvida que existe uma grande carga poetica, que ja' foi vezes sem conta capturada, processada, exibida...
Nao vejo o que este fotografo possa trazer de novo, que o cinema ou a fotografia de outros autores, nao possa ter trazido ja'.

Ainda que nao traga igualmente qualquer novidade, penso que o projecto das Badlands (outra das regioes 'aridas dos EUA)e' mais interessante, pela forma como joga com a textura do relevo e com a cor, que resulta dos vestigios ainda existentes de vegetacao.

Estas fotografias do deserto... sinceramente nao me estimulam.
Ganhar um premio nao e' tudo e penso que falta alguma coisa nestas imagens.
Talvez sejam demasiadamente "bland".
Os cinzas marcam demasiado uma paisagem que se deveria ter mostrado mais agreste e inospita, mais "rough".
Um pouco mais de contraste nao teria feito mal algum.

Quanto ao Ansel Adams, tem tudo aquilo que referi - o contraste, que falta aqui.

Claro que como em tudo, a analise depende dos gostos pessoais.
Se tivesse gostado muito das imagens diria que o cinza era para dar a ideia de um tempo em suspenso, onde nao ha' vida, ou algo do genero e ate' daria os parabens ao autor.
Nao e' caso para tanto...

F

 
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