23 abril, 2009

Bandeira e multidão, dois símbolos nacionais

© Laszlo Balogh/Reuters


Eduardo Cintra Torres

A fotografia de Laszlo Balogh, da Reuters, mostrando uma bandeira e uma multidão de manifestantes húngaros exigindo eleições antecipadas, no passado dia 5 de Abril, é uma ilustração perfeita da relação próxima entre a bandeira e a multidão como símbolos nacionais.

Quase toda a fotografia é ocupada pela bandeira com as cores da Hungria. No pano estão bordados os dizeres Gloria Victis 1956, glória aos vencidos da revolução de 1956, reprimida pela União Soviética. A bandeira tem o mesmo formato e orientação da fotografia: é como se pudessem coincidir, como se um momento antes a bandeira tivesse coincidido inteiramente com a imagem. Mas não. O momento decisivo foi este em que se cria uma narrativa de reportagem (de acção) que inclui no canto inferior esquerdo a mão que segura o pau de bandeira e no canto oposto, dominando em altura, uma bandeira oficial do país.

O que torna originalíssima esta imagem é que a a bandeira Gloria Victis 1956 está aberta ao centro: tem um buraco que coincide com os limites da representação em mapa da Hungria. E, através do buraco, vê-se a multidão de manifestantes. Há, assim, uma raríssima coincidência entre a bandeira, a multidão nacional (e neste caso nacionalista) e o mapa do país. Três em um. Perde-se quase a percepção da perspectiva e os manifestantes transformam-se em tecido da bandeira.

A relação entre a multidão e a bandeira tem sido muito frequente na arte, na fotografia e na publicidade desde que Eugène Delacroix pintou A Liberdade Guiando o Povo no 28 de Julho de 1830. Escrevi sobre esta relação num texto muito ilustrado publicado na revista online Observatorio (OBS*) com acesso directo por aqui.

1 comentário:

Anónimo disse...

Aproveito a questão para denunciar a situação política na Moldávia e que parece ter passado quase despercebida nos meios de comunicação nacionais.

A questão agravou-se por ter sido mostrada, durante uma manifestação contra o presidente acusado de falsear os resultados das eleições, uma bandeira romena.

A Moldávia fazia parte do território romeno antes da Segunda Grande Guerra, mas devido a este evento foi absorvida como território da União Soviética; entretanto dissolvida, sendo agora um estado independente.

Sendo que em nada beneficia da abertura ao sistema económico russo, a Moldávia é actualmente um dos países mais pobres da Europa.

Mais informação aquiF

 
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