31 março, 2008

nuvem negra

Iuri Kozirev, Zurah, Iraque, 2007
(© Iuri Kozirev/Noor)

O fotojornalismo está cada vez mais condicionado pelas contingências do mercado e pela atitude das revistas e jornais de todo o mundo que teimam em olhar de soslaio para reportagens sobre temas pouco falados ou trabalhos que exigem muito tempo de preparação e execução. O alerta foi dado hoje, mais uma vez, por Jean-François Leroy, presidente do júri da edição deste ano do Prémio de Fotojornalismo Visão/BES, na conferência de imprensa de apresentação do galardão.
A postura de Leroy, director do Visa pour l'Image, um dos mais importantes festivais de fotojornalismo do mundo, foi partilhada pelos restantes membros do júri Susan Smith, Iuri Kozirev, Philip Blenkinsop e Noel Quidu.
"As revistas querem mais fotos por menos. Mas não se pode fazer uma boa reportagem num dia, como é cada vez mais exigido, é preciso esperar, às vezes é preciso esperar muito para apanhar os momentos certos", disse Jean-François Leroy para quem as publicações estão agora mais interessadas em publicar retratos de celebridades. "Dizem que não têm dinheiro, mas não é verdade, porque pagam muito bem por fotografias de celebridades como o George Clooney, mas não querem saber da Tchetchénia", criticou.
Leroy foi também questionado sobre a venda de fotografias classificadas como fotojornalísticas em galerias. A resposta foi esta: "Não concordo. O fotojornalismo não é feito para galerias. É perverso vender fotografias com pessoas a sofrer e é obsceno comprá-las. Primeiro que tudo somos jornalistas, não somos artistas, e trabalhamos para a imprensa, não trabalhamos para galerias".
Os trabalhos vencedores da edição deste ano serão anunciados na quinta-feira, às 18h30, no Museu da Electricidade. No sábado, às 16h30, no mesmo espaço, os membros do júri participarão numa conferência sobre Fotojornalismo.

1 comentário:

marcio ramos disse...

Adorei isso aqui:

Leroy foi também questionado sobre a venda de fotografias classificadas como fotojornalísticas em galerias. A resposta foi esta: "Não concordo. O fotojornalismo não é feito para galerias. É perverso vender fotografias com pessoas a sofrer e é obsceno comprá-las.(...)".

 
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