24 maio, 2007

para onde?

Nuez, Rui Baião/Paulo Nozolino, Frenesi, Lisboa, 2003


Estive há dias a ouvir um editor (Manuel Rosa) e três fotógrafos (José Luís Neto, Duarte Belo e José Manuel Rodrigues) falarem sobre o que os move e o que os preocupa no campo da publicação de livros de fotografia. Pelo que ficou dito, percebeu-se que a publicação de obras com imagens impressas em Portugal enfrenta dilemas difíceis de resolver (distribuição nacional e internacional, espaço de destaque nas livrarias, margens de lucro, qualidade de impressão) e constrangimentos vários, sobretudo relacionados com a pequenez do nosso mercado, que é como quem diz com o número de pessoas que, no nosso país, sai de uma livraria com um álbum de fotografia debaixo do braço.
Manuel Rosa, da Assírio & Alvim, a editora que por estas bandas melhor trata a fotografia que se mostra em livro, foi dos intervenientes mais pessimistas da mesa, não só com esta área editorial, mas com o livro impresso em geral. Apesar do quadro traçado ser pouco animador, a Assírio pretende manter a sua aposta nos livros de fotografia.
Duarte Belo, um dos fotógrafos com mais obras publicadas em Portugal, aponta o nível cultural da nossa sociedade como um dos principais entraves à venda de livros.
José Luís Neto reclamou mais apoio das instituições com responsabilidades na área da fotografia e edição, bem como das galerias onde se mostram os trabalhos dos artistas.
Como nem só das editoras depende a edição, José Manuel Rodrigues, cansado do insucesso das vendas e da qualidade de impressão, passou a fazer um número muito limitado de livros com fotografias coladas em papel totalmente concebidos e executados por si.
É um caminho.
Há que pensar noutros.

6 comentários:

Anónimo disse...

Tal como não é fácil editar livros de fotografia, também não é muito fácil comprá-los. Os preços são, regra geral, proibitivos.
É obvio que um livro de fotografia tem exigências de impressão diferentes, mas penso que, na maioria das vezes, essa exigência é levada ao extremo. E isso reflecte-se no preço final e consequentemente nas vendas.
Pessoalmente, não gosto de livros de capa dura e de formato pouco compacto. Para quem gosta de fotografia como eu, isso torna-se um obstáculo pois estas características parecem ser a norma neste tipo de publicações...
Tenho feito as minhas compras na Amazon porque me apercebi que consigo, na maior parte dos casos, diferenças de preço na ordem dos 50% em relação aos preços praticados nas livrarias. Falo de edições estrangeiras, claro. Porque edições portuguesas na Amazon simplesmente não encontro. Não seria uma forma de divulgar trabalho por esse mundo fora?

Cumps.

Madalena Lello disse...

Já agora, assisti a esta mesa redonda e posso lhe dizer que Manuel Rosa da Assírio e Alvim, está em negociações com a Amazon, o que daí poderá resultar ainda é uma incognita. Partilho consigo, a comprar livros fotográficos é na Amazon e aproveitar os constantes descontos que eles fazem.

Unknown disse...

Agradeço à Madalena por ter antecipado uma resposta que queria dar ao leitor Nuno Amaro. De facto, Manuel Rosa confirmou ter enviado uma carta à Amazon para tentar abrir aí uma via de escoamento dos livros da editora. Caso as negociações resultem, esta ligação devia servir como exemplo a outras editoras que teimam em não olhar para o suporte internet como um mecanismo dinamizador do mercado do livro. O problema é que os sites das nossas editoras são versões virtuais das livrarias tradicionais, sem um rasgo de inovação. Os preços, por exemplo, podiam ser aí muito mais convidativos, coisa que não acontece na maioria dos casos.

Anónimo disse...

o principal handicap reside, acho no preço dos livros sim, demasiado dispendioso para as nossas bolsas limitadas. ainda assim e em resposta ao último comentário, há sites de livrarias (de, por experiência própria da bertrand) que fazem descontos (neste caso de 10%) na compras online... será ta,bém, tvez um começo?? por outro lado interrogo-me sobre como será comprar um livro de fotografia online, sem o folhear, ver, tocer, avaliar....

Anónimo disse...

Para mim a edição tradicional é demasiado cara para os livros portugueses de fotografia. Vejo dois caminhos possíveis:

1) Edição de autor artesanal (livro impresso pelo autor em impressora de grande qualidade).

2) Edição através de um site como o Lulu.com, onde o livro só é impresso quando há uma encomenda (ou é feito o dowload).

Anónimo disse...

agradeço ao editor deste blog a escolha de um "pequeno" grande livro de fotografia para ilustrar este texto. tão pequeno que só teve direito a quantos exemplares? no que tenho em casa diz-me que foram impressos 750 em 2003, abraços para o paulo nozolino, para o rui baiao, para a frenesi e tambem para a arte photographica.
"portugues suave" ( em : http://www.flickr.com/photos/7366042@N03/ ) obrigado,

 
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