26 maio, 2014

PHE14


Gustavo Lacerda. Marcus, Andreza, y André. Da série Albinos, 2014
© Gustavo Lacerda

Vemo-nos no PHotoEspaña
Maria Paula Barreiros, com Sérgio B. Gomes
(Público, ípsilon, 21.05.2014)

O programa da 17.ª edição do PHotoEspaña foi anunciado oficialmente na última semana, no Círculo de Bellas Artes de Madrid, e a proposta para 2014 é deixar que Espanha olhe para Espanha. De 4 de Junho e até 27 de Julho (com exposições que se prolongam até Setembro) há 108 núcleos expositivos e 440 artistas, 317 deles espanhóis, para ver entre Madrid e as cinco cidades-satélite do Festival de Fotografia e Artes Visuais: Alcalá de Henares, Zaragoza, Alcobendas, Getafe e Cuenca.

O carácter mais introspectivo do PHotoEspaña 2014 pode ser sinal dos danos colaterais da crise económica e financeira mas a programação é abrangente e estende-se da memória colectiva (na Biblioteca Nacional vai ser possível ver Fotografia en España 1850-1870 e na Fundación Telefónica Arissa, La sombra y el fotógrafo, 1922-1936) à emergência de novos autores (Fotografia 2.0 reúne mais de 20 fotógrafos nascidos após 1970, uma das exposições no Círculo de Bellas Artes com patrocínio da Fundación Banco Santander).

Os retratos de Chema Conesa (jornalista, fotógrafo premiado, com uma carreira que começou em finais dos anos 70 no diário El País) vão abrir oficialmente as actividades do PHotoEspaña já a partir da próxima segunda-feira. É uma aposta sobretudo mediática a que vai estar nas paredes da Sala Comunidad Madrid-Alcalá 31. Retratos de Papel são 30 anos de uma sociedade que passou pelas páginas e revistas dos principais jornais espanhóis, de empresários a actores, de escritores a investigadores científicos, de pintores a políticos.

Entre as mostras individuais está Autorretrato, de Alberto García-Alix. É talvez um dos fotógrafos mais populares e consagrados de Espanha e a primeira edição do PHotoEspaña, em 1998, já lhe tinha dedicado uma retrospectiva, momento que o próprio assumiu como tendo sido o motor para o reconhecimento futuro da sua carreira, que um ano depois era novamente premiada com o Prémio Nacional de Fotografia. O próprio festival, que distingue anualmente um fotógrafo, dedicou-lhe o prémio em 2012 (no ano passado, o Museu da Electricidade acolheu Pátria Querida, o olhar de García-Alix sobre as Astúrias e a primeira exposição do fotógrafo em Portugal).

Outro dos grandes destaques da edição deste ano é a exposição Fotos y Libros. España 1905-1977, que percorre a história dos fotolivros espanhóis desde o início do século. O comissário desta mostra, Horacio Fernández, é um dos principais responsáveis pelo interesse crescente nas publicações que usam a fotografia como principal suporte criativo e plástico. Em 2000, publicou Fotografía Pública: Photography in Print 1919-1939, um dos primeiros estudos sistematizados sobre fotolivros à escala global, e, em 2011, lançou El Fotolibro Latinoamericano, depois de sete anos de estudo das principais publicações na América Latina. A exposição que se apresentará no Reina Sofia será vertida num catálogo.




Diego Collado. Recuperación de Datos, 2010-2014
©  Diego Collado

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