17 dezembro, 2010

explicar


Maria-do-Mar Rêgo, Caderno II
© Maria-do-Mar Rêgo

Maria-do-Mar Rêgo, Caderno II
© Maria-do-Mar Rêgo



O portfólio A História de Tudo Aquilo que é de Maria-do-Mar Rêgo venceu a única menção honrosa da edição deste ano do prémio Fnac Novos Talentos de Fotografia. Na sua origem, o conjunto (ainda em desenvolvimento) é formado por vários fólios ou cadernos independentes e é dessa forma que será mostrado nas galerias das lojas Fnac.
Aqui fica a memória descritiva de A História de...:


'L'histoire de tout ce qui est et qui meurt.'

Jean-Christophe Bailly, in L’Instant et son ombre

Os nomes, tal como as fotografias são vestígios. Não são provas, mas legendas do mundo, indícios de uma densidade. As fotografias são a afirmação da presença e da existência das coisas.

A minha forma de fotografar baseia-se em duas ideias: a convicção face aos objectos e a convicção da presença dos objectos.

Apoiando-se neste título quase tese, este trabalho consiste num conjunto de estudos sobre a evidência dos objectos do meu universo familiar, extracções/registos do quotidiano. São objectos comuns, cuja singularidade reside na forma como estão dispostos no mundo mostrando-se através de um olhar melancólico mas solar. Quero com isto dizer que há um humor consciente (ainda que nem sempre patente) sobretudo no momento de justaposição das imagens, na formação de cada sequência.


Ao associar as imagens desta forma evoco vários agentes, que a meu ver são cruciais para lograr o efeito desejado. São as ideias de reconhecimento e de
déjà-vu.

Reconhecimento, no sentido em que o espectador só pode descobrir aquilo que reconhece, através de um exercício de insistência (forçar-se a ver) e de inerente repetição. Porque as coisas numa primeira abordagem resistem-nos. E déjà-vu, numa leitura médica do termo, como uma perturbação da memória de um indivíduo que dá a impressão súbita e intensa de já ter vivido no passado uma situação presente.

A História de tudo aquilo que é é composta por sequências de uma a quatro fotografias cuja ligação é, às vezes, invisível, formal, funcional ou poética. Imagens originalmente autónomas a que a convergência e ordem particular dotam de um certo grau de contaminação. Quando chegamos à ultima a primeira já não é igual. É um trabalho em progresso, existindo desde 2008, contando actualmente com 15 sequências. Exercício à maneira de Hans Peter Feldmann ou de Gerard Richter, em alusão aos trabalhos de colecção de imagens e 'Atlas', respectivamente.

(...)

Maria-do-Mar Rêgo


Maria-do-Mar Rêgo, Caderno VI
Maria-do-Mar Rêgo


Maria-do-Mar Rêgo, Caderno XII
Maria-do-Mar Rêgo

2 comentários:

Luђ ●๋• disse...

que lindo :0
e é como dizem:
As palavras desaparecem e o "sentir" da imagem é o que fica
n_n

Anónimo disse...

Lindas!

Lis

 
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