Carlos Lopes, Berlim
© Carlos Lopes/Público
Tive o privilégio de falar com cada um dos fotógrafos que viram imagens suas seleccionadas para uma iniciativa da edição comemorativa dos 20 anos Público. António Barreto, director por um dia, quis espalhar ao longo do jornal de sexta-feira 20 fotografias emblemáticas de outros tantos anos de fotojornalismo ao serviço do Público. Competia-me escrever pequenas legendas procurando junto dos autores das imagens memórias do momento da captura. Ao longo dos próximos 20 dias, publicarei aqui essas fotografias que mostram como o Público contribuiu para a afirmação de um fotojornalismo de qualidade em Portugal.
“Liberdade, ano zero”, trabalhar para o boneco ou o arranque falhado
Carlos Lopes, 1990
Houve capas do PÚBLICO que não chegaram a sê-lo. Ou melhor, não chegaram à vista dos leitores. Não se tornaram públicas. Perdida nas inúmeras peripécias dos “números zero” (os longos meses de preparação para o arranque), esta fotografia de Carlos Lopes chegou a ser paginada numa primeira página. Mas esse jornal, que titulava “Liberdade, ano zero”, nunca chegaria às bancas. Foi a falsa partida de 2 de Janeiro de 1990. “Andámos meses a trabalhar para o boneco. Esta fotografia, como muitas outras, foi literalmente para o boneco”, recorda o fotojornalista, enviado a Berlim na passagem de ano para registar a euforia do período pós-queda do muro. Carlos trabalhou com a luz disponível. É avesso ao flash, foge dele sempre que pode. Nesta imagem, plena de entusiasmo, conjugaram-se luzes vindas de várias direcções. Conjugou-se um grito de união.
1 comentário:
Olha... agora as fotografias contam segredos!
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