21 novembro, 2009

Paris Photo


Paulo Nozolino, Marrakech, 1983
© Paulo Nozolino, cortesia Galeria Pente 10, Lisboa

Sérgio C. Andrade
(P2, Público, 21.11.2009)

Portugal é um dos países que estão este ano em estreia no ParisPhoto, o salão internacional de fotografia que termina amanhã no Carrousel do Louvre. O tema da 13.ª edição, inaugurada a 19, é o Irão e o Mundo Árabe, e o olhar de Paulo Nozolino sobre a cidade marroquina de Marraquexe é parte do conjunto de trabalhos com que a galeria Pente 10, de Lisboa, assegura esta primeira representação nacional no salão parisiense – há também trabalhos de Rita Barros, João Cutileiro, Inês Gonçalves, Victor Palla e Miguel Santos, entre outros.

“A fotografia do Médio Oriente é normalmente a grande ausente dos salões ou galerias consagrados à imagem”, disse ao jornal Le Figaro o comissário do ParisPhoto, Guillaume Piens, ao apresentar esta edição. “Fala-se raramente de fotógrafos árabes e iranianos – só há alguns anos o público e os coleccionadores começaram a interessar-se pelo tema. Esta região do mundo foi o primeiro território de experimentação da fotografia.”

É assim que, numa centena de stands, com galerias e editoras de 23 países, o mundo árabe está retratado, tanto pelos seus próprios fotógrafos como por olhares estrangeiros. Há imagens da guerra do Afeganistão e do conflito israelo-palestiniano, principalmente registadas por fotojornalistas. Há retratos de quotidianos menos traumáticos e mais de acordo com um certo imaginário exótico da terra de As Mil e Uma Noites. Há fotografias com a patine do tempo e a homenagem a alguns autores históricos, como o egípcio Abbas e o seu registo da vida quotidiana no Irão (Pérsia) pré-Revolução Islâmica de 1979. Mas há também as experiências fotográficas do cineasta iraniano Abbas Kiarostami, cujas obras da série Road (galeria inglesa Purdy Hicks)
estão cotadas a 30 mil euros cada.

“No conjunto, os fotógrafos iranianos distinguem-se pelo modo como integram nas suas imagens os elementos da sua cultura: a caligrafia à moda de Shirin Neshat, mas também o véu islâmico (Sadegh Tirafkan), o tapete persa (Jalal Sepehr). A temática é muitas vezes política, as imagens falam do fecho da sociedade, da condição da mulher, mas de forma indirecta”, defende a crítica do Le Monde, Claire Guillott. A galerista Anahita Ghabaian-Ettehadieh opta por outra expressão – é uma fotografia que aborda a realidade com “um pudor tipicamente iraniano”.


Hicham Benohoud, Azemmour, 2007
© Hicham Benohoud, cortesia Galerie VU, Paris

1 comentário:

Cão Traste disse...

que acha da serie dos tapetes do sepher? parece estar a ter bastante sucesso.

 
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