© José Carlos Duarte
O que me surpreendeu quando vi as fotografias de A&J de José Carlos Duarte no ano passado foi sobretudo essa capacidade de retratar um happening casamenteiro de uma forma tão distanciada e ao mesmo tempo tão íntima. Ficamos a imaginar os corpos completos que se vestem assim, os seus rostos, as suas expressões de contentamento, de emoção e euforia. Ficamos a imaginar o que se diz naquele grupo de pernas armadas com saias de cetim. Entramos no sonho daquele rapaz esgotado que caiu redondo no sofá gigante à espera que a meia da noiva seja finalmente cortada e leiloada. Vemos (será que vemos?) a festa a decorrer, os bolos e balões mas nunca provamos pitada que seja do prato principal. E, paradoxalmente, é a partir de uma certa sonolência e algum desapego que entramos como convidados especiais nesta festa que celebrou também o registo fotográfico do pico de felicidade, sempre coberto (negado?) pelo véu do corte e do descontexto.
A&J foi reconhecido com uma menção honrosa no prémio Novos Talentos FNAC Fotografia 2008. A FNAC Sta. Catarina, no Porto, mostra este trabalho até 31 de Dezembro.
José Carlos Duarte, A&J
© José Carlos Duarte
© José Carlos Duarte
2 comentários:
O que sempre me surpreendeu nas fotografias do José Carlos Duarte também conhecido por José Júpiter, é a inquietante constatação de como a frieza pode ser terna e a sua invulgar capacidade de converter o insípido e insignificante numa insuspeitada beleza e harmonia. Uma beleza e harmonia muito longe dos padrões clássicos e sem nada de “flou”! Mas há qualquer coisa na ordem do equilíbrio que toca a delicadeza que estranhamente subsiste mesmo nos espaços iluminados sem piedade e com aquelas naifadas radicais que ele tantas vezes dá às figuras e às coisas que aparecem no seu ângulo de visão. Cá para mim o rapaz tem uma certa precisão a fotografar e uma tranquilidade que acabam por ser bem sucedidas.
Olha! Aparece neste post uma figura humana inteira! Não é habitual! Nem mesmo é habitual a figura humana nele. Mas reparem que até esta figura humana apesar de inteira, aparece a dormir, como se esta criança fosse como os espaços intermédios que ele tanto gosta de fotografar, suspensos entre o passado e o futuro, um momento de interlúdio também, entre a presença e a ausência. Tanto sossego, tanta solidão, afinal. É isto que quase todas as fotografias do José me transmitem embora algumas me agridam.
Muitos parabéns ao José "Júpiter" Carlos Duarte pelo destaque neste blog.
Partilho da opinião da miúda e acrescento ainda que são estes destaques que me fazem acreditar num reconhecimento sincero por aqueles que de facto trabalham de forma honesta em Fotografia.
Lamento não poder ver a exposição pessoalmente, mas desejo desde já todo o sucesso.
Abraço
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