07 outubro, 2009

entre aspas

Scarlett Johansson & Dita von Teese, editorial para a revista Flaunt

- Sendo como é, a Eve aceita todas as extravagâncias do tipo, alinha em todas as suas loucuras, chega mesmo a ser apanhada por elas. Às vezes, quando a Eve desatava a chorar sem mais nem menos e o Ira lhe perguntava porquê, ela dizia-lhe: 'As coisas que ele me obrigou a fazer... o que eu tive de fazer...' Depois de ela ter escrito aquele livro, e o casamento dela com o Ira sair escarrapachado em todos os jornais, o Ira recebeu uma carta de uma mulher de Cincinnati. Dizia que, caso ele estivesse interessado em escrever também um livrinho, talvez lhe interessasse vir conversar com ela ao Ohio. Tinha trabalhado num clube nocturno nos anos 30 como cantora e tinha sido uma das namoradas de Jumbo. Dizia que o Ira era capaz de gostar de ver umas fotografias que o Jumbo tinha tirado. Talvez ela e o Ira pudessem colaborar numas memórias conjuntas - ele providenciava as palavras, e ela, por uma quantia a combinar, seleccionava as fotografias. Na altura o Ira estava tão obcecado pela vingança que respondeu à mulher e mandou-lhe um cheque de cem dólares. Ela garantia ter duas dúzias de fotos e ele mandou-lhe os cem dólares que ela pedia só para lhe mostrar uma delas.
- E chegou a recebê-la?
- Ela falava verdade. Mandou-lhe de facto uma na volta do correio. Mas como eu não ia deixar que o meu irmão distorcesse ainda mais a ideia que as pessoas tinham do significado da sua vida, tirei-lha da mão e destruí-a. Uma estupidez. Um assomo sentimental, presumido, idiota e nada inteligente. Pôr a fotografia a circular teria sido coisa pouca em comparação com o que depois aconteceu.

Casei com um Comunista, Philip Roth

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