10 julho, 2009

Edgar Martins e NYT - desencontros

Uma das imagem publicadas pelo site PDN onde se indentificam partes da fotografia duplicadas


O fotógrafo Edgar Martins está envolvido numa polémica sobre manipulação digital de imagens. As fotografias em causa foram publicadas na última edição da revista dominical do New York Times e no site do jornal que na quarta-feira retirou o portfólio de Edgar Martins.

O fotógrafo aceitou falar com o Público para dar a sua versão do caso. Eis esse texto:

"Sabia que ia desafiar as convenções do jornalismo”


Ana Machado, com Sérgio B. Gomes


Edgar Martins passou 21 dias a fotografar 19 cidades norte-americanas, a convite da "New York Times Magazine”. O trabalho, com mais de uma centena de fotografias sobre os efeitos da crise económica no país, foi publicado no passado fim-de-semana, em seis fotografias. E retirado na terça-feira depois de um leitor ter identificado nas imagens alterações feitas em computador. Edgar Martins, fotógrafo freelancer português, a viver em Inglaterra, explicou ao PÚBLICO que se trata de um mal-entendido entre o que o jornal queria publicar e aquilo que era a intenção do artista.

Nas fotografias imperam imagens de casas inacabadas, vazio e destruição deixados para trás por famílias e empresas norte-americanas arruinadas pela crise. Mas o que foi detectado por um leitor do Minesotta, programador informático, que confessa nem perceber de fotografia, foi que, em pelo menos um caso, onde se via o interior vazio de uma grande casa em madeira, havia manipulação digital da imagem: um dos lados era literalmente o espelho do outro, uma imagem simétrica só conseguida com recurso a um editor de fotografia, como o conhecido programa Photoshop.

O leitor da denúncia chama-se Adam Gurno e acabaria por ficar famoso depois de ter dado uma entrevista ao blogue “Bloggasm”, de Simon Owens ,a contar a sua descoberta. Daí o caso passou para o site “Photo District News”, especializada em informação sobre fotografia. E partir deste site a discussão alargou-se ainda mais na Internet. Os editores da “New York Times Magazine”, que nunca tinham detectado as alterações nas fotografias, não gostaram de saber destas alterações às imagens, até porque o trabalho tinha sido anunciado como puramente documental. E retiraram a fotogaleria do site da revista: “Soubessem os editores que as fotografias tinham sido manipuladas digitalmente e o trabalho não teria sido publicado. Por isso foi retirado”, pode ler-se numa mensagem deixada no lugar do portfólio.

Edgar Martins, vencedor do prémio BES Photo deste ano responde à polémica: “Já esperava esta discussão, o que não esperava era a forma como aconteceu”, disse ao PÚBLICO. “O problema foi o “New York Times” ter vendido a história como vendeu”, disse, negando a acusação de manipulação. “Sou crítico do fotógrafo como turista, que produz um trabalho factual, recuso ser um mero intermediário, que dá uma visão fragmentária”, acrescenta o autor, referindo que nunca lhe foi dito que o objectivo era uma abordagem factual, apesar de conhecer “as ansiedades da editora” sobre trabalhos conceptuais que permitem todo o tipo de liberdades estilísticas.

“Sabia que ia desafiar as convenções do jornalismo. Eu não fui para observar, fui para comentar”, admite Edgar Martins que frisa que nunca colocou de lado o uso do computador e que fala de “um desencontro” sobre o modo como cada parte assumiu o ponto de partida para o trabalho.

Edgar Martins reconhece assim que recorreu a um técnico de Photoshop para transmitir intencionalmente a ideia de um mundo paralelo – daí a imagem espelhada que foi detectada. E que isso não se chama manipulação: “Não foi uma alteração para servir a estética. É uma mensagem que eu quero passar da dualidade entre a aspiração e o excesso, a ruína e a decadência”.

O autor, que já falou sobre este assunto com críticos de arte norte-americanos, e que está em negociações para publicar o trabalho integral com uma editora norte-americana, felicita-se sobre a abertura de um debate sobre um assunto que há muito deveria ter sido lançado, sobre o factual e o conceptual na fotografia: “Perguntaram-me se instiguei este debate deliberadamente e eu respondi que não, mas que de certa forma estava à espera dele. E vai prolongar-se. Tenho uma fotografia que mostra um tijolo em cima de uma esponja, que traduz a fragilidade desta situação. Toda a realidade é uma construção”.

34 comentários:

Michael disse...

Thank you Google Translator!

We all know this article is serious bullshit!
I have been following Mr. Martins work and declarations and now I feel deceived about all this.
This is not showing just a point of view or make a comment.
This blog is clearly trying to hide the truth about the facts.
Also looking to other photos that Mr. Martins has in his website and which he states as "without digital manipulation" (his trademark) and you don't need to be an expert to understand that they are...
Maybe in Portugal this circus works... here in the US it won't.

I can't really say I regret what is happening. What I regret is how I was deceived by a photographer which work I truly appreciated...
Lying has no excuse.
Arrogance in the response either... your points about photojournalism have been discuss since ever. What is he trying to prove... and right with the Times?...

Edgar Martins, you're not welcomed anymore! Maybe if you have your sue, you swallow your arrogance.

Anónimo disse...

Parece-me que nao esta a analizar bem a gravidade da questao. O Edgar sempre promoveu o facto de nao utilizar manipulacao digital (nao tinha de o fazer, bastava estar calado) e mentiu ao seu publico e a varias entidades que acreditaram nele e no seu trabalho. E uma questao de etica e principios. A mentira e inaceitavel, e devia ser jstificada com humildade.

José Carlos Marques disse...

Este caso ainda vai fazer correr muita tinta, mas apesar de concordar inteiramente com a manipulação e a própria explicação de Edgar Martins, a verdade é que todo o seu trabalho (não apenas esta série) sempre foi divulgado como um trabalho livre de manipulação digital. Se em vez de se "vangloriar" pela não utilização do Photoshop, o fotógrafo estivesse calado, talvez a sua teoria fosse agora aceite por todos. Mas não foi isso que ele fez, e na minha opinião vai ser por aí que ele vai perder crédito.
Claro que, sendo nos Estados Unidos, e estando envolvido o New York Times, a discussão vai levantar-se, e vão existir aqueles que vão querer tirar partido da mesma. Mas a discussão sobre a manipulação digital já começou à muito tempo. A própria questão da Manipulação, existe desde o início da Fotografia. Edgar Martins não veio trazer nada de novo, e as suas justificações ou tentativas de se justificar dizendo que estava a tentar abanar com o sistema, comigo não pegam.

Só mais uma nota... Quando Edgar Martins disse que foi lá comentar, e não observar, está a desacreditar todos aqueles que usam a câmara sem recorrer à manipulação. Então o olhar do Fotógrafo (com F grande), não serve de ferramenta crítica? Não serve de comentario? Para quem não sabe usar a câmara fotográfica admito que sim.

Não se esqueçam que em Portugal este caso vai levantar uma questão muito maior... Sendo Edgar Martins o vencedor do prémio BesPhoto, e tendo este prémio sido criticado tantas vezes na sua atribuição a artistas que usam a Fotografia, em vez de Fotógrafos, o que quererá tudo isto revelar?

Mário Nogueira disse...

E já agora, o que dizer do "Topologies"? Reparo com curiosidade que a página da Aperture foi alterada; onde se lia "With artful composition and controlled framing—but no digital manipulation—Edgar Martins creates..." pode-se ler agora "With artful composition and controlled framing Edgar Martins create...". Notam a diferença?

Versão antiga na cache do google: http://209.85.229.132/search?q=cache:qZDktU6HTycJ:www.aperture.org/books/browse-by-photographer/i-m/edgar-martins-topologies.html+topologies+digital+edgar&cd=3&hl=pt-PT&ct=clnk&gl=pt

Cumprimentos :)

Anónimo disse...

A humildade poderia ser muito bem usada neste caso. Alterar textos agora!?!?!? Já passou amigo. E a opção que escolhes-te foi a de tentar fazer passar o espectador por lorpa. Vamos ver até onde o Prémio BES não terá sido atribuido pela frase que dizia "sem qualquer manipulação digital". Venha o juri e explique.

formiga bargante disse...

Já não bastava a "trapalhada" provocada pelo Edgar Martins, vem agora este "frete" jornalistico colocar em causa a forma como nós, portugueses, nos comportamos.
Nem uma única vez o Edgar Martins é confrontado com o essencial da discussão que cresce nos EUA sobre as fotos retiradas do New York Times. É que vocês sabem muito melhor do que eu que a estratégia de comunicação do Edgar Martins se tem baseado na afirmação constante de que não manipula as fotos. Vocês sabem!
E, no entanto, ignoram.
Como prova máxima do compadrio e da protecção dos amigos, é o título deste vosso "frete" - EDGAR MARTINS E NYT - DESENCONTROS-
Aqui não há nenhum desencontro entre o Edgar Martins e o NYT.
O que existe é um desencontro entre o Edgar Martins e a verdade.
Tenham vergonha.

Anónimo disse...

Eu apoio inteiramente a afirmação aqui do formiga.

Vergonha é a palavra de ordem para Edgar Martins, que vem acumulando créditos com base numa mentira.

Anónimo disse...

ele diz 'Sabia que ia desafiar as convenções do jornalismo'. Meu deus, que ideia... ele, o mestre edgar vem agora desafiar as regras. ao fim destes anos de fotografia vem o senhor com truques medianamente executados em photoshop questionar as convenções... E quando na história da fotografia quando não havia photoshop, como é que era? como é que o humilde W.evans desafiou essas regras?
Mr. edgar, as regras quebram-se sem formulações. quebram-se porque as pessoas são honestas e vêm realmente as coisas de forma original. Quando a estratégia é evidente, o barco vai ao fundo, as imagens perdem-se e o discurso transforma-se em ruído...
Marketing e arte poucas vezes funcionam juntos...

Anónimo disse...

já agora vejam um site onde ele foi entrevistado há 1 ano.

http://artmostfierce.blogspot.com/

vejam a os textos e reacções

Anónimo disse...

Eu adoro a maneira como acaba este texto: "Tenho uma fotografia que mostra um tijolo em cima de uma esponja, que traduz a fragilidade desta situação."
É incrível como um homem sozinho consegue através de uma única fotografia apresentar toda a fragilidade da questão sobre a manipulação digital de imagens no fotojornalismo. Eu diria que o senhor Edgar Martins tem mais de Filosofo do que de Fotógrafo. Mas aposto que este gajo ainda vai conseguir ganhar uns trocos, se escrever um livro. Eheh.

Lamento informá-lo senhor Edgar, mas nessa tal fotografia que refere, a esponja é você. E o tijolo vai cair-lhe em cima não tarda nada!!!

Anónimo disse...

e quem paga?
o técnico do photoshop..
a coisa foi mal feita e descoberta e lá vai ele para o desemprego..

sugestão: mais formação e melhores qualificações em photohop, frequentar cursos e workshops e talvez também uma aulas de magia.

fotojornalista que trabalha e muito para soberviver disse...

se nao intenta documentar, entao nao se devia intitular fotografo mas sim artista visual...

esta entrevista e este post no Publico e so fachada, compadrios e tentativa de mandar areia pros olhos do ze povinho. o edgar nao foi sincero e por isso nao merece nenhum respeito.

p.s: alguem lhe vai pedir os 25mil euros do premio BES de volta? porque deviam...

Filipe disse...

Caro Sérgio,

Parece-me impossível que esteja a colaborar com esta visão dos acontecimentos, quando nem sequer procurou saber o lado do NY Times.

O texto que leio aqui e que acho vergonhoso para o Público, inclusive, só demonstra que em Portugal reina a impunidade.

Eu estava à espera que o Edgar Martins pudesse falar de um mal-entendido, mas não desta forma que até considero arrogante em querer abordar os "males" do Foto-Jornalismo.

Mesmo a questão de minorizar a pessoa que descobriu que as fotografias eram manipuladas demonstra uma grande falta de príncipios.

Não concordo com esta sua atitude, nem como a forma como está a desculpar o Edgar Martins em todo este processo.
A informação neste blog parece mais uma igual manipulação dos factos e que é digna de um Estado Totalitário.

O que se pode ver e agora com outra predisposição perante os factos acabados de ser admitido pelo fotógrafo (ou diria compositor digital de imagem) Edgar Martins é que se se tomar atenção existem outras imagens que também são manipuladas.

Isto sim é o problema e não o facto de ele as ter manipulado agora para marcar uma posição sobre o foto-jornalismo actual.

Edgar Martins habitou o seu público a uma imagem de marca, onde sempre fez questão de referir que não usava nem manipulação digital, nem mesmo no laboratório para produzir as suas imagens. Facto este que lhe trouxe a admiração de um público, críticos, galeristas, editoras, coleccionadores, etc...
Isto é enganar premeditadamente toda a gente e não tem desculpa.

Mais ainda, a Aperture que fazia questão de ter na sua informação acerca do trabalho de Edgar Martins que as imagens não tinham qualquer manipulação digital, acabaram por retirar essa mesma informação do website.

Por isso, peço-lhe que não colabore também com esta farsa.
O que foi feito não tem desculpa.
Se nos EUA as pessoas têm de dar a cara e assumir responsabilidades, ao menos em Portugal, onde isso não acontece, que exista mais ética profissional.
Caso contrário, temos um país que é um abrigo de marginais.

Tenho muita vergonha disto tudo... e estou muito desiludido comigo mesmo por ter vivido uma mentira.

Não tenho mais palavras.

Jain Lemos disse...

I, for one, who wanted to give Edgar a chance to explain, am disappointed with his excuses. It seems as if he is saying that the NYT Magazine was aware he altered the images, but wanted to use his photos anyway. As though he submitted frames that were altered and ones that weren't, but they chose photos regardless. Really? Is that what you are saying here, Edgar?

So here is what I have to say:

http://www.jainlemos.com/?p=683

Jose Paulo disse...

No site do Edgar Martins e na apresentação do portfolio no NYT dizia sem sombra de dúvida que NÂO existia manipulação digital. Existiu e pelos vistos em muitas fotografias do seu portfolio. Contra este factos não há argumentos.

O Público na sua edição de hoje, 11 de Julho, tem escrito na última página:

"Edgar Martins nega ter manipulado fotos". Na entrevista admite que recorreu a um técnico de Photoshop. Como se admite esta contradição num jornal dito de referência?

José Paulo Andrade
www.pbase.com/jandrade

Anónimo disse...

Mister Edgar Martins highly amnipulated images speak louder than his words. For those with eyes that see it is clear that he is a liar, a cheat and a fraud. In his shame at being found out he is now hiding behind the skirts of a so-called philosophic stance that is at least as old as Plato to justify his actions.

mário venda nova disse...

primeiro lamento que este texto seja, mais linha menos linha, o mesmo que foi publicado no site do jornal 'público' na secção 'última hora, sendo assim não traz nada de novo à questão. esperava pelo menos um acto de reflexão, uma análise da questão sem apontar culpados nem desculpar algum dos intervenientes mas algo mais dirigido ao cerne da questão. Mas tal não foi feito.

sendo assim será necessário analisar o que foi feito e por quem. o new york times retirou de facto a galeria de fotos do seu site porque se arriscava a ficar mal no meio desta embrulhada, há uma década atrás isto era tratado através de uma carta o editor e ficava por ali, hoje com o advento da internet os editores sabem bem que em segundos isto estaria - como está - comentado por todo o mundo. com a reputação a defender o nyt nem ouviu edgar martins e tal como uma dama ofendida pura e simplesmente veio a público a declarar-se traído. mas alguém analisou as últimas galerias do nyt? alguém viu as fotos brutalmente editadas da galeria 'worrying signs for post-withdrawal falluja' publicada pelo jornal em 2009/06/23? analisem a fotografia 8...e depois falamos.

quanto a edgar martins acho que cometeu um erro crasso, de palmatória até e vai pagar caro pelo mesmo. o trabalho não tem necessidade da edição que lhe foi feita, valeria per si como ensaio, à maneira de um alec soth ou de um casariego. mas martins optou por entregar o trabalho a um editor de imagem de segunda - eu diria incompetente mas parece-me talvez um pouco forte - e não conferiu o trabalho final antes de o entregar? ou já trabalha há tempo suficiente para conhecer o seu trabalho e confiou? em qualquer dos casos edgar comete um erro fatal: no primeiro não controla a qualidade final do seu trabalho e pela qual irá ser julgado, no segundo mostra que está a enganar o público e editores há já algum tempo; entre as duas hipóteses venha o diabo e escolha.

apesar do que martins diz, não deve haver nenhuma editora interessada em pegar no livro depois desta polémica, é projecto condenado ao fracasso para qualquer editora dos eua. o público esquece muita coisa mas tem memória longa quando se sente enganado. na entrevista ao artmostfierce martins disse e passo a citar: "When I photograph I don’t do any post production to the images, either in the darkroom or digitally, because it erodes the process. So I respect the essence of these spaces.

When you become a perfectionist, the perfection takes over, you know? And that really skews the overall meaning of the image. So that ‘s why I try to make the images as organically as possible…But I don’t have anything against digital photography." hoje sabemos que essa afirmação não é totalmente verdadeira, no seu livro topologies - e por isso a aperture retirou a afirmação "without digital maniplutation" do seu site - edgar já tem imagens que têm edição de imagem, nomeadamente elementos que foram clonados e duplicados (a imagem é esta: http://www.themorningnews.org/archives/galleries/topologies/01top.php).

agora interessa saber ao certo a opinião do edgar martins, acho que tem uma carreira promissora pela frente mas tudo está dependente da maneira como vai explicar esta trapalhada toda. para mim só tem uma opção: vir a público o mais rápido possível e ser verdadeiro. qualquer outra opção será desastrosa.
quanto ao nyt tem que arranjar também uma saída airosa disto, como é que é possível que isto tenha passado mesmo debaixo dos olhos dos editores de fotografia do jornal, como? e a haver culpa, a mesma deve ser dividida entre ambos os intervenientes; ninguém é inocente nesta situação por muito que nos tentem convencer disso.

José Carlos Marques disse...

No meio disto tudo, e depois de tantos comentários, há uma questão a ter em conta: a única verdade é que Edgar Martins manipulou as imagens (quer diga que sim ou que não), e não o fez com o nobre propósito que afirma. O que fica é que, mesmo sendo português, foram (estranhamente) os americanos que deram mais importância ao assunto. E os americanos sentem-se traídos pelas imagens que Edgar Martins lhes entregou.
Como todos sabemos, a imprensa na América não costuma esquecer, e qualquer que seja a próxima "aventura" em que Edgar se veja envolvida, a questão da manipulação vai vir ao de cima. Portanto (e esta é a minha modesta opinião), o melhor que o autor tem a fazer é admitir de uma vez por todas que fez a manipulação propositadamente. Ser um homenzinho, assumir as culpas e rezar para que a coisa fique por aqui.
Caso contrário o público só o vai desacreditar mais e mais e mais. E chegará a altura em que Edgar não vai passar de "mais um" fotógrafo no meio de muitos.

Uma palavra para os responsáveis pelo Bes/Photo. Eu sei que qualquer decisão vai ser sempre apoiada pelos responsáveis do concurso, mas era digno que os mesmos viessem a público mostrar que o prémio não lhe terá sido atribuido com base na afirmação da não-utilização de manipulação. Com certeza deve haver uma acta de juri. Era bom que a mesma ficasse a ser conhecida. Não por mim, mas pelos outros concorrentes, por exemplo.

Penso que esta é uma das questões mais polémicas na Fotografia dos ultimos tempos, e como portugueses, devemos segui-la de perto e não deixar que as coisas azedem para o nosso lado. Como fotógrafo, ia detestar que a boa imagem dos nossos profissionais fosse manchada pela idiotice (peço desculpa pelo termo, mas é o melhor que consigo encontrar) de apenas uma pessoa.

Anónimo disse...

Edgar, Edgar, onde foste parar???
Haverá aqui desonestidade intelectual?? Parece-me que há mesma é da outra, da dos simplórios e oportunistas
Quem com ferros mata, com ferros morre...

Filipe disse...

Caro Mário Venda Nova, o NY Times não retirou as fotografias do Edgar Martins, apenas porque teve uma denúncia. Também é errado dizer que não contactou o fotógrafo e que agiu apenas baseado na sua reputação. Está explícito e cito: "Editors later confronted the photographer and determined that most of the images did not wholly reflect the reality they purported to show.", ou seja, receberam a denúncia e confrontaram o fotógrafo, pelo que então decidiram retirar as imagens do website - significando que o fotógrafo Edgar Martins manipulou de facto as imagens.

Sobre a sua indignação acerca da incapacidade do jornal em ter meios próprios para validar as imagens, a maior capacidade que eles têm é a ética profissional - de terem acreditado nas palavras de Edgar Martins.
Se um fotógrafo, desde sempre que verbaliza a não manipulação das suas imagens e apela a um virtuosismo da longa exposição e excelentes composições, o poder das suas palavras e a credibilidade que tem vindo ganhando por as proferir e que lhe fez ter o destaque, confere-lhe esse idoneidade indiscutível e que se assume à partida por todo aquele que conhece este discurso e postura do fotógrafo.

Agora esta situação traz a lume dois aspectos, que na realidade são apenas um.
Tivesse Edgar Martins admitido ou diria mais, nunca se ter pronunciado e a ser honesto com o uso de manipulação no seu trabalho, será que lhe teriam sido dadas todas as oportunidades que teve até agora?
Provavelmente até teria acontecido. O que não teria acontecido é que toda a gente (desde curadores, júris de concursos, etc) tinha feito figura de parvo em acreditar nas suas palavras.

Revela-se agora que Edgar Martins não é assim um virtuoso da imagem como se pensava, com um olho acima da média; mas sim um compositor que se apoia em métodos de pós-produção.
Não existe problema nenhum nisso. Claro que as imagens vão ter um valor diferente, do que aquele que teriam, caso fossem fruto de uma captura cuidada e assente em técnicas mais clássicas (como ele sempre assumiu); mas teriam o seu valor.
Agora o que fica é o abuso de confiança que ele criou com o seu público e o precedente que abre com outros fotógrafos que não usam de facto técnicas de pós-produção, embora aparentemente pareçam (por exemplo o fotógrafo italiano Andrea Galvani, que merece todo o meu respeito pela forma honesta como trabalha e pelas suas belas imagens)

Também a forma como se "defendeu", em que não se entende se nega ou se afinal até contratou um técnico, em que procura desviar a atenção do assunto e de forma um pouco arrogante, na minha opinião.
As suas questões ou as que diz justificar a sua atitude não são novas e desviam o seu "erro" (a mentira), para uma discussão sem fim entre "imagem manipulada" versus "imagem não manipulada".

Acontece que afinal este não foi o primeiro trabalho em que recorreu à manipulação, apesar de ter criado um discurso que dirige o seu público na direcção oposta (e que causa admiração pelo seu trabalho, para além das boas imagens).
Será que se deve proteger a falta de ética?
Fazendo este discurso parte da sua bagagem e tendo atravessado vários níveis que lhe legitimaram o trabalho, não ser isto a justificação mais que óbvia do porquê do NY Times ter confiado no seu trabalho?
Afinal ao proferir aquele discurso, o que ele dizia era que apesar das imagens parecerem ser editadas, ele, Edgar Martins era totalmente contra e o resultado era apenas o da sua enorme capacidade como fotógrafo e as longas exposições (com toda a carga poética que isso carrega e que lhe permite fazer a distinção entre o fotógrafo que compõe de forma demorada e que parte de uma pesquisa; e a outro que repugna, do "travel photographer" que produz trabalhos inteiros em 3 dias).

No fundo, Edgar Martins foi fotografar as consequências de uma mentira financeira (o subprime) e revelou ao mundo a sua própria mentira - a mentira que envolvia o seu processo de trabalho e com a qual foi lucrando ao longo do tempo.
É esta a ironia do destino...

Anónimo disse...

http://lens.blogs.nytimes.com/2009/07/08/behind-5/?scp=1&sq=Edgar%20Martins&st=cse

Jonnizz disse...

Por curiosidade, e, depois de ja ter lido muita coisa cerca desta triste noticia (que mais parece uma idotice infantil de quem copia num exame da escolinha), fui de facto ver mais uma vez o portfolio de menino Edgar - esse tão intelectualemente acreditado - e bastou-m entrar na galeria do "The Diminishing Present" para chegar á foto 8 e 9 e de facto rir-me com tudo isto. Ainda me ria mais pelo facto de isto já "rolar" há anos loool. Ridículo. Digam-me lá, agora que já sabemos os truquezinhos do menino, se não reconhecem a técnica na berma do alcatrão nestas duas fotos ehehe. Rídiculo.

Edgar, muitos outros fotógrafos usam photoshop hoje em dia. Não tenhas vergonha, afinal és humano. E podias-te ter até safado...
Não fosse a hipocrisia.

mário venda nova disse...

Filipe, desculpe o meu erro mas de facto referia-me ao primeiro comunicado do nyt que dizia o seguinte: "the pictures in this feature were removed after questions were raised about whether they had been digitally altered." neste comunicado ainda não tinham obtido qualquer explicação do edgar martins, por muito que o jornal tente passar essa ideia.

repare que não estou "indignado" com o nyt, apenas me surpreende como deixaram passar isto debaixo dos olhos, aliás esta não é a primeira polémica acerca de fotografias publicadas no jornal que tiveram suspeitas de passarem pelo 'photoshop', as fotografias do staff de Obama por Nadav Kander levantaram uma larga celeuma por terem as sombras adicionadas à posteriori.

a questão não está centrada na questão de as imagens serem manipuladas mas na questão do porquê serem manipuladas, sobretudo à luz da explicação do fotógrafo. queria desmascarar uma ilusão e aceita uma reportagem para o fazer? porque não um ensaio próprio e aproveitar as documentais para o nyt?

não vejo como isto diminui o virtuosismo do edgar, repare que uma composição calma e tranquilamente preparada pode ser perfeitamente estragada por um elemento estranho que nesse instante atravessa o campo de visão da máquina, um saco de plástico a boiar à superfície de um rio e que atravessa o enquadramento no momento da captura é um bom exemplo de algo que não estava na preparação da foto e que de repente surge na imagem final. nesse caso o photoshop é uma ferramente bastante útil para evitar o refazer uma imagem que nunca mais se repetirá, o local fica mas algumas circunstâncias como a qualidade da luz podem nunca mais se repetirem. agora nestas imagens não há nada que justifique esse tratamento, tratam-se de áreas urbanas, decrépitas e sujas, locais de construção abandonados e todos os sinais que indicam a urbanidade e decadência dos espaços - não-lugares? - devem ser mantidos, aliás na minha opinião reforçam o estado de decripitude e a ambiência das fotos. mas isso tem que ser assumido pelo fotógrafo em vez de negar qualquer edição ou manipulação como o edgar sempre fez. a verdade acima de tudo, nada contra a manipulação desde que assumida e bem executada, o que nem é o caso aqui.
em relação à aversão que o fotógrafo revela em relação aos fotojornalistas é novamente uma faca de dois gumes: 21 dias não são propriamente suficientes para se fazer um trabalho de fôlego sobre as consequências da crise do sub-prime portanto isto foi mais uma sessão de fotojornalismo on-the-go do que propriamente um ensaio de meses, cuidadosamente planeado e executado.

reforço com o seu comentário de que o edgar deveria vir a público o mais rápido possível esclarecer isto de uma vez por todas em vez de estar à espera que isto caia no esquecimento porque isso não vai acontecer tão cedo. e um dia destes não vai ser lembrado como o fotógrafo que mentiu mas sim como o fotógrafo que mentiu e não se dignou a fornecer explicações ao público. e isso terá um efeito catastrófico e bastante perverso na sua carreira.

Anónimo disse...

Vou contar-vos uma história: aquando da inauguração do BesPhoto fiz-me acompanhar de uma pessoa muito minha amiga mas fora das lides artísticas. Mal entrei na sala do Edgar Martins (devo desde já dizer que o meu candidato favorito era o André Gomes) comentei com este minha amiga: ora aqui estás na secção das manipulações digitais. Devo ter falado alto e todos os que estavam ao meu redor olharam para mim como se fosse uma extraterrestre. Cheguei até a confrontar um dos senhores e perguntei-lhes: estou a dizer alguma mentira? Quero com isto dizer que pelo facto de ver, por dia, mais de 20 portfolios de fotógrafos de todo o mundo podia muito bem fazer uma afirmação dessas. O que mais me inquieta é como é que o júri, tão entendido em fotografia, não captou uma coisa destas logo à primeira vista. É lógico, é perceptível e só foi enganado quem quis.
Queria também já agora comentar o seguinte: o Edgar Martins continua a ser para mim um esteta da fotografia. As suas imagens são sedutoras por si só. Quero com isto dizer que apesar desta trapalhada toda não o tirei da minha lista de futuros artistas a trabalhar nalguma exposição. Em termos éticos o seu comportamento não foi o mais correcto (e para mim isso pesa imenso) e as suas justificações mais parecem acabadas de sair de uma turma iniciante em teoria da fotografia. Contudo, creio que já não vivemos mais na época do Walker Evans (se tivesse vivido nesta época delirava com estas manipulações) e assim sendo, devemos de nos deixar de purismos e mais purismos na fotografia porque é a documental e a fotojornalística as que mais mentem. Assim sendo, Edgar Martins: Estás Perdoado!

Miguel disse...

O uso do photoshop tornou-se secundário aqui. A envolvente é que embasbaca. Uma pessoa quase fica sem palavras. O Edgar deve pensar que todas as pessoas se pautam pelo seu nível ético e intelectual. A cara-de-pau não tem limites. “Sabia que ia desafiar as convenções do jornalismo." Esta gente é mesmo assim ridícula ou faz uma formação especial para tal?! Não basta o episódio lamentável ainda quer passar aos indígenas um atestado de estúpidos.
Diz o primeiro comentário "Maybe in Portugal this circus works... here in the US it won't." Aqui não funciona não. Pelo menos para quem nasceu com mais de um neurónio.
Um Fotógrafo recentemente falecido e referido num post desta casa, tinha uma frase lapidar sobre a atitude de trabalho de bípedes como o menino Edgar. Mas não seria publicável, creio. Grande João Bafo.

Anónimo disse...

Concluo pelo comentário do Anónimo, que de facto não interessa que o fotógrafo diga a verdade acerca do seu processo de trabalho. Se a sociedade contemporânea, apesar da informação ser mais imediata e difundida vive dentro de padrões de não verdades, então a mentira é perdoável e aceite como parte do processo de trabalho artístico.
Partirei do príncipio que toda a gente mente e quando for ver uma exposição de fotografia sei à partida que estou a ser enganado - porque quero, claro.
Porque o problema não está no facto do fotógrafo não dizer a verdade. O problema está no público que se deixa enganar.
Provavelmente o Walker Evans até viesse a ser o maior manipulador de arte, mas duvido que fosse mentir acerca do assunto.
Obrigado Edgar, deste a toda a gente uma grande lição!

Miguel disse...

Só foi enganado quem quis, realmente, mas o que se mexe aqui já está muito para além disso.
E isso de fazer adivinhismos sobre o gosto que o Walker Evans teria ou não pela manipulação digital, da verdade ou não do fotojornalismo, porque, ainda que sem intenção, ajuda a limpar o cocó do Edgar, não cola.

Anónimo disse...

Ok, chegou a altura em que os amiguinhos começam a limpar as botinhas do menino, ou, se calhar é ele mesmo quem as escreve... quem sabe?

José Júpiter disse...

De facto há muitas conclusões a tirar de toda esta história. Mas ainda não vi ninguém comentar o facto de só agora isso se tornar notório. O que mudou? A maior parte das imagens do Edgar Martins feitas até hoje tem clonagem, por vezes bastante óbvia. O "Topologies", editado pela Aperture, é um catálogo extensivo desse tipo de técnica e não duvido que suas (?) declarações de que as imagens não tinham pós-produção foi um artefacto de marketing.

Nunca acreditei que as imagens não tinham pós-produção. É demasiado evidente nas que têm um efeito de simetria perfeito. Mas nem por isso deixei de gostar (muito) delas. Por vezes tendo a ser um "pixel peeper" e no caso das imagens do Edgar, nunca senti necessidade de averiguar a questão da clonagem. Só pode significar uma coisa: o trabalho sobrepõe-se à técnica e é isso que importa, não?

Sempre vi as imagens do Edgar Martins como vindas de um artista visual, não de um fotógrafo, muito menos de um foto-jornalista. O que se passou é que não estávamos habituados a ver as suas imagens neste último contexto, fora das paredes do circuito das galerias de arte.

Por isso, fiquei surpreendido que uma das maiores "debulhadoras" de informação dos EUA tenha contratado um artista para aquele trabalho específico.

Apesar da histeria colectiva à volta do Edgar Martins há uns meses atrás, tão bem alimentada pela "overdose" dos meios de comunicação social, percebo agora a importância de ter ignorado parte desse fenómeno e da "procissão" de insultos e de idolatrações que se lhe seguiram (na Internet). Parecia o Natal: muita gente às compras mas pouca gente a celebrar razões mais nobres. Não, não sou minimamente religioso.

Também não estou a defender o jovem Edgar ou o mecanismo de marketing por trás dele. Não o conheço e estou mais interessado no que tem para mostrar do que no que tem para dizer. Toda esta barulheira, em parte previsível, em parte legítima, só vai servir para o tornar mais famoso e ainda mais vendável. Se o silêncio é de facto a alma do negócio, palpita-me que há alguém que não se vai justificar mais. Mas...

Mas o castigo é que agora irão todos olhar para as suas imagens como se estivessem a ver um livro do "Onde está o Wally?". Ou será que era mesmo isso que ele queria? Vou ali buscar o "Topologies" e vê-lo de outra forma. Pode ser que me arrependa do que acabei de escrever. :)

Olha... Não mudei. Gosto mesmo da maior parte das séries de artista dele. Quanto ao resto, não poderia estar menos interessado.

Anónimo disse...

Espero que o José Júpiter não esteja a pensar mudar de carro.
Pode comprar um 2.0 Tdi e afinal é um 1.4, mas como é bonito e andam os dois a gasóleo está tudo bem...

mário venda nova disse...

pronto, resvalou completamente...
à força de manter o anonimato dos meninos e mesmo com moderação de comentários assistimos em directo à comparação de Edgar Martins e suas obras a um carro 2.0 Tdi! Fabuloso, espantoso e revelador de algum nível intelectual que a coberto do anonimato vem mandar arrazoadas destas.

José Jupiter, vamos lá por partes. Primeiro acho que isto tem algo a ver com o mérito de Egar enquanto artista mas tem mais a ver com o seu carácter enquanto pessoa. Como artista gosto de algumas coisas dele e falta-me chegar a um consenso comigo próprio à cerca da sua obra, uma coisa reconheço teve uma ascenção meteórica (e espero que não tenha uma queda equivalente). Mas no fundo é difícil dissociar estas duas vertentes, como encaras o artista sabendo que a pessoa te pode enganar a qualquer momento? E digo-te como comissário adoraria trabalhar com ele, porque não? Mas digo-te que ficava muito atento a tudo que me entregasse e ficava de olho nos detalhes todos, isso era garantido.

Dito isto, é altura de ele falar mas começo a recear que ele não o vai fazer, lamentavelmente e contra a opinião que mantenho: o silêncio neste caso vai ser demolidor. Não sei como a Aperture vai encarar isto ou se o livro está com algum boom de vendas, não sei. Vai ser o livro 'onde pára o Wally' com mais arte de certeza :)

As explicação que dá são um pouco vagas e muito, muito esfarrapadas. Se queria gerar discussão conseguiu um golpe publicitário impecável mas que é capaz de fazer ricochete de uma forma inesperada para ele.
A ver vamos.

Anónimo disse...

Sinceramente sempre achei ridiculo desde o inicio que o Autor destas fotos se referi-se... vá lá... assim num estilo de "mais valia"... que as suas fotos não eram manipuladas digitalmente. Uau. Sinceramente não me interessa se são ou não. O facto de ele referir e achar importante referir isso diz-me mais sobre o autor do que as fotografias propriamente ditas, só o facto de achar que é importante deixa-me desconfiado. Se diz que não faz e faz então é um vigaro, se às vezes não faz e diz que não faz também devia dizer que faz quando faz. Senão a malta não percebe nada e depois dá nisto. Quanto às fotos em causa... sinceramente não acho que o autor tenha tentado enganar ninguém... é tão obvio que valha-me deus... a menos que seja mesmo burro de todo, ou então se calhar nem as viu... mandou o técnico fazer, só pode ser isso, não era o primeiro. Quanto ao facto da revista ou jornal ou lá o que é não ter reparado diz tudo de quanto esta gente percebe da poda... bué... "ó pá não reparaste? Eu não, a mim disseram-me que era de um gajo famoso", ó pá assim não dá, duplicar umas grades? Se ainda fosse puxar umas nuvens pra dar um dramatismo a uma coisa que não teve dramatismo nenhum... isso sim era fotojornalismo de qualidade agora grades duplicadas por favor."
Foi preciso vir um informatico para ver o que toda a gente já tinha visto. O rei vai nu. Neste caso por estupidez não pela mal amada manipulação digital. Que deus nos livre dela.
Não percebo nada de fotografia nem sou fotografo mas cheiro cromos e moralistas a milhas.
Quem fez dele um génio à base do "é pá como é que ele faz isto sem manipulação digital?" merece agora que se queime até às ultimas, quem o levou para cima simplesmente porque via nas fotografias alguma coisa de especial... coitado só pode lamentar por haver um cromo tão grande a fazer boas fotografias... o que também prova...
Eu nunca vi nelas grande coisa, mas para quem gostar da serie topologies aconselho vivamente os catalogos da getty images. Muito bons. Principalmente as series artisticas.

Anónimo disse...

Não percebo como a maioria das pessoas ainda não tinha dado por este logro! Claro que nem todos percebem de fotografia, mas há provas mais do que evidentes em vários trabalhos desta trapalhice (vejam o bloco de gelo numa série a ser repetido em duas imagens, por exemplo). Não há qualquer problema em alterar imagens, dependendo do contexto, obviamente!
Há é um problema em afirmar que o processo de trabalho é de forma, quando descaradamente é de outra. Este senhor aprendeu muito marketing em Londres e isso tem-no levado longe. Mas os EUA não reagem da mesma forma que no RU. Se acompanharem a discussão por lá vejam a revolta que eles sentem.

José Cartaxo disse...

O Sr. Edgar Martins pode dar as voltas que quiser à questão, mas isso não altera o facto de ter sido desonesto. Ainda por cima no NYT, cuja política editorial para a fotografia é sobejamente conhecida por ser muito restritiva - e ainda bem.
É evidente que quando um fotojornalista escolhe um determinado enquadramento e não qualquer outro, para para contar a história que vê acontecer, está a fazer uma determinada construção a partir de um facto. Ora, essa questão nada tem de novo e a discussão está encerrada há décadas. Mas pôr num enquadramente algo que não estava lá é uma coisa completamente diferente, que nada tem a ver com o fotojornalismo, espera-se... Senão, é todo o jornalismo que fica posto em causa.
Realmente, como já aqui se escreveu, é pena que o «Público» tenha dado cobertura ao Sr. Martins, sem ter ouvido o New York Times. Mais: é pena que o diário português tenha dado cobertura ao Sr. Martins, ponto.

 
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