18 abril, 2009

Riboud

Marc Riboud, Peintre de la tour Eiffel, 1953, Paris
© Marc Riboud


O (meio) século XX de Marc Riboud

Sérgio C. Andrade
(P2, Público, 18.04.2009)

Em Novembro do ano passado, por entre a multidão de jornalistas e correspondentes que acompanharam a eleição de Barack Obama para a presidência dos Estados Unidos, estava um velho senhor de cabelos brancos, 85 anos, que não quis deixar de registar o acontecimento com a sua câmara fotográfica, como o fizera inúmeras outras vezes, ao longo do último meio século, em diferentes partes do mundo. O fotógrafo em causa é o francês Marc Riboud (n. 1923), um nome fundamental da fotografia do século XX, nomeadamente através da sua ligação à agência Magnum, de Henri Cartier-Bresson e Robert Capa.

Uma exposição retrospectiva da obra de Marc Riboud pode ser visitada em Paris, no Musée de la Vie Romantique, até 26 de Julho. Chama-se O Instinto do Instante - 50 Anos de Fotografia e traça, em mais de uma centena de imagens, o percurso aventuroso deste autor para quem a fotografia, "mais do que uma profissão, foi sempre uma paixão muito próxima da obsessão" (diz ele, na abertura do seu site em http://www.marcriboud.com/).

No museu parisiense estão expostas inúmeras das fotografias mais conhecidas de Riboud (verdadeiros documentos históricos), muitas delas inéditas e outras em provas vintage. Entre elas encontram-se, claro, as do pintor da torre Eiffel - que, em 1953, valeram a Riboud a entrada para o "clube" restrito de Cartier-Bresson e Capa -, e as das duas jovens, empunhando uma flor perante os militares em Washington (1967) e levantando o punho, às costas de um manifestante, nas ruas de Paris (1968), que simbolizaram os importantes movimentos sociais e políticos que marcaram esse final da década de 60, nos dois lados do Atlântico.

Mas a câmara de Marc Riboud fotografou também, antes e depois destas datas, os principais protagonistas e os grandes acontecimentos políticos verificados na China e Índia (anos 50), a descolonização da Argélia e de outros países de África, ou ainda a Guerra do Vietname, ajudando assim a fazer o retrato da segunda metade do século XX.

Ao lado destes registos mais históricos, a exposição dá ainda a ver a faceta mais pessoal e íntima da vida deste "homem honesto e corajoso, poeta tão interessado pelo homem como pela natureza, e com uma sensibilidade sempre vigilante e vibrante de ternura e de humor", diz a escritora Sophie Nauleau, no catálogo que acompanha a exposição.

O Instinto do Instante - 50 Anos de Fotografia, de Marc Riboud
Musée de la Vie Romantique, Paris
Até 26 de Julho

1 comentário:

Alexandre Belém disse...

Marc Riboud esteve em Porto Alegre (Brasil) para participar do FestFotoPoa no final de abril. Na ocasião, acompanhei Riboud por um passeio fotográfico pelo centro da cidade. Simpático, gentil, engraçado, Riboud conquistou todos por aqui. Tem umas fotos no meu blog: http://www.olhave.com.br/blog/?p=1948

 
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