Rita Barros nasceu em Lisboa. Tem um mestrado em Art in Media; Studio Art, da New York University/International Centre of Photography, e uma licenciatura em Photography, da SUNY (State University of New York). Tem retratos e paisagens urbanas publicadas em vários jornais e revistas. Expõe individualmente desde 1992. A série Quinze Anos: Chelsea Hotel é um dos principais marcos da sua carreira. Mostra actualmente o trabalho Wall, na Casa da Cerca, Centro de Arte Contemporânea, em Almada, e participa na exposição colectiva Artistas Portugueses Lá Fora, no Museu da Electricidade, em Lisboa. Vive e trabalha em Nova Iorque.
Por que é que fotografas?
Fotografo pela mesma razão que me levanto todos os dias, tomo um duche, um café. Não por hábito, mas por ser assim que vivo e que encaro o mundo. A fotografia, para mim, é uma conversa que mantenho, uma maneira de comunicar através das cores e formas e que ultrapassa a dislexia e a confusão do significado das palavras.
Em Wall, a maleabilidade do corpo é um contraponto à força pictórica e imutável de uma superfície plana. Esta coreografia táctil que ambiciona superar os limites da física é também uma tentativa de transportar a tua fotografia rumo a universos narrativos mais ficcionais?
Tenho uma forte ligação à narrativa: contar uma história, exprimir uma ideia que não tem de ser objectiva. Em Wall continuo uma ideia iniciada em 2000: através de uma sequência de acções conto uma história de uma forma puramente visual e sem o apoio da escrita. Os títulos são as “pistas” para a ideia que é desenvolvida. No caso de Wall, a parede serve de metáfora e apoio para uma queda e um querer transcender o real. Tenho também uma grande ligação com a literatura o que tem decididamente influenciado o desenvolver destas histórias que conto.
Desde 2000 que crias pequenos livros fotográficos artesanais de tiragem muito limitada. Que importância atribuis a estes objectos? O que é que te leva a produzi-los?
Foi depois de ter feito o livro sobre o Chelsea Hotel que decidi que o formato da edição era ideal para apresentar narrativas que ficam contidas num espaço delimitado criando assim uma experiência intimista: um livro. Como objecto que é, o livro carrega toda uma sensualidade do ser tocado e o leitor ao manuseá-lo participa no movimento da narrativa. Também é importante o facto de os meus livros serem construídos à mão e de haver um envolvimento total e físico nesta criação (contrariamente às edições de tipografia). Cresci rodeada por livros com encadernações muito bonitas. O meu pai era um colecionador que partilhava a sua paixão e que me fazia apreciar a beleza e raridade das suas aquisições.
1 comentário:
Gosto de ler este item.Especialmente quando surge a questão, "Por que é que fotografas?". As respostas são tão singulares e diversas como cada um, não tenho sobre as mesmas qualquer juízo de valor, mas ouve uma resposta que me ficou na memória:
"A fotografia é apenas uma desculpa para um outro segredo." (Daniel Blaufuks)
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