© Duarte Belo
Duarte Belo já tinha fotografado a matéria escura que envolve o espaço do Vulcão dos Capelinhos. Mas, em 2007, voltou à ilha do Faial com outro ritmo para captar a ambiência de um lugar que cresceu da terra como um abcesso. No ano passado, a Assírio & Alvim publicou em livro o resultado dessa estadia. Na semana passada, a Kgaleria inaugurou a exposição Fogo Frio, uma selecção de fotografias feita por Valter Vinagre. Kathleen Gomes escreveu um texto no P2 sobre a mostra, aqui.
Alexandra Lucas Coelho apresenta este trabalho assim:
“Silêncio
Não há um intruso nas fotografias do Duarte. Ele vê como se ninguém estivesse a
ver aquilo. Então é assim que as coisas são quando estão sozinhas.
No Vulcão dos Capelinhos as coisas estão antes de nós. O mar abriu um buraco
negro e de repente coincidimos com uma paisagem que ainda não sabe da nossa
existência. Dorsos altos com encostas cobertas de minerais, ocres, brancos,
vermelhos, azuis. Ao meio-dia, cega, de tanto brilho.
Todos os dias o vento leva a sua parte. Nenhuma pergunta, nenhuma resposta. O
lugar não fala e vai desaparecer.
Então é assim que as coisas são quando estamos sozinhos.”
Alexandra Lucas Coelho (Faixa de Gaza, 31 de Janeiro de 2009)
2 comentários:
Gostei do texto. Proliferam as fotografias mas por vezes faz falta reflectir sobre as mesmas. Ou que reflictam algo.
No deserto só o espaço: "Nenhuma pergunta, nenhuma resposta". Pode até haver uma pergunta que logo se desfaz amargamente, porque não tem uma resposta. Se escreveres alguma coisa na areia do deserto, é como escreveres à beira mar, sobre a terra molhada: "Amo-vos". Dura um segundo.É tudo levado. Tudo efémero! Talvez os livros sejam menos.Como alguns empregos. Sobretudo quando não são interessantes e custam.
Continuo à espera de mais fotografia falada, sem aspas, a nu portanto, do mentor deste blogue. Ou feita de palavras que é ainda mais desafiador e original.Mas talvez seja como esperar pelo rei Sebastião!
Estou a brincar! O seu blogue como divulgação é muito bom.E também lhe aprecio o empenho, que faz com que surja nele qualquer coisa nova todos os dias.Vendo bem, dentro da especificidade que lhe é própria, é versátil, dinâmico.Também o ando a seguir, só que ainda não tinha dito nada. Comigo, somos 67 ( às 18.58)
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