02 dezembro, 2008

=ColecçãoàVista= 1

Desde a última remodelação do Público que o P2 divulga, todos os dias, um texto e uma imagem referentes às colecções de museus e instituições públicas nacionais. Algumas destas peças são facilmente reconhecíveis porque fazem parte das exposições permanentes, mas outras raramente foram vistas em público. Há cerca de um mês, chegou a vez da fotografia e da Colecção Pública de Fotografia que está à guarda do Centro Português de Fotografia. Este espólio começou a ser organizado (e comprado) em 1989 por iniciativa da Secretaria de Estado da Cultura de então que pretendia assinalar os 150 anos do anúncio oficial da invenção do suporte fotográfico. Jorge Calado foi responsável pelas aquisições e comissariou uma exposição, em 1990, que reuniu 152 fotografias das 346 que até então tinham sido reunidas. São desse conjunto as imagens publicadas diariamente nas páginas de abertura do P2 e que o Arte Photographica reproduzirá também semanalmente a partir de hoje. Os textos são da responsabilidade do CPF.

(...) colecção pública não apenas no sentido ingénuo de estar aberta ao povo para visita, mas principalmente no sentido nobre do termo, de ter sido feita com o dinheiro de todos nós, e a todos pertencer. Colecções públicas são as do Estado e acabou. (...)

Jorge Calado, in 1839-1989 Um Ano Depois, SEC, 1990, Porto


Jorge Henriques, s/título, anos 1970
© Centro Português de Fotografia/DGARQ


Jorge Henriques (1912-1988) cresce na Lousã, conclui o liceu em Cernache de Bomjardim e entra para a Faculdade de Ciências de Coimbra, nos Preparatórios de Medicina. Tendo reprovado, é-lhe exigido pelo pai que regresse. Recusa tal imposição e vai para Lisboa trabalhar como funcionário público. Em 1943 vem prestar serviço para o Porto. No início dos anos 50 Henriques começa a fotografar. Tinha quase quarenta anos quando resolveu destinar as manhãs de domingos e feriados à actividade. Até ao meio-dia, percorria com a sua câmara o Porto ribeirinho. Procurou a autenticidade da cidade, tendo na mira o rio, o conjunto de mulheres e crianças, e a luz que rasga as suas fotografias. Soube aproveitar o efeito da contra luz para definição da imagem que queria colocar no seu cenário.
(texto: CPF)

1 comentário:

Anónimo disse...

As palavras de Jorge Calado sao sempre inspiradoras.
E esta divulgacao desta coleccao um trabalho importante para a consciencializacao da fotografia portuguesa.
Obrigado!

 
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