21 outubro, 2008


entre aspas

Al Berto, 1996
© Luísa Ferreira

Quem está aí para morrer?
Quem está aí para a travessia dos vastos oceanos?

Resíduos de luas quebradas. O mar, é tão tarde sobre o mar. E na mesma morte somos a lua e o mar. O zinabre das sílabas que, a pouco e pouco, corrói o pensamento.

(A janela aberta, o copo de cerveja, a noite - sempre a noite ecoando passos, vozes, silêncios.
A mão, a tua mão quase líquida cercando o sexo. A língua na humidade doutra língua. O corpo celebrando a vida doutro corpo.)

Estremece o ar, a caneta, a tinta, os astros e o receio de quem parte sem dizer adeus.
Quem chegará depois de ti?
Quem nunca esteve aqui? - no resplendor do plâncton, por baixo da pele...

Quem regressou? - nesta imagem que aprisionou o firmamento do teu rosto, e com o tempo se desfaz...

Al Berto, Dispersos, Assírio & Alvim

1 comentário:

Anónimo disse...

Que abordagem tão diferente este retrato comparativamente com o que foi exibido dia 10.Interessante! A citação é também de outro género. Lá está, o outro era um retrato muito mais "arrumado", assim "como se deve estar". Este é uma abordagem subjectiva, assim, como livremente se sente. Tudo se alterou e o espírito da letra também mudou.

 
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