26 junho, 2008
antes de obama
John Mercer Langston foi o primeiro congressista negro pelo estado americano da Virgínia, o primeiro negro elevado a um gabinete público através do voto popular, o fundador do que viria a tornar-se a Faculdade de Direito da Universidade de Howard e um dos homens que, em meados do século XIX, mais lutou pelos direitos dos negros nos EUA. Anda toda a gente a dizer que Mercer "foi Obama antes de Obama".
Dizem os politólogos e os historiadores que entre o antigo congressista e o aspirante a presidente pelo partido democrata há ligações e semelhanças que nunca mais acabam. É como se tivessem encontrado uma espécie de fixador para as peças de um puzzle que parecia demasiado desconchavado, demasiado solto para fazer sentido. Vindo agora à baila, este relato soa a enquadramento histórico-paternalista - muito típico da América - para uma figura política que ainda parece um rookie, mas que pode muito bem sentar-se na cadeira do poder. Há uma necessidade de o encaixar em qualquer lado, de o arrumar numa categoria, digo eu.
As relações entre as carreiras e as histórias de vida destes dois personagens até podem ligar-se na perfeição. Mas se há coisa que os distingue é a forma como a imagem fotográfica os apanhou num e noutro tempo. E não é só por causa das colossais diferenças entre os suportes e as técnicas usadas. Parece-me que a grande diferença está na propaganda e marketing político que hoje atingiu níveis de sofisticação e delírio nunca vistos.
É difícil saber se Mercer, depois de sair do estúdio, andou a mostrar estas fotografias para ganhar votos. É mais do que provável que não. Mas, ainda assim, ao olhar para estas imagens (feitas a partir de negativos de vidro em colódio húmido) do "avô político" de Obama não podemos deixar de nos interrogar sobre a transformação dos usos do fotográfico na política.
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