18 junho, 2008

além-fotografia

Craig Wylie, K

O inglês Craig Wylie andou a pintar retratos a óleo da namorada, Katherine Raw, durante seis anos. Agora, a National Portrait Gallery de Londres atribuiu-lhe o BP Portrait Award, entre 1726 candidaturas de todo mundo. A descrição sobre o que é transmitido pelo quadro varia conforme se lê o depoimento do retratista ou da retratada. O primeiro diz que conseguiu representar bem a "tensão" deste momento. A segunda diz que não saiu muito favorecida, mas confessa a sua admiração pelo paradoxo entre um olhar "fulminante" e ao mesmo tempo "vulnerável".
O retrato de Graig Wylie foi baseado numa fotografia tirada em casa depois de um dia de trabalho igual a tantos outros. "Estava com fome e com frio", lembra Katherine.
Não conhecemos o grau de fiabilidade que o quadro a óleo tem em relação à fotografia que lhe serviu de matriz. Reconhecemos que passou da objectiva para a tela muito do realismo e do posar fotográficos, aqui carregados de dramatismo. Mas tudo isso é secundário porque ficamos muito mais emocionados com a intensidade da expressão do que com o pormenor das dobras do casaquinho de malha cor-de-rosa.
E é Wylie o primeiro a defender essa representação "além-fotográfica" ao afirmar que o quadro não é só uma amálgama de fotografias, mas o resultado de "experiências" e "memórias" que resultam tão simplesmente do facto de viver com a pessoa que decidiu retratar.

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