(col. Cinemateca Portuguesa)
A Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto e o Cinema Passos Manuel organizaram um ciclo de conferências que se propõe analisar e discutir as "alterações decisivas no modo de fazer e pensar a prática da fotografia em Portugal, quer pelo seu crescente cruzamento com o domínio das artes plásticas, como pela confirmação de um campo de investigação incontornável para a discussão da particularidade do meio fotográfico e do seu discurso próprio".
Paralelamente às conferências do projecto Prata - Reflexões Periódicas Sobre Fotografia será inaugurada uma exposição onde se "pretende estimular a criação e a experimentação junto de jovens autores portugueses, reflectindo a problemática da imagem fotográfica em consonância com as temáticas abordadas no seminário". O resultado destes dois momentos ficará registado num catálogo.
As inscrições custam 25 euros (comunidade UP - Universidade do Porto, docentes, não docentes e estudantes) e 35 euros (público em geral) e podem ser feitas aqui.
Programa:
#SESSÃO 01
09 de Abril de 2008 (4ª) – 21h00
Projecção do filme Olho de Vidro – Uma História da Fotografia, 1982, Margarida Gil (90’)
Conferencistas: Margarida Gil (realizadora); Margarida Medeiros (*); Tereza Siza
#SESSÃO 02
16 de Abril de 2008 (4ª) – 21h00
Projecção do filme Genérico Manifesto/Aurélio, 2006, Vítor Almeida (8’); Saída do Pessoal Operário da Fábrica Confiança; No jardim, 1896, Aurélio Paz dos Reis
Conferencistas: Vítor Almeida (Realizador) Emília Tavares
#SESSÃO 03
23 de Abril de 2008 (4ª) – 21h00
Projecção do filme Gérard Fotógrafo, 1998, Fernando Lopes (45’)
Conferencistas: Fernando Lopes (Realizador); Alexandre Pomar; Maria do Carmo Serén
#SESSÃO 04
30 de Abril de 2008 (4ª) – 21h00
Projecção do filme Lisboa, Cidade Triste e Alegre, 2005, Luís Camanho (44’)
Conferencistas: Luís Camanho (Realizador); Lúcia Marques; José Soudo; Mário Moura
#SESSÃO 05
07 de Maio de 2008 (4ª) – 21h00
Projecção do filme Por Aqui Quase Nunca Ninguém Passa, 1999, José Neves
Conferencistas: José Neves (Realizador); Delfim Sardo (*); José Bragança de Miranda
#SESSÃO 06
14 de Maio de 2008 (4ª) – 21h00
Projecção do filme Pintura Habitada, 2006, Joana Ascensão
Conferencistas: Joana Ascensão (Realizadora); Isabel Carlos
(*) a confirmar
6 comentários:
Tenho pena de não poder assistir, pela distância... Um tema que me interessa e preocupa particularmente:
"...a prática da fotografia em Portugal, quer pelo seu crescente cruzamento com o domínio das artes plásticas..."
Na minha humilde opinião, este é uma tendência que não valoriza nem a Fotografia nem as Artes Plásticas. Aliás, é uma nova área onde se denotam as fraquezas das duas que a compõem. Interessante também será compreender a razão de ser desta mudança; uma tendência global? Uma necessidade de mudar incentivada por críticos e teóricos? E, com este aparente sucesso deste tipo de fotografia artística, qual o lugar da fotografia "pura"? Passa a ser uma Arte menor? O prémio BESPhoto é, sem dúvida, uma marca de todas estas questões...
Cumprimentos
Gostava de perceber onde surgiu esta noção de fotografia pura, quando toda a fotografia é uma manipulação (enquadramento, tipo de película, etc.). Acho que estas conferências são importantes para ajudar a esclarecer e quem sabe mesmo deitar por terra estes mitos. Um recente livro de Henri Cartier Bresson, muitas vezes erradamente classificado de purista, mostra diferentes ensaios de tomada de imagem e até mesmo "crops" em imagens que hoje são consideradas pragmáticas do chamado "instante decisivo". É importante ter acesso a estes documentos para percebermos as falsas ideias que se construiram à volta do discurso fotográfico.
Caro Carlos
Quando falei em "Fotografia pura" eu queria apenas designar os vários tipos de fotografia que não esta recente tendência de fotografar sem qualidade técnica, sem rigor de composição ou de impressão. Posso estar a ser demasiado fundamentalista, mas creio que deveria haver uma distinção entre a fotografia "clássica" e esta nova abordagem, que alguns amigos (fotógrafos) designam por "artistas plásticos que usam a fotografia como forma de expressão" (em oposição à fotografia "clássica"). Não querendo generalizar (decerto seria injusto para muitos), vejo trabalhos sem qualidade técnica, sem rigor na composição nem na impressão a serem caracterizados como fotografia artística quando, muitas vezes, são apenas tentativas de indivíduos sem capacidade técnica nesta Arte. A partir do momento em que qualquer fotografia "aleatória" pode ser considerada Arte, será meio caminho para a perda de qualidade na Fotografia. Observemos por exemplo revistas consideradas de referência como a "B&W Magazine" ou a "Lens Work" para apreciar a verdadeira fotografia; curiosamente (ou não), conheço fotógrafos portugueses já publicados nestas edições de referência e que por cá não recebem a atenção que mereceriam...
Talvez a "solução" (de um problema que se calhar só eu vejo?) seria adoptar uma designação diferente de Fotografia para estes trabalhos, já que estão mais perto das Artes Plásticas/gráficas. Até os trabalhos digitais já são designados por "Infografias" em determinadas publicações...
Obrigado pelo comentário!
(continuação, desculpe-me o autor do blogue)
Só para concluir a minha ideia, não pretendo ser mal entendido: se calhar, o que me choca nesta nova tendência é o facto de que se torna quase impossível distinguir o trigo do joio. Dado que o resultado final das imagens não exibe uma qualidade técnica evidente (o que, nalguns casos, será falacioso, já que terá sido intencional) e as composições passaram a ter maior liberdade, torna-se muito difícil saber se se trata de um fotógrafo com determinado objectivo artístico ou apenas um curioso...armado em "artista"... ;)
Ainda neste tema, recomendo a leitura do recente artigo de Alexandre Pomar: http://alexandrepomar.typepad.com/alexandre_pomar/2008/04/tinha-escritopr.html
caro mário,
se já sabe imprimir bem, liberte-se homem!
A fotografia desde que nasceu, nnnca parou de evoluir, nem um instante.
Não houve nenhuma mudança súbita. Existem pixeis há 50 anos. Mas antes disso havia os mosaicos romanos, por exemplo.
Fotografia é uma coisa vasta e você está concentrado em 0,001% do assunto a dizer "isto é que é fotografia pura"!
Não queira fixar-lhe um momento algures no principio do Sec XX.
Deixe-a voar.
Se já não sabe "distinguir o trigo do joio", estude cada caso e use o seu descernimento.
Fundamentalismos não, Liberdade sim.
Paulo Torres, Loures
Enviar um comentário