02 fevereiro, 2007

*Três perguntas a...

© Vasco Araújo, Trabalhos para Nada - O homen que confundiu a sua Mulher com um chapéu, 2007 (Pormenor da instalação, fotofrafia c-print, 70x50cm)

Vasco Araújo. Nasceu, vive e trabalha em Lisboa. Tem formação em Escultura (FBAL) e em Artes Plásticas (Maumaus). Expõe individualmente desde 2000. Em 2003 ganhou o prémio EDP Novos Artistas. Usa o suporte e a linguagem fotográficas regularmente no seu trabalho que se centra no ficcionamento de personagens e de vidas paralelas. Foi escolhido para integrar a fase final do BES Photo por várias exposições em que participou e/ou realizou, entre as quais, Densidade Relativa (CAMJAP da Fundação Calouste Gulbenkian) e O que eu fui (Galeria Filomena Soares).

¿O que é que te dá a linguagem fotográfica?
A fotografia é o registo do passado que te dá a hipótese de falar no presente e projectar no futuro. Ou seja, ao usar sobretudo imagens que fazem referência ao passado, mesmo que ele seja relativamente próximo, obtenho uma universalidade capaz de estabelecer contacto directo com o público que as vê, não colocando assim as imagens ou os conceitos em causa. O que provoca uma reacção directa nesse público, criando-lhe, desta forma, a possibilidade de construir uma posição crítica.

¿As obras onde usas a fotografia sugerem uma dupla paragem do tempo. É para sublinhar a finitude? De nós? Das coisas?
Sim, é o sublinhar de uma história, de um passado. Todas as imagens levam-nos para um fim, que pode ser variado, mas invariavelmente é o da morte, a nossa última existência. No projecto que fiz na galeria Filomena Soares no ano passado, O que eu fui, uma instalação com fotografias de estátuas de cidade eram acompanhadas de som, pelo qual podíamos ouvir um texto, onde uma mulher quase a morrer fazia a análise em retrospectiva da sua vida, ironizando e, ao mesmo tempo, julgando a sua felicidade, organização e inteligência. As estátuas são o último monumento à humanidade, elas estão sempre presentes entre nós e quase nunca as observamos. O facto de as ter fotografado, sobretudo de tão perto, obrigava o público a tê-las como corpo presente onde uma voz lhes dava vida.

¿Que projectos te ocupam agora? Continuam a envolver fotografia?
De momento estou a preparar um projecto em vídeo para o Baltic Art Center, em Newcastle, em Inglaterra. Este projecto não tem directamente a ver com fotografia mas baseia-se também neste mesmo princípio que falei, o uso do passado para falar no presente e projectar no futuro. Vai chamar-se, About being different.

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