23 fevereiro, 2007


entre aspas


Menina (© Colecção Particular)

Não se pode crescer? Pode. Mas já não se é mais o mesmo. Qualquer de nós, ao olhar para uma foto antiga, de chucha e fralda, dificilmente reconhecerá no estranho o seu eu. Pode adorar, enternecer-se, mas na verdade é outra criatura que sorri na foto. As etapas do crescimento geram vários ‘eus’ na voragem dos anos. A sorte, ou o azar, também se repartem de modo desigual por essas fases. Só as fotografias fixam, para a eternidade, esses seres que a vida desfigurou noutros, revolvendo-lhes os hábitos, as vestes, os pensamentos.


Nuno Pacheco, Metamorfoses, Público, 22.02.2007

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