15 fevereiro, 2007

como um flâneur

Charles Nègre (1820 - 1880), Tuileries Statue: Boreas Abducting Orithyia, 1859, albumina (National Gallery of Art, Washington)

Paris é a cidade da arqueologia da fotografia. As primeiras chapas de metal não foram lá sensibilizadas, mas foi lá que o daguerreótipo - o processo fundador que ficou para a história - se estreou no registo do real com a ajuda da luz.
A exposição Paris in Transition: Photographs from the National Gallery of Art foi inaugurada recentemente em Washington para mostrar as transformações da cidade e a evolução dos processos fotográficos desde as primeiras imagens conhecidas até aos anos 30. A ideia é sublinhar também a importância de Paris como cidade fotografada e como porto de abrigo de muitos pioneiros.
A National Gallery of Art afirma que o percurso foi organizado na perspectiva de um flâneur, ou aquele que vagabundeia sem destino pelas ruas e praças. A viagem começa com imagens de ruas e arquitectura, ainda de olhar extasiado, de Henry Fox Talbot, Gustave Le Gray, Auguste Mestral e Charles Nègre. A seguir, a partir de fotografias de Charles Marville, Louis-Émile Durandelle e Hippolyte-Auguste Collard, mostram-se as profundas mudanças urbanas que o barão de Haussmann, sob as ordens de Napoleão III, introduziu na capital francesa. Vem depois Eugène Atget, o fotógrafo que viu a cidade para lá da sua identidade abstracta captando o que lhe é peculiar e individual – a vida do dia-a-dia. É aqui que estão também as imagens de Alfred Stieglitz. Para a última parte, as imagens da uma cidade dividida entre a “nostalgia do passado” e a “vertigem da modernidade” captadas por fotógrafos que assentaram arraiais em Paris: André Kertész, Germaine Krull, Brassaï, Ilse Bing e Jaroslav Rössler.
Mais imagens da exposição aqui.


Brassaï (1899 - 1984), Couple at the Four Seasons Ball, Rue de Lappe, Paris, c. 1932 (National Gallery of Art, Washington)


Paris in Transition: Photographs from the National Gallery of Art
The National Gallery of Art, Washington

Até 6 de Maio

1 comentário:

SkinStorm disse...

Paris passou da arqueologia da fotografia, ao lugar da Europa onde não se pode fotografar desconhecidos na rua sem ter um processo em tribunal.
Se tivessem nascido hoje, muitos dos fotografos que citou não tinham deixado obra. Sinal dos tempos.

 
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