Daniel Barroca, fotografia anónima encontrada na rua, sem data
Daniel Barroca. Artista plástico de Lisboa. Expõe actualmente na Galeria Baginski a série de vídeos Vazio e um conjunto de desenhos. Os três vídeos apresentados foram captados em locais distintos e privilegiam a saturação digital criada pelo zoom, pelo desfoque e pela manipulação de cor e velocidade.
Texto de apresentação da exposição em pdf.
¿Acredita na capacidade das imagens para “invocar” o que “não tem nome e que é vital”?
É uma coisa muito religiosa. Há uma necessidade de que isso seja possível. Continuamos a ter necessidade de ter uma vida espiritual.
¿Que critérios usa para perceber que as imagens lhe estão a mostrar aquilo que nunca se viu?
Não sei se nunca se viram. Eu é que nunca as vi. Tem a ver com a utilização da imagem para ir percebendo como é que se formou a minha sensibilidade, como a influência da fotografia, ou das coisas exteriores a nós, aquelas que nos vão ensinando a olhar para o mundo (e a fotografia é importante quando falamos sobre isso, porque é um suporte que nos vai enquadrando o olhar, nos vai formando a sensibilidade, tal como a televisão e o cinema o fazem). No meu trabalho uso as imagens para perceber como é que isso funciona sobre mim e para encontrar uma espécie de vias de escape, uma brecha nesse cenário. Agarro nas imagens para perceber como é que elas se posicionam, como é que elas são. Para perceber como é que elas agem sobre mim e como é que eu posso agir sobre elas. Uma imagem que me satisfaz é aquela que tem a capacidade de me revelar alguma coisa que eu não sabia. E aí estou a dar e receber ao mesmo tempo.
¿Que suporte melhor se adapta a esta tentativa de mostrar “as coisas concretas da vida”?
É pelo desenho. Muito contaminado pelo olhar da fotografia. Não procuro uma forma de lidar com isso muito racional. O desenho é uma coisa que acontece muito naquele momento não é uma coisa muito planeada. Não tem a ver com fazer imagens ou vídeo e depois editá-las e conviver com elas muito tempo. O desenho é uma coisa muito mais imediata. Tem um imediatismo muito diferente da fotografia, mas quando falo do imediatismo no desenho estou a considerar a fotografia nessa relação.
Daniel Barroca, Vazio #3 (film still), dv, cor, stereo, 6`40, 2006
Vazio, Daniel Barroca
Galeria Baginski, R. da Imprensa Nacional, nº 41, c/v esq.
De ter. a sáb., das 14h00 às 18h00
Até 21 de Dezembro
Sem comentários:
Enviar um comentário