25 agosto, 2006

Rever


Para quem perdeu a oportunidade de ver a exposição Densidade Relativa no Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão (CAMJAP) pode agora apreciá-la no Centro de Artes de Sines e no Centro Cultural Emmerico Nunes, em Sines, até ao dia 29 de Outubro. Para além de dar a conhecer ao grande público as aquisições feitas pelo CAMJAP nos últimos quatro anos, a mostra pretende estabelecer um diálogo com trabalhos mais antigos da colecção. O suporte fotográfico é um dos mais representados com obras de Helena Almeida, Vasco Araújo, António Júlio Duarte, Eurico Lino do Vale, José Luís Neto, João Vilhena, entre outros.

A Fundação Calouste Gulbenkian explicou o conceito de Densidade Relativa desta forma:

"A ideia de trabalhar o conceito de densidade das obras começou por surgir com a constatação de que a palavra é muito frequente nos textos de crítica de arte. O mesmo acontece com a palavra "intensidade", que facilmente se associa à primeira. Rapidamente se percebe que "densidade" pode ser sinónimo de riqueza ou de impenetrabilidade, quando não se refere mais literalmente à acumulação de elementos no espaço, por oposição ao vazio ou à rarefacção. O pensamento em torno destas variantes conduziu à percepção de que o conceito poderia ser útil no estabelecimento de um contínuo entre a "matéria" do pensamento e a dos corpos e objectos, neste caso, a das obras de arte.

Partamos do princípio de que o encontro pessoal com uma obra possa ser uma experiência mensurável em intensidade.

Sabemos, por experiência, que uma obra nos pode ser indiferente, repelente, atraente, intrigante, perturbadora, apaziguadora...e em diferentes doses. No caso de ser uma obra de arte, acrescenta-se a tudo o que a caracteriza como imagem, objecto ou situação, tudo o que lhe determina a condição artística: uma intenção de que o seja, por parte do seu autor, um contexto expositivo, um estatuto socialmente atribuído e uma série de dispositivos, nem sempre consensuais e que dificilmente se enumeram com rapidez ou sem problematização, próprios da aparente excepcionalidade do seu território.

Imaginemos que a intensidade de cada experiência (estética, cultural) diante duma obra é determinada, em boa parte, pela sua densidade. Densidade/Intensidade - seria esta a relação. Para tal seria necessário encontrar medidores de densidade, fazer uma densimetria das imagens. E em consequência, também uma densimetria da experiência (mais ou menos intensa) do confronto com elas.

A objectividade, apesar de tudo possível, de um olhar atento a estes aspectos, não nos pode fazer esquecer que é a existência duma relação com a obra que lhe dá forma. É a relação de alguém com a obra que opera qualquer passagem da suposta objectividade a todas as gamas de subjectividade, que o mesmo é dizer, de mundo pessoal acrescentado àquele que a obra propõe. Nesse sentido, todos os medidores de densidade propostos terão o seu simétrico no universo de quem se dispõe a uma leitura. É necessário, por isso, pensá-los nesse lugar de encontro onde um lado e outro se fundem e com consciência da inter-relação em jogo."


Centro de Exposições do Centro de Artes de Sines
Todos os dias, das 14h00 às 20h00
Centro Cultural Emmerico Nunes
Todos os dias, das 14h00 às 20h00
Entrada livre

Sem comentários:

 
free web page hit counter