17 abril, 2012

Mauro


Lubumbashi 26b,
Mauro Pinto

O fotógrafo moçambicano Mauro Pinto é o vencedor da 8ª edição do BesPhoto, cujo prémio pecuniário ascende aos 40 mil euros. Os restantes artistas nomeados eram Duarte Amaral Netto (Portugal), Rosangela Rennó (Brasil) e Cia de Foto (Brasil).

A exposição com os trabalhos dos quatro finalistas pode ser vista até 27 de Maio no Museu Colecção Berardo (Centro Cultural de Belém, Lisboa). Depois será apresentada na Pinacoteca de São Paulo entre 16 de Junho a 5 de Agosto de 2012.

Mauro foi reconhecido com o trabalho Dá Licença, que mostra o interior de casas do bairro da Mafalala, em Maputo, onde viveram muitos dos que protagonizaram a independência moçambicana.

O júri que atribuiu o prémio era composto pela canadiana Dominique Fontaine (curadora, investigadora e assessora cultural da plataforma POSteRIORI, em Montreal), o belga Dirk Snauwaert (curador e diretor do Wiels Arts Center for Contemporary Art, Bruxelas, membro do júri do prémio Edvard Munch Award for Contemporary Art, Noruega) e o alemão Ulrich Loock, professor e curador independente, director do Kunsthalle Bern e do Museu de Serralves. O prémio foi atribuído por unanimidade.

Segundo o júri, citado num comunicado da organização, esta escolha “resulta da forma como esta série revela a entrega do artista à realidade das pessoas que habitam os espaços aqui retratados, ao mesmo tempo que transmite uma perspetiva histórica e sociológica da realidade contemporânea moçambicana através deste bairro da capital. É de destacar a forma como o artista utiliza a luz dando vida aos elementos presentes. Da cor aos objetos, é de realçar a capacidade com que o seu trabalho nos transporta para uma realidade habitada. Sem artifícios na sua essência, a consistência da apresentação do trabalho de Mauro Pinto foi um factor decisivo na escolha do vencedor. Igualmente relevante é o facto de terem sido tiradas cerca de mil fotografias, entre as quais, o artista selecionou o conjunto de doze que deu origem ao projeto expositivo apresentado.”

Helena Almeida foi a vencedora da 1ª edição, em 2004, José Luís Neto venceu em 2005, Daniel Blaufuks em 2006, Miguel Soares em 2007, Edgar Martins em 2008, Filipa César em 2009 e Manuela Marques em 2010.

Sobre o percurso de Mauro Pinto (texto: organização BesPhoto)

Mauro Pinto (1974) nasceu em Maputo, onde vive e trabalha. Dos primeiros contactos com o fotógrafo português Alexandre Júnior, durante a sua adolescência, surgem as primeiras experiências no domínio da fotografia. No final dos anos de 1990 fez um curso de fotografia na Monitor Internacional School (Joanesburgo), e, pela mesma altura, um estágio com o fotógrafo José Machado, assumindo desde logo como profissão a atividade fotográfica. Em 2002 integra pela primeira vez a PhotoFesta – Festival Internacional de Fotografia (Maputo), voltando a participar na edição de 2006. Em 2003 participa nos Rencontres de Bamako, Biennale Africaine de la Photographie e na coletiva Saudade de L’espoir (Ilha da Reunião). Em 2004 apresenta o seu trabalho na 35.ª edição de Les Rencontres d’Arles e nas III Jornadas África-Brasil (Brasília), e, no ano seguinte, no Fórum Social Mundial (Porto Alegre). Em 2006 integra a exposição Réplica e rebeldia, apresentada em Maputo, Luanda, Praia, Salvador da Bahia, Brasília e Rio de Janeiro. Participa ainda na exposição Vers Matola no Espace 1789 Saint-Ouen, em Paris. Em 2008 integra a primeira edição da bienal Picha! Les Rencontres de l’image de Lubumbashi. No ano seguinte, integra a exposição Maputo, a Tale of One City, que inaugura no Oslo Museum e percorre diferentes cidades da Noruega, e a 2.ª Bienal de Arte Contemporânea de Salónica. Já em 2010, participa mna coletiva Ocupações temporárias 20.10 (Maputo), no Festival mondial des arts nègres (Dakar), e na 2.ª edição de El Ojo Salvaje – Segundo Mes de la Fotografia en Paraguay, sendo o primeiro artista africano a integrar aquela mostra. A sua primeira exposição individual realizou-se em 2002 na Fortaleza de Maputo, destacando-se, as seguintes: Portos de convergência (Centro Cultural Franco-Moçambicano, Maputo, 2005), Lubumbashi interiores – exteriores (Lubumbashi, 2007), Uma questão de Estado (Rua D’Arte, Maputo, 2010); e, em Portugal, Maputo – Luanda – Lubumbashi (Influx Contemporary Art, Lisboa, 2011).

1 comentário:

Ricardo Silva Cordeiro disse...

Gosto bastante do portfólio vencedor, mas talvez goste ainda mais do facto de ter sido premiado um trabalho documentalmente relevante e tão honesto e directo na abordagem, contradiando uma certa tendência para a hiper-conceptualização tão comum neste tipo de prémios.

 
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