24 janeiro, 2012

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Alunas e professoras na Escola Primária de santa Luzia na década de 1920


Revisitar Guimarães para lá das muralhas
Sérgio C. Andrade
(P2, Público, 16.12.2011)

Chama-se A Cidade da Muralha, mas a intenção é que os vimaranenses não fiquem dentro de muralhas mentais passadistas, do género “nesta altura é que a cidade era bonita!”. Eduardo Brito apresenta assim a exposição de que é comissário, e que foi inaugurada no Centro para os Assuntos da Arte e Arquitectura (CAAA), em Guimarães, em mais uma iniciativa da Capital Europeia da Cultura.
A exposição mostra uma selecção de 124 fotografias das mais de seis mil que integram o espólio das antigas Foto Eléctrica-Moderna e Foto Moderna, que existiram na cidade entre 1910 e 1987, e que foi recentemente adquirido pela Associação Muralha.
Com a inauguração da exposição, é simultaneamente feito o lançamento do site do projecto Reimaginar Guimarães (www.reimaginar.org). Ao longo de 2012, aí será actualizado o trabalho de levantamento e digitalização deste espólio fotográfico, que, sendo na sua maior parte inédito, permitirá aos vimaranenses o reconhecimento da sua cidade e memórias.
No decorrer do levantamento, Eduardo Brito, um museólogo formado em Direito e também com experiência em fotografia, foi a certa altura surpreendido com uma fotografia da sua avó, dos anos 20. Esta situação vai certamente repetir-se com os vimaranenses que contactarem com estas imagens históricas.
A Cidade da Muralha “explora a relação de possibilidades infinitas que os arquivos sempre oferecem”, diz o comissário. Mas a sua preocupação principal foi “criar narrativas”. A mostra organiza-se em cinco eixos temáticos: começa com a cidade desaparecida (há imagens, por exemplo, do Teatro Afonso Henriques e da Igreja de S. Paio, já demolidos); passa pela cidade das pessoas no seu quotidiano, ofícios, festas e cultos; documenta acontecimentos e episódios (a visita de um cardeal não identificado aquando do Congresso Eucarístico de 1927, ou um exercício de bombeiros em 1909); testemunha como o(s) fotógrafo(s) da Moderna regressaram várias vezes aos mesmos lugares; e também o processo de construção da cidade que Guimarães hoje é, no seu espaço público e edificado. Durante a Capital Europeia da Cultura, o projecto Reimaginar Guimarães e o acervo da Muralha vão dar origem a quatro novas exposições, uma delas com os trabalhos fotográficos do arqueólogo Martins Sarmento, mas também os de figuras que saíram ou passaram por Guimarães, como o documentarista Silvino Santos ou o fotógrafo Antero Frederico de Seabra.



Operários numa fábrica de cutelaria não identificada na década de 1930

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