28 junho, 2010

PHE10 - 5 paragens. #2



Madres e hijas
© Adriana Lestido



Adriana Lestido mete-se dentro das histórias, não se limita a observá-las

O trabalho que Adriana Lestido (Argentina, 1955) tem desenvolvido ao longo dos 30 anos que já leva de carreira está impregnado de uma aproximação documental que se inclui dentro do género do fotojornalismo. As primeiras séries presentes na retrospectiva Amores Difíciles (a primeira mostra individual que apresenta em Espanha com obras captadas entre 1979 e 2007) denunciam muito directamente essa condição formal. Mas à medida que se avança rumo a trabalhos mais recentes, descobre-se uma procura de registos mais fugazes e diluídos, uma procura “pela vivência do tempo como um processo narrativo” que vai revelando uma visão mais poética e emotiva, “uma voz interior”.

A experiência da maternidade em situações emocionais limite tem formado um dos temas centrais da obra da fotógrafa argentina. Dentro desse universo que aborda a dificuldade de construir relacionamentos estáveis (Madres Adolescentes, sobre a solidão e o medo de uma maternidade antes do tempo numa casa estranha, Mujeres Presas, sobre os condicionamentos de ser mãe na prisão), onde é mais nítida a reflexão sobre questões sociais, surge um olhar mais pessoal acerca da “dificuldade de amar” e que se revela sobretudo nos projectos Madres e hijas, El Amor e Villa Gesell. Aqui, os sentidos e as experiências íntimas falam mais alto - a nitidez, o foco e o enquadramento perfeito foram ficando para trás. No primeiro trabalho, Lestido acompanhou durante quase cinco anos alguns altos e baixos do relacionamento de quatro pares de mães e filhas. Em El Amor (1995-2005) e Villa Gesell (2005) aparecem as vivências mais introspectivas e ligadas a uma tentativa de libertar as imagens de qualquer género ou tipologia estética. Lestido é “uma documentalista que não se dilui no género fotojornalístico e que procura um olhar interior, os aspectos mais emocionais que privilegiam os sentidos”, afirmou o comissário Santiago Olmo na apresentação da mostra.

Para Olmo, todas as séries apresentadas (um total de 159 fotografias) são “para ver e sentir”, porque Adriana Lestido “é uma fotógrafa que se mete dentro das histórias, não se limita a observá-las”.


Madres e hijas
© Adriana Lestido


Adriana Lestido, Amores Difíciles
Casa de América, Marqués del Duero, 2, Madrid
Até 29 de Agosto

1 comentário:

Anónimo disse...

Haverá uma fotografia feminina?

 
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