26 março, 2010

Público-20 anos de fotojornalismo (XIII)

© Adriano Miranda/Público

“Queres um desenho?”, a fotografia logo depois de acordar
Adriano Miranda, 2002


“Eu nem acreditei quando me disseram que ia fotografar o monstro do surrealismo português”. Encontro marcado – três horas. O artista dormia, num quarto surreal, claro. E para a entrevista preferiu não abandonar o leito, os seus metros quadrados mais íntimos. Logo aos primeiros disparos Adriano Miranda sentiu uma entrega total à objectiva, uma predisposição para se revelar, entre cigarros atrás de cigarros. Conquistou-se uma empatia e Cesariny lança: “Queres um desenho?”. “Talvez não, ofereço-te para a próxima quando nos voltarmos a encontrar…”. Adriano Miranda nunca mais encontrou Mário Cesariny. Perdeu o desenho do mestre, mas ganhou aquela que é, na sua opinião, a mais feliz e conseguida sessão de retrato que alguma vez realizou. Por esta fotografia sentimos que Cesariny nos topa bem. Mesmo de olhos fechados.

1 comentário:

Inexplicable disse...

isso é lindo.

 
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