05 fevereiro, 2009

valentina

© Manuel Luís Cochofel

O universo é ficcional e fragmentário, tão rarefeito quanto os pontos de cor intercalados que nos dão a ilusão de unidade. A trama à vista só serve para nos enganar ainda mais. Há uma personagem de eleição que não se identifica visualmente com precisão mas que se multiplica em espaços e situações que variam entre a mais pura banalidade das imagens caseiras e a tentativa de sedução pela pose. O convite para entrar no The Inner World of Valentina 170167 é de Manuel Luís Cochofel, que expõe um conjunto de 31 imagens na Galeria Pente 10, em Lisboa.


The Inner World of Valentina 170167, de Manuel Luís Cochofel
Galeria Pente 10, Lisboa
Até 21 de Março

3 comentários:

Paulo S. Carvalho disse...

Sempre pensei que o Cochofel estaria destinado ao sucesso. Acompanhei o seu trabalho no início, no tempo da escrita com luz.

Na sua presença nas comunidades "on-line", sempre se destacou pelos projectos que apresentava, pela qualidade das suas imagens e por uma humildade e colaboração com os outros fantástica.

Fico sinceramente satisfeito por estar eleito na Pente 10 e por a exposição dele estar destacada aqui.

jose gonçalves disse...

Luís Cochofel tornou-se num nome de referencia no mundo da arte. Utilizando o suporte fotográfico,tem vindo a apresentar trabalhos de boa qualidade, mas.....nesta exposição à algo que me deixou indignado.
Lúis Cochofel apresenta-nos imagens de sua autoria, mas tambem imagens de que se apropriou.
As imagens com trama, não são mais do que fotos, tiradas a fotos de pessoas, que colocaram os seus retratos num site de procura de parceiro.
Lúis Cochofel, usa estas imagens como se fossem suas, sem o conhecimento dos visados, vende algo que não lhe pretence, e para os quais nada pagou, mas acima de tudo, sem o conhecimento e consentimento dos visados.
O que diria Luís Cochofel se eu fosse ao seu site, agarra-se na minha maquina, fotografa-se uma ou mais imagens que lá tem, e as coloca-se numa galeria, chamado-lhes minhas ? O que faria a Galeia Pente 10, se eu começa-se a fotografar as imagens que lá expõem e apresenta-se uma projecto com essas mesmas imagens ?
Existe uma lei de direito à imagem, que aqui não foi respeitada, a galeria dá luz verde a este tipo de usurpação. Podemos em nome de uma suposta arte, usar a abusar do que outros fizeram ?
Luís não é autor das imagens "usurpadas". Os autores serão, os visados, caso se tenham fotografado, ou quem os fotografou,em estúdio ou nas suas casas.
Muitos diriam "os artistas sempre forma polémicos, isto é arte"
Pode ser que sim, eu chamo-lhe abuso e falta de ética.

Anónimo disse...

Caro José Gonçalves. Obrigado pelo seu comentário ao meu trabalho. Gostaria de lhe responder e, ao fazê-lo, iniciar quiçá uma interessante discussão sobre a questão da apropriação em Arte, pois eu acho-a uma questão apaixonante e muito naturalmente, polémica. Rejeito, desde já e para que fique bem claro, a acusação de falta de ética. Está bem claro a quem visite a exposição o processo de trabalho que utilizei nas fotografias patentes no primeiro andar: imagens não artísticas que eu de alguma forma transformei e que, ao colocar numa galeria, afirmo que são Arte. O meu papel em relação a estas fotos acaba mais por ser o de editor (de imagens que escolhi porque de alguma forma me atraíram) ou mesmo de curador. E esta é uma das questões mais abordadas pela Arte contemporânea: a apropriação e a descontextualização. Objectos ou imagens aparentemente sem interesse, ganham uma leitura absolutamente diferente pelo facto de terem sido manipuladas e colocadas noutro contexto ou noutra localização. Não fui eu que inventei o processo. Mas acho-o fascinante. Inúmeros trabalhos de apropriação estão hoje patentes em diversos museus e galerias pelo mundo fora. A começar pelo mais famoso de todos e que espero que o José Gonçalves conheça bem, o da “Fonte” de M. Duchamp, passando pelas imagens da Rainha de Inglaterra ou da Marilyn Monroe de Andy Warhol, ou pelas mais recentes apropriações de Richard Prince, uma delas muito falada na comunicação social por ter sido a fotografia mais cara de sempre vendida em leilão! De que se tratava esta última? De uma imagem de um anúncio da Marlboro de cavalo e cavaleiro, que R. P. fotografou, retirou as letras publicitárias, e colocou numa galeria. Tive oportunidade ainda este ano de ver uma sua exposição na Serpentine Gallery em Londres e que me fascinou! Inclusivé no panorama português temos alguns casos de trabalhos de apropriação de que gosto muito, como sejam o ‘a perfect day’ de Daniel Blaufuks com postais ilustrados dos anos 60, ou o excelente ‘anónimo’ e outros de José Luís Neto a partir de fotos de anónimos ou do fotógrafo Joshua Benoliel. E no fundo o que pretendi neste trabalho foi utilizar o conceito que, como já o disse, muitos outros já o fizeram. Como pelos vistos sabe e conhece o meu trabalho, nunca tinha feito um trabalho destes. Mas parece-me absolutamente legítimo fazê-lo. E acredite que muito provavelmente nenhuma das pessoas de cujas fotografias me apropriei se iriam importar pois uma das coisas que afirmo com o trabalho, é que algumas daquelas fotografias são muito interessantes. Nem faço qualquer juízo de valor sobre as pessoas e sobre o facto de colocarem fotografias na internet para procurarem parceiro. Aliás, preparo outra exposição para Abril com um trabalho de apropriação sobre fotografias de E. Muybridge e está o José Gonçalves desde já convidado :) Mais uma vez, não pretendo dizer que fui eu que fiz aquelas fotografias, mas sim que as alterei (da forma que verá) e que a sua leitura fica assim completamente diferente. Não mais ou menos interessante: apenas diferente. Espero ao mesmo tempo chamar a atenção para este tão interessante fotógrafo e para o contributo que deu não só para a fotografia, como para a ciência e até para o cinema com a técnica stop-motion. Ainda quanto à ideia de o José Gonçalves fotografar algumas imagens minhas está desde já à vontade, desde que encontre uma boa ideia para o fazer e que ao alterá-las, lhes dê um significado diferente em relação ao que lhes dei inicialmente :) Um abraço, Manuel Luís Cochofel

 
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